Esta semana fui a Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, para assistir à abertura da 17.ª Fenatrigo, evento que celebra a triticultura da região por meio de debates sobre todos os temas que envolvem essa atividade rural da maior importância para o País.
Vale lembrar que não somos autossuficientes em trigo, importando de outros países produtores, mas a Embrapa anuncia que, até 2030, deveremos atingir uma produção de 20 milhões de toneladas, o que nos transformará em exportadores desse alimento fundamental.
É uma notícia alvissareira que se soma a outras: em 2023, o Brasil será o maior exportador mundial de milho, superando os Estados Unidos e colocando este cereal nobre ao lado de outros produtos em que lideramos o mercado global, como a soja, o café, o açúcar, o suco de laranja, as carnes de frango e de bovinos e a celulose.
Mas estamos mal colocados no que diz respeito ao leite; além de termos perdido a autossuficiência desse alimento essencial, neste ano importamos leite em pó subsidiado em sua origem, numa competição predatória com os nossos produtores. Neste cenário, mais do que nunca é necessária a organização privada para enfrentar essa situação de maneira estruturada.

Tive a oportunidade de visitar a Cooperativa Central Gaúcha de Leite (CCGL) em Cruz Alta e vi em toda sua extensão o que um sistema cooperativista bem organizado pode alcançar. Trata-se de uma cooperativa central que agrupa 29 cooperativas agropecuárias de todo o Estado, às quais estão filiados mais de 170 mil produtores com propriedades de 25 hectares em média.
Não produzem só leite, mas grãos tradicionais no Estado e também pecuária. A CCGL processa 1,7 milhão de litros por dia, produzindo leite em pó (já ocupa 15% do mercado interno), creme de leite, leite condensado e achocolatado.
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Possui dois terminais no porto de Rio Grande, por onde sai atualmente 14% de toda soja exportada pelo País. Não para nisso: a CCGL tem uma unidade de tecnologia que realiza estudos em fertilidade do solo e nutrição de plantas; em manejo de doenças, de plantas daninhas, de pragas e de culturas; estuda sistemas integrados de produção agropecuária e tem laboratórios para análises de solos, de sementes e de fitopatologia.
E os avanços daí resultantes são repassados aos cooperados pela Rede Técnica Cooperativa – de maneira que as inovações chegam a 10 mil usuários, independentemente de tamanho. Isso é cooperativismo na veia – prestação de serviços aos cooperados – como prega a doutrina tão bem defendida pelo Sistema OCB.