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Déficit em conta corrente é o maior para meses de maio em 9 anos

Resultado foi negativo em US$ 2,02 bilhões neste mês, ante os US$ 2,186 bilhões em igual período de 2001

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Por Adriana Fernandes, Fabio Graner e da Agência Estado

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, informou nesta terça-feira, 22, que o déficit em conta corrente de US$ 2,02 bilhões em maio foi o mais alto para o mês desde 2001, quando o resultado foi negativo em US$ 2,186 bilhões. Altamir ressaltou que o resultado do mês passado foi o menor do ano, refletindo a sazonalidade do período, já que o mês de maio concentra os embarques de grãos e commodities no geral, o que eleva o saldo comercial e reduz o déficit em conta corrente.

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A explicação para este mês de maio pior do que o de outros meses de maio, segundo Altamir, é o aumento de despesas com viagens internacionais, aluguéis de equipamentos e transporte, que refletem a melhora da economia brasileira.

O resultado, porém, representa uma melhora em relação ao déficit de US$ 4,583 bilhões registrado em abril, o pior para o mês desde o início da série do BC para esse indicador econômico. O déficit ficou dentro das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de -US$ 2,7 bilhões a -US$ 1,6 bilhão, mas veio pior do que a mediana prevista de -US$ 1,9 bilhão.

A melhora das contas em maio foi puxada pelo aumento do superávit da balança comercial. O superávit da balança comercial subiu de US$ 1,284 bilhões em abril para US$ 3,44 bilhões em maio.

Com mais exportações e importações, o Banco Central já projeta uma melhora no saldo da balança comercial. Na revisão trimestral das suas estimativas para as contas externas, o BC subiu em US$ 3 bilhões o superávit previsto para este ano, passando de US$ 10 bilhões para US$ 13 bilhões.

A melhora na projeção reflete o aumento das exportações previstas, que subiu de US$ 173 bilhões para US$$ 185 bilhões. Por outro lado, o BC elevou de US$ 163 bilhões para US$ 172 bilhões a sua projeção para importações em 2010.

No acumulado do ano, o déficit em transações correntes subiu para US$ 18,748 bilhões, o equivalente a 2,35% do Produto Interno Bruto (PIB).

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No mesmo período do ano passado, o déficit acumulado era quase três vezes menor de US$ 6,602 bilhões. Em 12 meses até maio o déficit subiu para US$ 36,448 bilhões ou 1,94 % do PIB.

Tranquilidade

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, tentou demonstrar tranquilidade com o déficit externo brasileiro. Segundo ele, apesar de ser elevado o número de US$ 49 bilhões de déficit em conta corrente previsto para este ano, em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB) o saldo negativo projetado não é tão grande: 2,49%. E ainda, segundo ele, é "perfeitamente financiável". Em sua história, o Brasil já conviveu com déficits externos de 4% e 5% do PIB.

Além disso, o técnico do BC destacou que o Brasil conta com um elevado colchão de reservas internacionais e convive com uma diferença estrutural no balanço de pagamentos, que hoje se ajusta com as flutuações da economia, reduzindo despesas quando a atividade econômica cai - ao contrário do passado, quando, mesmo em crises, as despesas com juros eram elevadas e levavam a crises de balanço de pagamentos.

Para Altamir, a tendência é que o déficit em conta corrente brasileiro nos próximos anos se estabilize nesse patamar, ou um "pouco acima" disso, mas sem ter uma trajetória explosiva. Na visão dele, a recuperação da economia mundial vai ampliar as exportações brasileiras, estabilizando o déficit externo.

(Texto atualizado às 13h59)

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