Fuvest: ‘Não adianta decorar um monte de palavras’. Aluna conta como tirou nota máxima na redação

Aos 20 anos, Vitória Nunes passou no vestibular para cursar Letras na USP e conta que ler e se atualizar é muito importante para ganhar repertório e escrever uma boa redação

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Por Sofia Lungui

Entre os mais de 8 mil candidatos aprovados na Fuvest em 2023, somente 14 atingiram a nota máxima na prova da redação. Vitória Nunes, de 20 anos, foi uma das alunas na lista dos que alcançaram os 50 pontos e vão cursar a Universidade de São Paulo (USP) neste ano.

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A jovem de São Caetano do Sul, no ABC paulista, foi aprovada para o bacharelado em Letras. Antes, ela chegou a entrar no curso de Ciência e Tecnologia e depois em Marketing, mas logo percebeu que o que realmente queria era a graduação em Letras, porque gosta muito de aprender e de ensinar.

Por conta dessa trajetória, Vitória não tinha tão frescos na mente os conhecimentos do ensino médio, que concluiu em 2019, embora tenha estudado bastante por conta própria. Mas ela tinha algo importante: repertório.

Segundo a estudante, ter uma bagagem de conhecimentos e informações, além de senso crítico, faz toda a diferença para garantir uma boa redação. Especialmente no caso da Fuvest, que exige muita interpretação não apenas nessa parte do exame, mas também em questões dissertativas, feitas pelos candidatos na 2ª fase.

Segundo a estudante, ter repertório e senso crítico faz toda a diferença para garantir uma boa redação, especialmente no caso da Fuvest Foto: WERTHER SANTANA / ESTADÃO

“A partir do momento em que você entende a dinâmica de como as coisas acontecem, as relações de causa e consequência, já tem uma base para construir bons textos. Também é importante ter criticidade, estudar com frequência e se atualizar sobre o que está acontecendo no mundo”, afirma. Para Vitória, ler sempre foi algo prazeroso, o que também ajudou nos estudos.

Desde pequena, ela sempre gostou de buscar conhecimento por conta própria, lendo não somente literatura, mas também artigos científicos. Também foi fundamental entender previamente a estrutura da prova e o que é exigido na redação, o que vale também para outros vestibulares.

No caso da Fuvest, os principais pontos a serem avaliados no texto dissertativo-argumentativo são:

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  • desenvolvimento do tema e argumentação;
  • coesão e articulação entre as partes da redação;
  • vocabulário e dominância gramatical.

Neste ano, o assunto da redação do vestibular da USP foi ”Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”. Tópicos relacionados a questões humanitárias e ambientais têm sido frequentes. Nesse sentido, foi muito relevante para Vitória ter participado de modelos de simulações da Organização das Nações Unidas (ONU).

As simulações, promovidas por escolas e universidades, buscam fomentar a compreensão e interesse dos alunos sobre problemáticas atuais, como questões de geopolítica. Assim, o aluno recebe materiais de apoio e depois participa de debates para testar seus argumentos, como se fosse membro de organizações internacionais.

No colégio Liceu Jardim, em Santo André (SP), onde Vitória estudou, foi adotada a prática. Mas a aluna costumava participar também de atividades assim por conta própria, com amigos. São Paulo Model United Nations, ABACOONU e SiEM foram algumas das simulações das quais ela participou. “Essas atividades mudaram a minha vida. Me trouxeram bagagem cultural para me formar não só intelectualmente, mas como pessoa”, destaca.

Lidando com a insegurança

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Para a jovem, a nota foi surpresa. Ela conta que jamais imaginou que poderia gabaritar a redação da Fuvest. Por isso, estava nervosa no dia da prova. A jovem ficou ansiosa após ler redações anteriores com o vocabulário muito rebuscado, tendo em vista que não costuma escrever dessa forma. Mas percebeu que, na prática, o importante mesmo é ter propriedade sobre o assunto que se está escrevendo.

“Não adianta decorar um monte de palavras, basta você ter capacidade de argumentação e interpretação”, relata. No entanto, é importante ler redações com nota alta dos anos anteriores, além de ficar por dentro dos temas abordados.

Para Vitória, isso ajudou a identificar seus pontos fortes e os fracos. Assim, ela foi atrás de textos para entender melhor os assuntos que não dominava tanto. “Uma boa dica é categorizar os temas mais comuns, como questões ambientais, humanitárias e artísticas. Você reforça as leituras e busca conhecimentos sobre os diversos temas que possivelmente podem cair”, explica.

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