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Do primeiro emprego como vendedor para o comércio online

Transição de carreira de Marcos Rafael Vieira Pinheiro seguiu o ritmo da digitalização do varejo

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

Aos 31 anos, casado e prestes a ser pai do primeiro filho, hoje coordenador de e-commerce, Marcos Rafael Vieira Pinheiro é o retrato da transformação do perfil da mão de obra que ocorre no comércio.

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Em 2011, aos 16 anos de idade, ele conseguiu o primeiro emprego como auxiliar de caixa num atacarejo. Aos 18, precisava pagar a faculdade onde cursava marketing. E, como tinha “boa lábia”, como ele diz, a saída foi se empregar como vendedor numa loja de calçados em São Miguel Paulista (SP).

Ainda no bairro da zona Leste da capital paulista, passou por outras lojas físicas, sempre como vendedor. E, em outubro de 2015, começou a trabalhar também em uma loja física do Magalu em São Miguel Paulista. Era responsável pela venda de produtos de tecnologia, TVs e eletrodomésticos.

Dois anos depois, em 2017, surgiu uma oportunidade de se candidatar para uma vaga no comércio online dentro a própria empresa. “Como eu tinha formação acadêmica no e-commerce e via um futuro maior no digital, pensei: isso aqui é o futuro”, conta Pinheiro.

Transição

A vaga a que ele se candidatou era para analista comercial júnior para artigos de bebê, brinquedos, informática e games. O salário era 10% maior do que o de vendedor. Outra vantagem era não ter de trabalhar aos finais de semana, uma exigência das lojas físicas.

Pinheiro lembra que, no começo, foi difícil. Apesar de ter formação acadêmica, na prática, a única coisa que ele levava da experiência do varejo físico para o online era o conhecimento na compra dos produtos.

Marcos Rafael Vieira Pinheiro, hoje coordenador do varejo online do Magalu, começou como vendedor de calçados em uma loja física Foto: Felipe Iruata/ Estadão

Sete anos depois, aposta do ex-vendedor de migrar para o varejo online deu certo. De lá para cá, a sua carreira andou rápido. Desde que entrou para o e-commerce passou por cinco posições diferentes e com ganhos salariais significativos. “Se tivesse ficado na loja física, de vendedor, passaria a vendedor especial, coordenador de serviço e gerente de loja”, calcula.

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O avanço na carreira de Pinheiro evoluiu no ritmo do comércio online, que é muito mais acelerado do que no varejo físico. O segredo é não parar de estudar. “Todo dia surge uma nova ferramenta, uma nova tecnologia no comércio online”, diz ele. Planos pessoais para futuro? Montar a própria empresa: uma consultoria em e-commerce.

Desafio da qualificação

O grande desafio do mercado de trabalho no comércio online é qualificar os trabalhadores para que eles possam atender a nova demanda do setor, ressalta o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. “Isso coloca pressão na sociedade como um todo, no Estado, como provedor de educação no Brasil, nos próprios cidadãos que buscam qualificação por conta própria e nas empresas, muitas já têm programas nesse sentido, por meio do Senac, Senai.”

O presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, diz que a entidade está preocupada com as mudanças do comércio provocadas pelo avanço do digital. Há muitas redes que reduziram lojas físicas e estão se dedicando ao e-commerce. “Precisamos ter alternativas para diminuição dos postos de trabalho nas lojas físicas e as pessoas têm de ser incluídas na novas funções que o e-commerce exige. É uma equação complexa que nos preocupa”, diz o líder sindical.

Nesse sentido, no último Mutirão do Emprego, foram iniciados entendimentos com entidades como Senac, Sesi e o Instituto Paula Souza para oferecer cursos de qualificação votados a novas profissões ligadas ao comércio. O plano é ampliar essa iniciativa no próximo mutirão que deve ocorrer nos próximos três meses.

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