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Recessão no Japão se aprofunda, China corta juros

Por TOMASZ JANOWSKI E EMILY KAISER
Atualização:

Os Estados Unidos venderam um volume recorde de sua dívida nesta segunda-feira e a China cortou a taxa de juros pela quinta vez desde meados de setembro, à medida que notícias econômicas e corporativas pessimistas mostraram que a economia mundial está em um buraco profundo. O Japão informou que suas exportações despencaram em um ritmo anual recorde em novembro, enquanto os novos pedidos industriais da zona do euro marcaram a maior queda já registrada em outubro, dando a mais recente evidência de que a demanda está caindo mais rapidamente do que o ritmo de reação dos governos. "Essa é verdadeiramente uma recessão global", disse David Rosemberg, economista do Merril Lynch, apontando os dados ruins das exportações no Japão, que incluem uma queda de 34 por cento nas embarcações aos Estados Unidos. A principal montadora do Japão, a Toyota, prevê o primeiro prejuízo operacional da história do grupo --de 150 bilhões de ienes (1,7 bilhões de dólares)-- devido a um colapso na demanda global e uma forte alta do iene. A fabricante norte-americana de equipamentos pesados Caterpillar informou que cortará até 50 por cento de funcionários administrativos e oferecerá plano de demissão voluntária a alguns empregados em um esforço para tentar reduzir custos durante o que chamou de "tempos incertos". O governo dos Estados Unidos aumentou os gastos ao tentar amortecer a queda econômica, e ainda mais estímulos estão à caminho a partir do momento que o presidente eleito Barack Obama assumir o governo, no próximo mês. A sua equipe está discutindo o quanto de dinheiro o Congresso deve autorizar para um pacote que deve ter valor provável acima de 600 bilhões de dólares. Esse fato aponta para uma forte alta na emissão de dívida no próximo ano. Até o momento, os Estados Unidos não estão enfrentando problemas em atrair compradores o suficiente para a dívida do governo, e o leilão recorde de notas de dois anos, no valor de 38 bilhões de dólares, que acontecerá na segunda-feira gerou ofertas que cobrem mais de duas vezes esse valor. O banco central chinês anunciou outro corte na taxa de juro, ressaltando a escala dos problemas enfrentados pela quarta maior economia do mundo, e a única entre as maiores que continua a crescer. "A economia está desacelerando mais rapidamente que o esperado", disse Xing Ziqiang, economista da China International Capital em Pequim. Uma fonte disse que o estoque de reservas de 1,9 trilhão de dólares da China encolheu em outubro, o que alguns economistas dizem que pode marcar uma potencial inversão de preocupação em relação ao fluxo de saída de capital. No Japão, uma pesquisa da Reuters Tankan mostrou que a confiança empresarial registrou o nível mais baixo da série, que tem 10 anos, e o presidente do banco central do país, Masaaki Shirakawa, disse que o pior está por vir. "A economia japonesa está se deteriorando, e suas condições devem se tornar ainda piores", disse ele a líderes empresariais. O relatório econômico mensal do governo segue na mesma direção. "As condições econômicas estão piorando", informou. Foi a primeira vez que uma expressão desse tipo foi usada desde fevereiro de 2002.

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