A mineradora brasileira Vale informou nesta quinta-feira, 28, que assinou, em conjunto com seus sócios Posco e Dongkuk, um acordo vinculante com a alemã ArcelorMittal, a maior siderúrgica do mundo, para a venda da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). O valor da transação é de aproximadamente US$ 2,2 bilhões, que será utilizado para o pagamento antecipado do saldo da dívida líquida da companhia, hoje em aproximadamente US$ 2,3 bilhões. A venda marca a despedida da mineradora brasileira do setor siderúrgico.
A conclusão da transação está sujeita às aprovações corporativas e regulatórias usuais, incluindo pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo a ArcelorMittal, a aprovação é esperada até o fim de 2022. No mercado circulou que outras siderúrgicas, como Gerdau e CSN, chegaram a analisar a compra da CSP.
A CSP faz parte de um pacote de siderúrgicas que receberam investimentos da Vale, durante a gestão de Roger Agnelli, falecido em 2016, executivo que promoveu uma grande onda de diversificação na companhia. O investimento em siderurgia era muito defendido pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e gerou muita polêmica no mercado, algo que na época foi entendido como ingerência na companhia.
A Vale, na época, teve investimentos em quatro siderúrgicas, que foi se desfazendo ao longo do tempo. Em 2016, por exemplo, vendeu também para a TyssenKrupp sua participação minoritária na CSA, que poucos anos depois foi vendida integralmente para a argentina Ternium.
Para o analista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, a venda da siderúrgica está dentro da estratégia da companhia de sair de siderurgia e se focar em seu negócio principal que é a mineração. “Essa é uma linha estratégica que a Vale tem seguido”, comenta.
Fundada em 2008, no Ceará, a CSP é uma joint venture entre a Vale (50%), Dongkuk (30%) e Posco (20%) e tem capacidade instalada de três milhões de toneladas de placas de aço por ano. “Esta transação reforça a estratégia da Vale de simplificação de portfólio, com foco nos principais negócios e oportunidades de crescimento, pautados pela alocação de capital disciplinada”, diz a mineradora.
Estratégia da ArcelorMittal
Já a ArcelorMittal diz que a aquisição traz diversos benefícios estratégicos para a ArcelorMittal, incluindo o potencial de ampliar a posição da empresa na indústria siderúrgica brasileira, que tem potencial de alto crescimento e capitalizar o significativo investimento planejado de terceiros para formar um hub de eletricidade limpa e de hidrogênio verde em Pecém.
A empresa diz ainda que pode adicionar a capacidade de produção de placas de alta qualidade e com competitividade em termos de custo, com o potencial de fornecer placas dentro do grupo ou de vender nas Américas do Norte e do Sul.
O negócio também deve permitir novas expansões por parte da ArcelorMittal, como a opção de adicionar capacidade de siderurgia primária (incluindo redução direta de minério de ferro - DRI) e capacidade de laminação e acabamento. A empresa estima capturar mais de US$ 50 milhões de sinergias identificadas, incluindo despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A), compras e otimização de processo.