Dar aos pequenos um certificado de investimento é um excelente presente, mas no Dia da Criança a expectativa é outra. E como a lista de desejos infantis sofisticou-se nos últimos anos, não é mesmo? O filho de nove anos de uma amiga minha pediu um smartphone, produto tecnológico que nem ela tem.
A estratégia de usar a data comercial para começar a falar sobre o valor do dinheiro é interessante e pode ser incorporada à comemoração do dia 12 de outubro. Afinal, formar cidadãos - e isso inclui a educação financeira - é tarefa de pais (ou responsáveis).
Usar o preço dos artigos desejados para falar sobre dinheiro é um bom começo. Em vez de um presente caro, como o celular com acesso à internet, a criança pode ganhar um presente mais barato e uma quantia investida, como estímulo para começar a poupar para consumir no futuro.
Crianças a partir de três anos de idade já podem receber as primeiras lições sobre o mundo das finanças pessoais. Parece exagero? Para o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos essa é uma boa idade para começar. É claro que tudo deve ser feito na forma de jogos e brincadeiras. A partir dos nove anos já é possível falar sobre preços e outros conceitos econômicos.
Onde aplicar o dinheiro é outra questão. O mais clássico desde sempre é a caderneta de poupança. Mas existem fundos de ações só para menores de 18 anos. Algo menos arriscado? Os fundos de previdência privada também são bem interessantes.
Uma recente pesquisa da Brasilprev (do Banco do Brasil) mostra que os planos de previdência privada estão na lista de presentes escolhidos por pais e avós para filhos e netos. Segundo o levantamento, quase 30% dos planos contratados por clientes da empresa são da linha Junior, voltada para "menores", como o setor os classifica.
De acordo com a Brasilprev, na grande maioria dos casos (89%), os planos para menores de 21 anos hoje são contratados pelos pais. Avós respondem por 7% dos contratos em nome das crianças e jovens.
O valor médio das contribuições subiu para R$ 100, ante R$ 93 em 2009 e R$ 85 em 2008. Outra constatação interessante da pesquisa anual da empresa é a queda na idade média das crianças, que passou de 12 para 10 anos entre 2008 e 2010.
O pior inimigo da educação financeira é o marketing de consumo. Comprar faz parte da vida, é uma ação importante, faz o dinheiro circular e aquece a economia, mas poupar para realizar um sonho de consumo também é muito bom. E o mais legal é que uma coisa não exclui a outra
Onde econtrar informações sobre educação financeira:
No site da CVM há uma área voltada para crianças
Simulador de sonhos no site a Febraban
No site da BM&FBovespa também existe uma área educacional
Rede de Educação Financeira Dsop
Denise Juliani
publicado no Jornal da Tarde, em 11/10/2010
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