Edna conta que quando adquiriu o primeiro imóvel no bairro, o fez muito mais em razão do preço do que pelo status do local. Mas quando decidiu se mudar novamente não teve dúvida; iria continuar por ali.
"Eu mudei da Alameda Casa Branca para a Jaú, mas continuei nos Jardins", diz. Ela adora circular pelas ruas e frequentar bares, restaurantes, lojas e diz que tem muitos amigos por lá. "É um bairro dinâmico, com fácil acesso para muitos lugares. Isso me agrada muito. E a região tem glamour", diz.
Ela destaca toda a infraestrutura de transportes e serviços da região, a proximidade do metrô, a Avenida Paulista e a Rua Oscar Freire - um dos locais prediletos da moradora.
"Temos aqui um shopping a céu aberto (a Oscar Freire). No bairro, podemos encontrar pessoas diferentes circulando o tempo todo. Não troco os Jardins por nenhum outro bairro."
Para o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes, os Jardins são uma área consolidada. "O trecho próximo à Paulista foi onde começou o movimento mais adensado da região. Lá, há muitos moradores jovens, solteiros, recém-casados e também os mais tradicionais, que não abrem mão da praticidade do local. É o que chamamos de espaço multifuncional."
Ele considera que a região é formada por dois blocos: um com toda infraestrutura de comércio e serviços - multifuncional - e o lado dos jardins América e Europa, totalmente residencial - e unifuncionais.
Bernardes é um entusiasta de bairros multifuncionais. De acordo com ele, em uma pesquisa na qual foi perguntado se as pessoas achavam que seu bairro era o melhor da cidade, na média geral, 25% dos entrevistas responderam que sim contra 67% dos moradores do Jardins. "É um modelo conveniente para se viver", diz.
Praticidade. A dentista Christiane Chueiri Abdalla, de 37 anos, sempre morou nos Jardins. "Gosto da facilidade, estou perto do meu trabalho, da minha família e consigo fazer atividades a pé", diz.
Ela conta que nunca pensou em mudar do bairro onde nasceu, cresceu, estudou e fez amigos. Quando se casou, continuou por lá, mudou apenas de alameda. Christiane gosta da praticidade local - ela trabalha nas imediações e pode usufruir de todo o suporte da região.
"Morando aqui, com toda a infraestrutura local, eu não preciso me aventurar muito pela cidade, mas conheço outros bairros, vou a outras regiões. Embora adore o Jardins, não tenho uma vida somente aqui nos Jardins", conta a dentista.
Christiane também reconhece os problemas que são comuns a outras regiões da cidade: trânsito, buracos nas ruas, segurança. "Eu acho muito gostoso e prático morar aqui, mas não 'romantizo' o bairro", diz.
Para o consultor imobiliário Osvaldo Vitorino, da Fernandez Mera, a oferta de serviços e a infraestrutura, mais até do que o glamour, atraem cada vez mais interessados em viver nos Jardins.
"O valor médio do metro quadrado para locação no bairro é de R$ 60. É uma média boa para uma região tão atrativa", afirma Vitorino.
"Não há mais oferta de terrenos naManhattan paulista"
De acordo com o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) Luiz Paulo Pompéia, a região dos Jardins é uma das mais densas da cidade. "Não há mais terreno na Manhattan Paulista. Para formar, é preciso demolir casas. E a falta de espaço valoriza a área, o que resulta em um produto mais caro", diz.
Em 2013, a região recebeu apenas quatro dos lançamentos da cidade. No últimos cinco anos foram dez. "É uma região bastante nobre, com padrão de habitação facilitado pela infraestrutura de transportes, serviços e cultura", diz Pompéia. E, segundo ele, embora o público mais jovem esteja de olho no bairro, os altos preços acabam atraindo famílias mais consolidadas e estruturadas.
Nos últimos cinco anos foram lançados 158 unidades de um dormitório, ao preço médio de R$ 14.794 o metro quadrado, média de R$ 603 mil. Em 2013, foram 36 unidades, com valor médio do m² de R$ 18.887,00, ao custo médio de R$ 890 mil.
O diretor da Embraesp chama atenção para o imóvel que normalmente é o mais se assemelha com as aquisições da classe média, o de dois dormitórios, que somaram 39 unidades lançadas nos últimos cinco anos e atingiram o valor médio de R$ 1.064 milhão, R$ 15.706 o m².
Ainda nos últimos cinco anos, foram lançados 63 unidades de quatro dormitórios com preço médio do m² de R$ 13.675,00, ao custo total de R$ 4.260 milhões. Em 2013 foram 22 unidades lançadas em dois empreendimentos, com preço médio total de R$ 7.581 milhões, a R$ 19.300 o metro quadrado.
Segundo Pompéia, os amplos apartamentos de quatro dormitórios são característicos da região. A área útil média é de 505 metros quadrados, com imóveis de até 608 m². Para ele, essa é a realidade da região. "Sem perspectivas de novidades", acredita.
Novo velho. Até o final deste ano a Alameda Campinas vai ganhar um empreendimento novo e moderno. Com baixa oferta de terrenos para novas construções, a Vitacon investiu no retrofit - uma reforma em imóveis antigos. "É muito difícil gerar novos terrenos na região e conseguimos comprar o prédio todo para o retrofit", diz o CEO da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel.
Retrofit. Alameda Campinas ganha prédio com cara nova (Divulgação)
O edifício tem 30 unidades e 95% foram vendidas. São apartamentos de 50 e 70 metros quadrados, ao preço médio de R$ 17 mil o m². Segundo Frankel, o perfil de compradores é bastante diversificado são jovens, executivos, casais com e sem filhos e investidores.
O CEO da Vitacon acredita que a localização atrai essa diversidade de públicos. "As pessoas buscam as facilidades e a mobilidade do local, além do ar sofisticado que paira em toda a região", diz.
Frankel conta que em breve a construtora lançará dois novos empreendimentos na região, um na Bela Cintra, "um imóvel totalmente novo, começando do zero" e um outra na Oscar Freire com a Rua Augusta.
"O foco de atuação da Vitacon é o Jardins. Vamos investir bastante na região", conta o CEO da construtora.