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Safra agrícola de 2023 deve ser 12,6% maior que a anterior e bater recorde, estima IBGE

Instituto prevê que a safra deverá totalizar 296,209 milhões de toneladas

Foto do author Isadora Duarte
Por Vinicius Neder e Isadora Duarte (Broadcast)
Atualização:

RIO E BRASÍLIA - Apesar da seca no Rio Grande do Sul, a safra agrícola de 2023 deve registrar novo recorde, com salto de 12,6% na produção, na comparação com 2022, que terminou como a maior safra da história. A projeção é que a produção atinja 296,209 milhões de toneladas na safra atual, conforme o terceiro e último Prognóstico da Produção Agrícola, divulgado nesta quinta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O quarto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a atual safra de grãos também aponta para um recorde de 310,95 milhões de toneladas, salto de 14,5% ante a safra anterior.

Os dados reforçam a expectativa de que a agropecuária ajude a impulsionar a economia neste ano. Conforme estimativas de alguns economistas, o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária poderá ter, em 2023, o melhor desempenho desde 2017.

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Na safra passada, a seca na Região Sul provocou uma quebra na produção de soja, com um tombo de 11,4% frente a 2021. Mesmo assim, a produção foi recorde. O IBGE calculou a safra de 2022 em 263,155 milhões de toneladas de grãos, alta de 3,9% em relação a 2021, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de dezembro. O destaque foi o milho – a segunda safra registrou salto de 36,4% na produção, na comparação com 2021.

Como a seca deste verão está mais “localizada” no Rio Grande do Sul, o IBGE segue estimando que o destaque de 2023 será a produção de soja. A estimativa é que a safra atinja o recorde de 148,4 milhões de toneladas, salto de 24,1% ante o ano passado, solidificando a posição do Brasil como maior produtor global. Para a safra de grãos como um todo, mesmo com a seca no Rio Grande do Sul, elevou em 0,8% a projeção do terceiro prognóstico, na comparação com o segundo prognóstico.

“Ano passado (no verão de 2021 para 2022) foi ‘sui generis’. (Na safra atual) Estamos esperando alguma perda lá (no Rio Grande do Sul), mas temos que aguardar para ver e não deverá ser da forma que foi em 2022. Dizem que o (fenômeno climático) La Niña deste ano será mais fraco. Ano passado, a seca foi até o Paraná e pegou Mato Grosso do Sul”, afirmou Carlos Barradas, gerente do LSPA do IBGE.

Projeção foi ligeiramente aumentada em relação à última, de novembro de 2022 Foto: Dida Sampaio / Estadão

Já a Conab creditou à seca no Rio Grande do Sul à ligeira redução de 0,4% no quarto levantamento para a safra atual, ante o terceiro levantamento. “É uma redução de 0,4% em relação ao levantamento passado, em decorrência, principalmente, da redução de produtividade do milho primeira safra e da soja também causada pela restrição hídrica, ambas acontecidas no Rio Grande do Sul”, disse o diretor-presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.

O ligeiro ajuste pra baixo na projeção da Conab pode afetar a produção total de soja, mas, com o plantio próximo da conclusão, o recorde está praticamente garantido. Na projeção da Conab, que é diferente da do IBGE, a produção de soja atingirá 152,71 milhões de toneladas, 22,2% superior à da safra anterior.

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Na esteira da produção recorde, a Conab projeta que as exportações de soja alcancem 93,9 milhões de toneladas neste ano, segundo o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da estatal, Allan Silveira.

“Há expectativa de entrada de boa safra no Brasil e boa demanda para o complexo (farelo e óleo). Para 2023, projetamos bater o recorde da série histórica, considerando a perspectiva de recuperação de consumo de soja na China”, disse Silveira.

Milho

O recorde na produção total ainda deverá receber a ajuda do milho, que já foi o destaque na safra anterior. O IBGE projeta produção total de 116,4 milhões de toneladas, alta de 5,7% em relação a 2022, renovando o recorde da série histórica do IBGE. Já a Conab projeta produção total, considerando as três safras anuais de milho, de 125,06 milhões de toneladas, crescimento de 10,5% ante a safra anterior.

Segundo Barradas, do IBGE, a seca localizada no Rio Grande do Sul não afeta tanto a produção total de milho, porque tem pouca influência sobre a segunda safra, que responde pela maior parte do total. Isso porque, disse Barradas, tradicionalmente, os produtores gaúchos destinam a segunda colheita para ração animal.

Por isso, se não houver novas condições adversas no clima até o inverno, as cotações internacionais elevadas deverão prevalecer, garantindo a safra recorde. “Os preços estão muito bons. Como estão muito bons, o produtor amplia a área”, afirmou Barradas.

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