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Obama pressiona para acordo mínimo

Presidente americano enfatiza que corte de US$ 110 bilhões nos gastos fiscais, a partir do dia 1º, vai prejudicar todos os Estados

Por Denise Chrispim Marin, CORRESPONDENTE e WASHINGTON

Sob a ameaça de ser obrigado a executar um corte de US$ 110 bilhões nos gastos federais neste ano fiscal, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apelou ontem para o Congresso aprovar, até as 24h de quinta-feira, um acordo mínimo sobre o tema. Diante de governadores, reunidos oportunamente pela Casa Branca, Obama enfatizou que todos os Estados serão prejudicados pela redução de repasses federais, especialmente para a Educação.A advertência surge em um momento crítico, de impossibilidade de se alcançar um acordo no Congresso. Com isso, o Executivo será obrigado a aplicar o "sequestro", compromisso legal de corte de US$ 110 bilhões nos gastos federais neste ano fiscal e de mais US$ 1 trilhão até 2022. A maior parte desses cortes se dará nas áreas Social e de Defesa. Para contornar esse cenário, o Congresso trabalha em uma alternativa: adiar, mais uma vez, o "sequestro" para o fim de março, possivelmente para o dia 27. "Em algum momento, teremos de fazer algo. Certamente, o que não podemos fazer é continuar de uma crise para outra na produção industrial", declarou Obama, impaciente, ao sublinhar o efeito negativo do corte automático de gastos sobre a economia real e os empregos no país.Obama destacou os impactos sobre os Estados, detalhados em relatório divulgado no domingo pela Casa Branca, como meio indisfarçável de convencer os governadores a pressionar as bancadas estaduais no Congresso. Os prejuízos políticos do "sequestro", indicou Obama, tendem a ser contabilizados nas eleições legislativas de 2014.Impacto. Conforme o relatório, nenhum distrito eleitoral do país escapará. Os piores casos são os dos Estados de Virgínia e Maryland e de Washington, com redução total de US$ 29 milhões nos repasses de recursos federais apenas na área de Educação. O texto ressalta o risco de demissão de 390 professores dessa região e ao acesso de 2 mil crianças ao ensino fundamental. Programas estaduais de vacinação gratuita e de exames de HIV teriam de ser suspensos.O Departamento de Defesa já havia alertado, na semana passada, para a possibilidade de suspender um dia de trabalho por semana de seus 800 mil servidores civis. Essa iniciativa reduziria US$ 5 bilhões das despesas do Pentágono, que teria de tomar outras medidas para enxugar US$ 46 bilhões em seu orçamento neste ano. A estratégia da Casa Branca para alertar os republicanos foi ainda mais ferina: no relatório, mencionou a previsão de redução de repasses para os Estados dos principais líderes republicanos.No Congresso, enquanto Obama pressionava os governadores a agir, uma bancada culpava a outra pela situação crítica. Mas ambas haviam desfrutado, durante toda a semana passada, de recesso e não preveem votação de propostas de corte de gastos nos próximos dias. A Casa Branca tampouco tem facilitado o processo negociador, ao reabrir o capítulo tributário do acordo sobre o ajuste nas contas públicas até 2022.A proposta da Casa Branca, escoada pela bancada democrata, prevê a substituição do corte automático de US$ 110 bilhões pelo aumento de igual valor na arrecadação federal. Os contribuintes milionários seriam o principal alvo de medidas para eliminar brechas na tributação. O líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, já antecipou não aceitar a iniciativa. "Em vez de divulgar um relatório à imprensa de último minuto sobre os cortes de gastos com forças policiais, treinamento de tropas e segurança de aeroportos, o presidente Obama deveria propor meios mais inteligentes de cortar os gastos de Washington", declarou McConnell. "Os gastos de Washington, mesmo com o 'sequestro', serão maior do que quando ele chegou (à Casa Branca)."Os republicanos preferem deixar o corte automático ocorrer. Mas permitindo ao governo federal maior flexibilidade para executá-los, como meio de suavizar os cortes nas áreas Social e de Defesa. A única possibilidade de consenso está na postergação do "sequestro" para 28 de março."Os republicanos decidiram que esses cortes são melhores para a economia do que eliminar as brechas na tributação dos mais ricos. Mas o povo americano discorda dessa escolha", rebateu Dan Pfeiffer, conselheiro sênior da Casa Branca.

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