Publicidade

Como a Petrobras pretende chegar à liderança na energia eólica em alto-mar

Anúncio de parceria com a Weg para construção de aerogeradores é mais um passo na guinada em relação à estratégia que a companhia vinha adotando desde 2016

Foto do author Ludmylla Rocha
Foto do author Jorge Barbosa
Por Wilian Miron (Broadcast), Ludmylla Rocha (Broadcast) e Jorge Barbosa (Broadcast )
Atualização:

São Paulo - A Petrobras anunciou nesta quarta-feira, 13, sua volta ao setor de geração elétrica com fonte eólica por meio de uma parceria com a Weg. A companhia desenvolverá, por meio da empresa de equipamentos eletroeletrônicos, aerogeradores de 7 megawatts (MW) visando a obter expertise no segmento de olho na liderança no mercado de eólicas em alto-mar (offshore) no País.

O anúncio representa mais um passo na guinada da estratégia que a companhia vinha adotando desde 2016, quando o então presidente da companhia, Pedro Parente, decidiu focar na exploração e produção de petróleo e gás natural. Por meio desse plano, a empresa incluiu seus ativos de geração de energia elétrica num programa de desinvestimentos, dentro do qual a última eólica vendida foi a Mangue Seco 2, ao Fundo Pirineus, em 2021.

Turbinas em Portugal: geração de energia eólica em alto mar está em expansão em todo o mundo  Foto: Violeta Santos Moura/Reuters

PUBLICIDADE

Agora, para avançar no desenvolvimento da produção eólica em alto-mar, a Petrobras já pediu autorização ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para pesquisar o potencial de geração eólica offshore em ao menos 10 áreas, incluindo na região da chamada Margem Equatorial, que teriam condições de abrigar ao menos 23 gigawatts (GW) de capacidade instalada.

“A costa da Margem Equatorial será o ambiente mais atrativo e disputado do mundo para eólica offshore em menos de sete anos. É um lugar raso e não tem intempéries que existem no mar do norte (na Europa)”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Além da Petrobras, outras grandes empresas, tanto do segmento de óleo e gás quanto de energia elétrica, também analisam o potencial da costa brasileira para desenvolver projetos desta natureza. Segundo estimativas da consultoria A&M Infra, existem atualmente 189 gigawatts (GW) em usinas offshore planejadas no País, tendo em vista o número de pedidos de investidores que entraram com solicitação de licenciamento no Ibama.

Segundo Prates, a Petrobras não entrará em projetos que não sejam rentáveis Foto: Sebastião Moreira/EFE

Os projetos, segundo Prates, devem ser desenvolvidos atendendo principalmente à nascente indústria de hidrogênio verde, na qual a empresa também quer atuar. Uma das investidas da Petrobras nesse segmento, inclusive, deve acontecer justamente no Rio Grande do Norte, em parceria com a China Energy, com a qual a empresa assinou um memorando de entendimento em viagem recente à China.

“Assinamos seis acordos relacionados a projetos de energia renovável, além de iniciativas voltadas para exploração e produção”, disse Prates, sobre essa viagem, acrescentando que a estatal busca unir forças com parceiros globais com foco no compartilhamento de conhecimento dentro do cenário offshore para produção de energia elétrica.

Publicidade

Ao mesmo tempo, o diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Mauricio Tolmasquim, sinalizou que a estatal tem dado preferência em estabelecer parcerias com empresas brasileiras, embora também exista abertura para colaborações internacionais.

“É fundamental ter uma empresa brasileira que produzirá no Brasil. Hoje, nós não temos nenhum fabricante de eólica offshore que tenha anunciado instalar fábrica aqui”, afirmou.

O presidente executivo da Weg, Harry Schmelzer Jr., disse que a parceria com a Petrobras representa um passo estratégico para a companhia se dedicar a produzir novos produtos com capacidade de geração de energia em grande escala. Os aerogeradores comercializados atualmente têm capacidade para geração de 4,2 MW.

O novo aerogerador terá 220 metros de altura e 1.830 toneladas, com expectativa de produção em série para 2025 e está previsto para operar em terra, mas pode dar pistas para a operação offshore.

“O mais importante dentro desta parceria é que não haverá só a construção dessa nova máquina, mas sim o desenvolvimento de um ambiente que vai nos trazer novos conceitos para máquinas aerogeradoras”, disse o executivo, assinalando o potencial de inovação ainda não explorado dentro do segmento.

Parceria com a Petrobras permitirá desenvolver novos conceitos para máquinas aerogeradoras, segundo Schmelzer  Foto: Dieter Gross/Estadão

Em relação à aprovação de uma regulação para o segmento, ponto colocado por investidores como crucial para destravar os projetos, Prates comentou que espera pela aprovação, no Congresso, de um marco legal para o setor até o fim deste ano. A estimativa está em linha com a apresentada na terça-feira, 12, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

A proposta foi gestada pelo próprio Prates, à época em que era senador, e está em tramitação na Câmara dos Deputados, apensada ao Projeto de Lei 11.247/2018. Prates descartou, ainda, a necessidade de incentivos tributários ou subsídios.

Publicidade

Apesar dos anúncios, a Petrobras destacou que não desenvolverá projetos que não sejam rentáveis, mas ponderou que este diagnóstico só será obtido após o estudo nas áreas com potencial para eles.

“Essa fase é de estudar a área, os ventos, depois vem a fase dos custos, do capex e aí vamos avaliar a viabilidade. A Petrobras só entra em projetos quando o valor presente líquido é positivo. A Petrobras não investirá se não for rentável. Agora, a gente só vai saber isso depois que fizer os estudos”, disse Prates.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.