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Ligas metálicas, resinas de última geração, madeiras certificadas. Nunca os designers de móveis e objetos tiveram acesso a uma variedade tão grande de matéria-prima como nos dias de hoje. Mas, como a imaginação não conhece limites, muitas vezes, a opção ideal pode estar onde menos se espera. Até mesmo em uma boa loja de material de construção.
Como bem comprovam as mostras, revistas e sites especializados, é cada vez maior o interesse despertado por peças desenvolvidas com placas de concreto, perfis metálicos, compensados e, sobretudo, produtos cerâmicos. Placas de porcelanato, azulejos e até mesmo tijolos. Todos eles pensados para construir e reformar, mas, atualmente, também bem-vindos na hora de decorar. Não que a utilização de materiais como ladrilhos cerâmicos e perfis metálicos na produção de mobiliário seja propriamente nova. No caso do arquiteto carioca Noel Marinho - para citar apenas um entre os muitos modernistas brasileiros que se dedicaram à arte da azulejaria -, a ideia remonta às décadas de 1960 e 1970. Mas só agora se tornou realidade.
“Tomei contato com essa produção na pesquisa que realizamos para lançar o livro retrospectivo de sua obra. Apesar de terem sido projetados há décadas, esses móveis trazem um dado de frescor, de leveza, mais do que nunca necessário nos nossos dias”, afirma a filha do artista, a arquiteta Patricia Marinho, que durante a quarentena editou os desenhos do pai, morto em 2018.
Contraponto ideal à austeridade e frieza sugeridas pela tecnologia, os materiais ligados à indústria da construção não param de ganhar popularidade também entre os designers de interiores. O concreto, a madeira compensada e o ferro já tiveram seus dias de glória. Hoje, a cerâmica, nas suas mais diferentes versões, parece ser a bola da vez.
“Acho perfeitamente possível criar soluções com muita personalidade a partir de elementos considerados simples, rotineiros. Essa releitura dos materiais pode se revelar muito significativa em qualquer ambiente”, afirma a arquiteta Beatriz Quinelato (@beatrizquinelatoarquitetura), que, na última edição da Casacor São Paulo, surpreendeu ao apresentar uma mesa lateral montada com a simples sobreposição de tijolos cerâmicos.
“Fomos colocando os blocos e construindo os volumes, brincando com as alturas, até atingir o formato final”, conta Beatriz, descrevendo o processo de montagem experimental do móvel. “A cerâmica é um material que, por si só, tem uma presença forte. Não me surpreende que tenha se tornado o ponto alto na decoração de ambientes”, considera.
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Novo olhar
“Estou sempre em busca de novos materiais e a cerâmica me passa uma sensação de extraconforto”, afirma o designer Murilo Weitz (@muriloweitz), um entusiasta do uso da matéria-prima na construção de móveis e utensílios domésticos, que recentemente empregou placas de porcelanato para criar uma nova linha de bandejas.
“Resistente, durável e com acabamento impecável, o porcelanato é um material que se presta bem a essa função”, explica o designer que na coleção procurou explorar todas as potencialidades do material, produzindo desde peças de visual mais rústico, com um tom mais próximo do terracota, até outras, de brilho acentuado, a partir de superfícies esmaltadas.
Representante da nova geração de ceramistas, à qual agrada a ideia de empregar o material nos mais diversos campos - arquitetura, mobiliário, decoração -, para Murilo, a cerâmica é diferente de qualquer outra matéria-prima.