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Ministro chama saque-aniversário do FGTS de ‘sacanagem’ e diz que reversão será enviada ao Congresso

Proposta de Luiz Marinho, do Trabalho, enfrenta debate interno por temor do governo de efeitos sobre os recursos depositados no fundo para financiar infraestrutura

Foto do author Mariana Carneiro
Por Mariana Carneiro
Atualização:

Promessa feita pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, assim que assumiu o cargo, o fim do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) está na fase final de avaliação no governo e deve ter uma proposta enviada ao Congresso em agosto, após o recesso parlamentar.

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Marinho afirma que o projeto já tramitou tecnicamente, mas ainda está em fase final de conclusão. “Deve ser em agosto, é o momento em que deve ficar pronto”, disse.

O saque-aniversário foi criado por lei em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, e permite que o trabalhador opte por desembolsos anuais, sempre no mês de seu aniversário. Em compensação, quando é demitido, o trabalhador não tem direito a acessar o saldo integral do fundo e apenas recebe a multa rescisória.

No início deste ano, segundo dados do FGTS, 28,6 milhões de trabalhadores haviam aderido à modalidade, e as retiradas somaram R$ 33 bilhões. Quem opta pela modalidade pode ainda contratar crédito no mercado tendo como garantia a antecipação dos saques. Foram R$ 20 bilhões antecipados em forma de crédito.

Marinho, do Trabalho, critica saque-aniversário por modalidade não permitir o acesso aos recursos remanescentes no fundo em caso de desemprego Foto: Adriano Machado/Reuters

Marinho afirma ser crítico da modalidade por ela não permitir o acesso aos recursos remanescentes no fundo em caso de desemprego.

“É uma sacanagem. O cara é demitido e não pode sacar o saldo do FGTS. Vamos mandar um projeto de lei corrigindo essa distorção. O fundo é de quem? Não é do trabalhador? Deve ser usado como socorro em caso de desemprego. Foi uma criação equivocada do governo Bolsonaro”, afirmou.

A decisão de enviar o projeto ao Congresso em agosto foi noticiada pela Folha e confirmada pela reportagem. Em maio, Marinho disse que a proposta seria enviada no segundo semestre.

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Segundo técnicos que acompanham a discussão na equipe econômica, há questões ainda a serem resolvidas. A preocupação é preservar os recursos depositados no FGTS, hoje usados no financiamento de projetos de infraestrutura, como habitação e saneamento. A mudança poderia levar a uma redução nesses recursos, por isso a discussão interna.

No conselho do FGTS, comitê que faz a gestão do fundo e é composto por representantes das centrais sindicais e de entidades empresariais, o diagnóstico é o de que há muitas reclamações dos trabalhadores em relação a esta modalidade ao mesmo tempo em que permitiu uma “fuga expressiva” de recursos nos últimos anos.

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