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Leilão de Eike Batista fracassa de novo: nenhum dos interessados fez proposta formal

Tentativa de venda de títulos da dívida da mineradora Anglo American teve quatro interessados, incluindo o BTG Pactual, mas ninguém fez uma oferta firme; com isso, pagamento da dívida da MMX ficou para depois

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães e Vinicius Neder
Atualização:


SÃO PAULO E RIO – Fracassou o segundo leilão judicial para vender títulos de dívida da mineradora Anglo American, que pertenciam ao empresário Eike Batista e foram incluídos na falência da mineradora MMX, conforme fontes a par do assuntoo. Na audiência para abrir envelopes, na tarde desta terça-feira, 16, não houve propostas formais para a compra dos títulos (“debêntures participativas”, que têm características especiais).

Eike Batista, em foto de arquivo: tentativa de achar bens para pagar dívida da antiga mineradora MMX 

Quatro envelopes foram entregues na semana passada, mas nenhum com uma proposta formal. Só houve meras sinalizações de interesse, conforme apurou o Estadão. Os quatro envelopes entregues foram do BTG Pactual, do Credit Suisse, e das gestoras estrangeiras OakTree e Vox Royalty. A sugestão entregue é que um novo edital, com regras mais claras, seja republicado, para a convocação de um novo leilão.

‘Novela’ antiga

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A audiência desta terça-feira faz parte de uma terceira tentativa de vender os papéis da Anglo. O lote de debêntures ficou com Eike após a mineradora britânica comprar o projeto de mineração Minas-Rio, da própria MMX, em 2008.

Os títulos foram “descobertos”, em 2021, dentro do emaranhado de companhias criadas pelo empresário para controlar a MMX. Eles foram parar na massa falida porque, na recuperação judicial da MMX, que corre no Tribunal de Justiça de Minas (TJ-MG), foi dada autorização para que que bens do patrimônio pessoal de Eike e de outras empresas ligadas a ele fossem incluídos no processo. Assim, abriam-se mais possibilidades de se ressarcir os credores.

Nesse segundo leilão judicial – a primeira tentativa foi uma venda direta, no fim de 2021 –, o lance mínimo era de R$ 1,25 bilhão. As maiores dívidas conhecidas de Eike somam algo perto de R$ 2 bilhões - sendo R$ 1,2 bilhão da falência da MMX e cerca de R$ 800 milhões do acordo de delação fechado no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Lava Jato.

Há, porém, uma certa incerteza em relação ao passivo tributário. A União cobra R$ 3,5 bilhões da MMX, mas esse débito é passível de recurso e não tem prazo para ser pago.

Segundo fontes que pediram para não se identificar, um dos pontos que gerou desconforto e levou ao fracasso do segundo leilão foi a alternativa de, caso o certame não fosse bem sucedido, se fazer uma venda direta. Isso poderia se tornar um questionamento legal em torno da transparência do processo. O banco BR Partners e a gestora Mogno foram os assessores financeiros do processo. “Ninguém quer a venda privada. Dadas as incertezas os interessados estão relutantes em colocar suas propostas”, disse uma fonte.

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Conforme o edital do segundo leilão, “não havendo propostas válidas”, o que configura o fracasso do certame, “fica desde já ordenado ao administrador judicial que proceda a imediata realização da venda direta do ativo”, por meio de “processo competitivo privado, no prazo máximo de 20 (vinte) dias, contados da data audiência”.

O edital prevê ainda, alternativamente, os títulos poderão ser vendidos “por meio de incidentes processuais em curso neste juízo falimentar, com propostas financeiras apresentadas para a aquisição do ativo, à exclusivo critério do administrador judicial, sempre observando o melhor preço”.

Já na noite desta terça-feira, 16, os advogados de Eike afirmaram, em nota, que confiam “na Justiça de Minas Gerais para a definição das próximas providências necessárias”.

No início de julho, o primeiro leilão judicial – e segunda tentativa de venda – também fracassou. Nesse certame, o lance mínimo era de US$ 350 milhões, cerca de R$ 1,8 bilhão pelo câmbio mais recente. Esse valor foi definido com base na proposta feita pelo RC Group, que foi levada por Eike ao processo de falência como, e motivou a convocação do primeiro leilão judicial. Ao término do primeiro leilão, no início de julho, a RC Group não deu as garantias de que faria o pagamento.

Planta beneficiamento da Unidade Serra Azul, da antiga MMX Foto: EBX

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A colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, revelou que a firma pertence a Renato Costa, empresário brasileiro radicado nos Estados Unidos e que responderia a pelo menos 18 processos no Brasil, inclusive por passar “cheques sem fundos” e sumir com um carro alugado. Em nota, o RC Group lamentou informações sobre a empresa publicadas pela imprensa.

“O RC Group atuando em nome de investidores internacionais identificou como boa a oportunidade de aquisição das debêntures de Eike Batista. Todavia, observando recente deliberação do mesmo grupo de investidores, o RC Group declinou da participação no Leilão”, diz a nota, enviada pela assessoria de imprensa da empresa.

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