Por que os cursos com maior procura no País são Gestão e Negócios, Saúde e TI?

Com a ampliação de mercado para gestão de dados e Inteligência Artificial, Tecnologia da Informação deve ter ainda mais demanda

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Por Paulo Reda
Atualização:

As áreas mais procuradas pelos estudantes atualmente são as de Gestão e Negócios, Saúde e Tecnologia da Informação, com viés de crescimento especialmente para a última, com a ampliação de mercado para gestão de dados e inteligência artificial (IA). É o que mostra a mais recente pesquisa do setor, divulgada no mês passado pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil.

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Para Jefferson Vendrametto, diretor de Relações Institucionais do Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), que já oferece programas de especialização EAD nas áreas de Negócios e Educação Financeira, mas que está se preparando para criar também cursos técnicos e para concursos públicos a distância, o pós-pandemia forçou o segmento de ensino superior a olhar com mais atenção para a oportunidade e a necessidade do modelo. “Houve um aumento gigantesco, muita empolgação. Em média, os cursos EAD são 15% mais baratos que os presenciais”, diz.

Vendrametto ressalta, contudo, que no início existiam deficiências tecnológicas e um índice elevado de evasão escolar nos cursos online de modo geral. “Chegamos a conviver no País com uma média de quase 70% de evasão, muitas vezes por falta de disciplina, tanto de jovens quanto de adultos. É preciso ensinar a estudar a distância”, afirma.

Anderson Bedin, coordenador pedagógico da Minds, rede de escolas de idiomas Foto: Minds

Para ele, as ferramentas de ensino a distância que funcionam bem são aquelas que permitem canais de comunicação entre os alunos e também tutorias dos professores. “Precisa acompanhar sempre a evolução dos alunos e investir forte na criação de plataformas mais ágeis, adaptadas inclusive ao celular. Os jovens têm mais facilidade com a tecnologia, mas não necessariamente uma motivação maior”, afirma.

Mary Murashima, diretora de Gestão Acadêmica da FGV Educação Executiva, menciona também a necessidade de se oferecer respaldo aos alunos na área de tecnologia. “Além da equipe pedagógica, é muito importante ter um suporte qualificado de TI.” No passado, a instituição enfrentou índice de evasão alta nos cursos EAD para a FGV, na faixa de 25%. “Atualmente, os números são bem mais baixos.”

Coordenador pedagógico da Minds, rede de escolas de idiomas que oferece cursos a distância em todo o País, Anderson Bedin considera que há problemas pontuais no País, como as dificuldades de conexão em Manaus, mas a maior dificuldade com esse tipo de modalidade de estudo continua a ser a disciplina, e a principal vantagem é a flexibilização de locais e horários.

“A sede dos nossos cursos está em Aracaju. Temos alunos de outros Estados e até de outros países, o que permite um intercâmbio muito grande”, diz. “Não creio que exista diferença significativa entre o conteúdo oferecido e o desempenho dos estudantes na comparação entre os modelos presenciais e EAD”, ressalta.

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Mesma opinião tem Karina Franchini, head de Ensino Superior do SEB, grupo que tem opções de cursos EAD em três instituições de ensino: a Harven, em Ribeirão Preto, especializada na área do agronegócio; a Universidade Dom Bosco, em Curitiba, focada no setor de Saúde; e a Escola Paulista de Direito, em São Paulo. “Já trabalhávamos com a modalidade de ensino a distância antes da pandemia. Atualmente, o desempenho dos alunos nos cursos presenciais e EAD é similar”, afirma.

De acordo com Franchini, antes do período de isolamento social havia uma certa estranheza dos estudantes com a modalidade EAD, hoje totalmente assimilada. “Já era uma tendência e se acelerou”. Além de percebermos que seria possível oferecer cursos de qualidade nesse formato, a flexibilidade ajudou.”

Segundo ela, o mercado de trabalho também assimilou essa nova realidade e hoje exige dos profissionais que façam especialização. “No nosso caso, em breve até mesmo nos cursos de graduação o EAD deve superar o presencial. Atualmente, o índice de evasão escolar no EAD é semelhante ao do profissional e a qualidade também.”

Com experiência de cinco anos com programas de EAD, tanto como professor quanto como produtor de conteúdo, Fabiano Ormaneze, que atualmente é coordenador de produção de conteúdo dos cursos EAD da UniAnchieta, de Jundiaí, acredita que hoje os números mostram que a educação a distância é um sistema consolidado. “No período imediatamente posterior à pandemia, a reação que ainda havia em relação ao ensino a distância era grande. Isso diminuiu muito.”

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Mas, de acordo com Ormaneze, é preciso adotar alguns cuidados na hora de escolher o curso e a instituição de ensino que irá oferecer uma especialização online. Um dos pontos principais indicados por ele é a qualidade do material didático. “A experiência de estudar pela internet envolve a utilização de diversas ferramentas, o que exige mais na elaboração do programa”.

Segundo ele, um bom curso a distância exige ainda critérios rigorosos de ensino e avaliação. “Outra questão importante é a autonomia e disciplina dos estudantes. EAD exige mais que outros formatos.

O setor de Comunicações e Linguagem, a qual inicialmente se dedicava, teve crescimento expressivo. “A pós-graduação nessa área já deve superar hoje os cursos presenciais. Entre as vantagens está a facilidade de acesso a boas instituições de ensino por pessoas que vivem em locais mais distantes. Custo menor é outra compensação, possibilita uma maior inclusão”, afirma ele.

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Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, considera ser possível apostar mais na modalidade de ensino a distância com qualidade, mas é preciso ter foco e cuidado com a existência de cursos de especialização, inclusive online, de má qualidade, sem cuidado com o conteúdo e a formação dos docentes.

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