Nos últimos anos estamos acompanhando um crescimento substancial no reconhecimento da Copenhagen Fashion Week (CPHFW) e não é por seu tamanho, número de desfiles ou vanguarda estética. Na realidade, seria surpreendente essa relevância relativamente tardia de uma semana de moda nascida em 2006 e sediada em um país tão pequeno.
Porém, em 2018, quando Cecilie Thorsmark assumiu o cargo de CEO do evento, foram propostas normas sustentáveis que posicionaram a semana de moda em destaque no cenário global.
Todas as marcas integrantes devem seguir padrões rígidos em x frentes: direções estratégicas, projeto (design), escolhas inteligentes de materiais, condições de trabalho, envolvimento do consumidor e produção dos desfiles.
Estudando o detalhamento dessas dimensões, que trago a vocês no final desse texto, é perceptível para quem conhece o setor o tamanho do desafio para as marcas.
De muitas formas, esse desafio pode ser superado com investimento e desenvolvimento tecnológico. Do outro lado do negócio, as marcas que conseguiram se adequar e permanecem no evento passam a subir vários patamares no que diz respeito à percepção de valor por uma fatia de consumidores que cresce a cada dia - aqueles que consideram os aspectos de sustentabilidade um importante qualificador de suas escolhas de consumo.
Assim, para manter a saúde financeira das marcas que encaram esses investimentos, é importante que reflitam em mais valor percebido pelo cliente. A CPHFW pode funcionar como um selo para conferir esse valor.
Critérios para aplicação à participação da CFW separados em pilares:
- Direções Estratégicas - incorporação de sustentabilidade e padrões internacionais de direitos humanos; contemplar diversidade e igualdade na abordagem de gestão; não destruir roupas não vendidas de coleções anteriores.
- Projeto - design para aumentar a qualidade e o valor de produtos econômica e materialmente (valor da longevidade); definir segunda vida para nossas amostras.
- Escolhas inteligentes de materiais - 50% da coleção ser certificada, feita de materiais sustentáveis de nova geração, reciclados ou feitos de estoque morto (lista de materiais preferenciais); seguir os requisitos da Diretiva REACH da UE; envolvimento com fornecedores para garantir a conformidade; coleções livres de peles.
- Condições de trabalho - diligência na cadeia de suprimentos de acordo com as diretrizes e padrões internacionais e trabalhar com fornecedores para garantir, por exemplo, emprego livremente escolhido, emprego seguro e nenhum trabalho infantil; operar um ambiente de trabalho seguro, saudável e respeitoso para todos os funcionários, livre de assédio e discriminação e onde todos desfrutem de oportunidades iguais, independentemente de gênero, etnia, idade, orientação política/religiosa/sexual, aparência física e capacidade.
- Envolvimento do consumidor - equipe de atendimento ao cliente na loja e online bem informada sobre a estratégia de sustentabilidade; educação e informação aos clientes sobre práticas de sustentabilidade em múltiplas plataformas; não utilização de embalagens plásticas de uso único na loja ou para pedidos online, oferecendo alternativas recicláveis, recicladas ou reaproveitáveis.
- Produção dos Desfiles - cenografia e produção de desfiles com desperdício zero; não utilização de embalagens plásticas de uso único nos bastidores durante a semana de moda, oferecendo alternativas recicláveis, recicladas ou reaproveitáveis; compensar pegada de carbono; signatários da Carta Ética da Moda Dinamarquesa; considerar a diversidade e a inclusão ao escalar modelos.
Mais informações no site oficial: https://copenhagenfashionweek.com/sustainability-requirements
Marília Carvalhinha é coordenadora da pós-graduação em Fashion Business do Centro Universitário FAAP