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Mãe vende o botijão de gás para comprar enxoval de bebê

Custo do insumo era muito mais alto do que ela podia arcar

Por Fernanda Nunes e Laila Nery

Quando descobriu que estava grávida do quinto filho, há um ano, a vendedora ambulante Admoura Bastos buscou em casa o que poderia vender para conseguir o dinheiro do enxoval do bebê. A escolha recaiu sobre o fogão e o botijão de gás. Em Salvador, onde mora, o botijão custa, em média, R$ 90 – muito acima do que Admoura poderia arcar. 

A alternativa foi construir um fogão a lenha, amassando barro com os pés no quintal de casa, no subúrbio da capital baiana. A madeira usada para aquecer a comida é encontrada no meio da rua, em lixeiras ou recolhida de árvore. Quem fica à frente do fogão, cozinhando no dia a dia, é sua filha de 12 anos.

A ambulante Admoura Bastos se desfez do fogão a gás, por causa do custo e por precisar de dinheiro extra para a chegada do quinto filho, no ano passado Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

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“Ela que é a dona da casa quando eu não estou. Fica o dia inteiro na boca do fogão fazendo mingau para a bebê. Ela assume mesmo, se incomoda com a fumaça. Os irmãos também tossem, mas ela é quem sofre mais”, contou a ambulante.

A pessoa que cozinha num fogão a lenha construído de forma rudimentar, como o de Bastos, consome tanta fumaça em um dia quanto um fumante de dois maços de cigarro, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Em Matuípe, interior da Bahia, a família da faxineira Marinês Rocha não compra um botijão de gás há quatro meses. Ela conta que pagou R$ 82 da última vez (hoje, passa dos R$ 100). Ainda assim, mantém um restinho no botijão para uma emergência. “Enquanto a situação em casa não melhora, a solução é cozinhar a lenha.”

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