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CSN pode dobrar de tamanho nos próximos quatro anos, diz Steinbruch

Executivo diz que grupo deve realizar cinco IPOs no médio e longo prazos e confirma a possibilidade de vender 30% da CSN Mineração para atrair recursos, embora não seja seu desejo

Foto do author Jorge Barbosa
Por Jorge Barbosa (Broadcast )

O presidente da CSN e do Conselho de Administração da CSN Mineração, Benjamin Steinbruch, afirmou que o grupo pode dobrar de tamanho nos próximos quatro anos, considerando o potencial dos investimentos que estão sendo realizados na companhia. O comentário foi feito durante a realização do CSN e CSN Mineração Day.

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Para ele, a perspectiva é que o grupo deve realizar cinco IPOs (Oferta Pública Inicial, em português) no médio e longo prazos, considerando o crescimento das companhias.

“A ideia é ter cinco negócios listados em Bolsa, e a CSN ficaria em cima, esvaziada. A ideia é que cada uma fique independente, dando a opção para os investidores que querem se expor apenas no mercado de cimentos, ou em mineração, energia ou logística. E quem quiser acompanhar todos os empreendimentos, também terá essa alternativa”, afirmou.

O executivo reforçou ainda que manterá o compromisso com a desalavancagem ao mesmo passo em que a empresa avança em seu crescimento. “A nossa ideia é que nossas subsidiárias sejam companhias abertas, desde que mantenhamos o controle das atividades”, concluiu.

CSN é uma das principais indústrias siderúrgicas do Brasil Foto: Tasso Marcelo / Estadão

Ele afirmou que avalia a possibilidade de vender 30% da participação da mineradora para atrair recursos com foco no desenvolvimento de investimentos para a empresa. Por outro lado, ressaltou que, a princípio, não tem esse desejo. “Não quero vender 30% da CSN Mineração, mas existe essa possibilidade. Temos um acúmulo de ativos que podem ser monetizados se nos permitir maior velocidade nos investimentos”, afirmou.

Steinbruch afirmou que tem perspectivas melhores para a siderurgia em 2024. Segundo ele, haverá uma recuperação da atividade doméstica aliada à retomada de preços internacionais, fatores que devem impulsionar o desempenho no setor.

“Esperamos boas notícias na siderurgia em 2024. O ano de 2023 foi um ano difícil, dentro do que esperávamos. Acreditamos em uma normalização das nossas operações a partir de janeiro, com a produção voltando ao normal e temos a certeza que haverá redução de custos, aumento na quantidade e melhoria na qualidade dos nossos produtos”, afirmou.

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Segundo o empresário, o grupo CSN vai continuar investindo na diversificação da sua atuação e as empresas da holding vão buscar uma internacionalização dos negócios. “Temos um plano muito agressivo e diversificado de investimentos.”

Quanto aos negócios da mineração, Steinbruch reconheceu os resultados da CSN Mineração como fortes em 2023 e afirmou que a empresa continuará a reportar bons níveis de desempenho em 2024. Para ele, os negócios em mineração estão em um caminho “muito mais positivo” na comparação com a siderurgia, embora a perspectiva para o próximo ano seja de melhora para o setor siderúrgico.

No setor de cimentos, o executivo mencionou que a empresa aumentou a participação no mercado e registrou boa margem de rentabilidade. Ele acrescentou que haverá investimentos para setores correlatos, com futuras apostas no concreto, calcário, logística e mercados agregados à indústria de cimentos.

O empresário também manteve o compromisso com a continuidade de pagamento de dividendos, ao mesmo tempo em que cumprirá a promessa de manter a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda em duas vezes. Contudo, Steinbruch afirmou que vê uma distribuição de proventos menores por um curto espaço de tempo para que a empresa consiga avançar em seus investimentos.

Importações de aço

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O presidente da CSN afirmou que o governo brasileiro está muito atrasado em adotar políticas de defesa comercial para garantir a proteção da indústria nacional contra a forte entrada de aço importado no País.

Segundo ele, o Brasil tem medo de sentar para negociar com a China. Ele pondera, porém, que o governo brasileiro não deveria ter receio, pois a quantidade de aço chinês que chega ao País não é significativa na comparação com o total produzido pelo gigante asiático.

De acordo com Steinbruch, o volume de aço importado pelo Brasil é de 5 milhões de toneladas, em que 68% são provenientes da China. Por outro lado, a produção total chinesa é de 1,15 bilhão de toneladas, o que significa que o impacto de uma alíquota de importação a ser adotada no Brasil seria pequeno no mercado chinês.

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Por outro lado, ele afirmou que a produção anual de aço no Brasil é de 30 milhões de toneladas, em que 12 milhões de toneladas são exportadas.

“Temos como taxação um critério que vai de 10% a 16% para o aço importado. Já no México, na comunidade europeia, no Canadá e nos Estados Unidos, a taxação é de 25%”, apontou.

Steinbruch acrescentou que as siderúrgicas brasileiras, ao exportar aço, já pagam uma alíquota de 25%, enquanto o Brasil não impõe a mesma regra para outras empresas internacionais.

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