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O tempo corre a favor do Banco Central

Por É DOUTORA EM ECONOMIA PELA USP

Análise: Zeina LatifO IGP-M de novembro manteve-se relativamente estável e o resultado pode ser considerado benigno. Primeiro, porque embute pressões sazonais transitórias em preços agrícolas (0,60% ante 0,04%) que não parecem ameaçadoras, pois a variação anual do IPA agrícola desacelerou bastante (5,2% ante 10,2%). Segundo, porque preços agrícolas bem comportados tendem a repercutir favoravelmente na inflação de alimentos ao consumidor, o que tem impacto favorável sobre os demais preços. A inflação de alimentos, por sua visibilidade, acaba influenciando outros preços. Isso significa tendência de recuo dos núcleos de inflação nos próximos meses. Vale citar que a queda da inflação de alimentos já em curso pode ser um prenúncio de inflação ao consumidor desacelerando mais rapidamente em breve. Ou seja, a desinflação em alimentos pode ser indicador antecedente de menor pressão de demanda. O terceiro fator é a queda da inflação de bens finais no atacado excluindo combustíveis e produtos in natura (2,8% na variação anual ante o pico de 6,2% em agosto), apesar de a pressão cambial recente. Isso indica preços de produtos industrializados ao consumidor bem comportados.Mas a elevada inflação de serviços é o que mais preocupa. A inflação de serviços é mais rígida. Apesar de essa rigidez não ser uma peculiaridade do Brasil, aqui ela tem um componente adicional por causa da indexação remanescente. Some-se a isso o caráter mais defasado dos preços dos serviços, que reagem ao ciclo de forma mais lenta em razão de sua sensibilidade aos ajustes salariais. De toda forma, como a desaceleração do mercado de trabalho já está ocorrendo, inclusive com a moderação nos ajustes salariais, é possível que a inflação de serviços dê algum sinal de contenção em breve. Ainda que o reajuste do mínimo em janeiro implique um potencial inflacionário importante, talvez ele não se materialize plenamente em função do enfraquecimento do mercado de trabalho e do possível aprofundamento desse processo nos próximos meses.Por fim, a própria acomodação do IGP-M (6% ao ano) contribui para desinflar ajuste de aluguéis, de condomínio e de serviços sensíveis a correções de algumas tarifas públicas. O tempo corre a favor do Banco Central, reforçando o relaxamento monetário esperado para hoje.

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