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Coordenador do Enem deixa o cargo após ofensiva do governo sobre a prova

Pedido de demissão acontece meses após uma ofensiva do governo sobre o conteúdo do exame; Anderson Soares Furtado Oliveira estava no posto há apenas oito meses

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Foto do author Eduardo Gayer

BRASÍLIA - Responsável pela coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Anderson Soares Furtado Oliveira, deixou o cargo nesta terça-feira, 25. Ele estava no posto há apenas oito meses.

A exoneração, assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, consta no Diário Oficial da União (DOU) e foi feita a pedido, segundo o governo. O posto será assumido por Michele Cristina Silva Melo.

Sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em Brasília, no Distrito Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 19/11/2021

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O pedido de demissão acontece meses após uma ofensiva do governo sobre o conteúdo do Enem. No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a dizer que a prova passaria a ter “a cara do governo”. Depois de críticas da oposição e até pedidos à Justiça para a suspensão do exame, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou qualquer interferência.

No entanto, como mostrou o Estadão em novembro, servidores relataram pressão para alterar questões. Houve, inclusive, supressão de itens considerados sensíveis para o núcleo ideológico do governo. O clima interno chegou a suscitar pedidos de exoneração em massa de funcionários de carreira do Inep, que viram assédio moral na ofensiva do Executivo.

À época, como revelou a reportagem, Anderson Oliveira, agora fora do comando do Enem, chegou a examinar uma primeira versão da prova de 2021 antes de sua aplicação para estudantes de todo o País.

O ano passado também foi marcado pela saída de saída de 37 servidores de cargos de coordenação, ligados à realização da prova, às vésperas da aplicação do Enem. O presidente do Inep Danilo Dupas - o quarto em três anos - foi acusado pelos funcionários de desmonte do órgão mais importante do Ministério da Educação (MEC), assédio e desconsideração de aspectos técnicos na tomada de decisões.