No fim do ano, alguns alunos se submetem à conhecida maratona dos vestibulares. Provas em todos os fins de semana e viagens para outros Estados podem complicar ainda mais essa fase que, na maioria dos casos, exige anos de preparação do estudante.
Caroline Beraja está no segundo ano de cursinho no Anglo e tenta passar em Geografia ou em Relações Internacionais. A estudante vai fazer quatro vestibulares, além do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Vou para o cursinho de manhã, almoço e reviso o conteúdo à tarde, até as 20 horas.” Em novembro, ela terá um vestibular por semana.
Nesses casos, a primeira dica, segundo Roberto Nasser, coordenador de História, orientação profissional e vestibulares do Colégio Bandeirantes, é fazer uma tabela com as datas. “Assim o aluno não se atrapalha e tem uma visualização melhor do que pode aparecer em cada prova.”
Apesar de os conteúdos não variarem tanto de um exame para outro, os formatos de prova podem ser bem diferentes. “Resolver um simulado de cada universidade é o básico para quem vai tentar várias instituições. O aluno tem de saber como é o formato das provas”, aconselha Madson Molina, coordenador de unidade do Anglo.
Marcelo Dias Carvalho, coordenador-geral do Curso Etapa, também defende que o candidato conheça as especificidades, para não perder tempo na hora da prova. Ele sugere focar em um vestibular por vez, preferencialmente na semana anterior à prova. “É interessante entrar em grupos do Facebook dos vestibulares e em sites de cursinhos da região para ver dicas, por exemplo.” A estudante Caroline, do Anglo, conhece o estilo das provas desde o ano passado, quando tentou o vestibular pela primeira vez. “Só não tinha feito a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Por isso, assisti a algumas aulas específicas para essa prova e tive de ler os livros pedidos.”
Outro ponto essencial é o controle da ansiedade e do nervosismo. Caroline trabalha nisso desde já. “Sempre tem uma tensãozinha, mas neste ano estou muito mais confiante.” Para isso, ela não esquece de seguir as orientações: tem uma rotina regrada de estudos, sono e boa alimentação. E fazer vários processos seletivos pode até ser uma vantagem. “Às vezes, o aluno faz um vestibular e consegue ter consciência do que precisa melhorar para o próximo”, explica Carvalho. Ele comenta que não é raro um candidato passar em provas mais concorridas que vieram mais tarde no calendário.
Dicas A maratona de provas, apesar de cansativa, pode trazer vantagens para o candidato. Segundo Marcelo Dias de Carvalho, coordenador-geral do Curso Etapa, os erros cometidos em cada exame podem servir de aprendizado e foco de estudo para os próximos. Na preparação para a primeira prova, Madson Molina, coordenador de unidade do Anglo, aconselha estudar o conteúdo com base no edital da Fuvest, pois, além de amplo, é um dos vestibulares mais competitivos. “O conteúdo dos outros é um subconjunto do que pode cair na Fuvest.”
Outros Estados Os três especialistas entrevistados explicam que as provas dentro do mesmo Estado não são tão diferentes umas das outras – mudam, normalmente, só o número de questões, tempo de prova e a quantidade de fases. No entanto, quando comparadas com os vestibulares de fora de São Paulo, há alguns pontos que merecem atenção. Questões de História ou Geografia locais e livros de autores regionais podem aparecer. Os professores citam a prova da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como exemplo dessas especificidades.
Alunos que fazem vários vestibulares e até viajam para as provas não podem deixar o descanso de lado, recomendam os professores ouvidos pelo Estado. “É preciso tomar cuidado com o cansaço acumulado e a qualidade do sono. Isso interfere demais no rendimento”, afirma Marcelo Dias Carvalho, coordenador-geral do Curso Etapa. Madson Molina, coordenador de unidade do Anglo, concorda: “Naturalmente, se tem uma prova sábado de manhã, sexta já tem de descansar, nem que seja só dormir. O que não pode é parar de estudar dois dias antes”.
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