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A moda masculina está ganhando maturidade mundo afora, mas ainda engatinha no Brasil. Em janeiro, quatro cidades da Europa apresentaram eventos exclusivos para lançar as coleções de outono inverno masculinas para a imprensa e para compradores de todo o globo. Foram três semanas de moda, com desfiles em Londres, Milão e Paris, além da feira Pitti Uomo, em Florença, na Itália, evento que apresenta as novidades do setor e atrai milhares de aficionados por moda.
No Brasil, apenas dois estilistas - Alexandre Herchcovitch e João Pimenta - desfilam coleções 100% masculinas durante a principal semana de moda do país, o São Paulo Fashion Week, e poucos profissionais da imprensa são especializados no tema. Sylvain Justum, editor de moda da GQ Brasil, é um deles. O francês naturalizado brasileiro entende tudo do assunto e acompanhou de perto a movimentação na Europa no início do ano. "As semanas de moda masculinas, assim como as femininas, são importantes para apresentar o mood da próxima estação. Uma semana de moda é a Copa do Mundo do segmento, com a vantagem de ocorrer duas vezes por ano", diz Justum.
Além de Sylvain, outro expert vem se destacando no setor. Trata-se do blogueiro Kadu Dantas, que participou da maratona fashion masculina pela terceira vez consecutiva e conta com uma série de leitores fiéis em seu site. "A moda masculina cresceu muito nos últimos anos e representa hoje 50% do mercado mundial do luxo", afirma Kadu. "Isso fez com que ela se tornasse tão relevantes a ponto de ter fashion weeks separadas das femininas."
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A crescente importância da moda masculina já pode ser sentida no varejo. Grandes marcas de luxo, como Valentino e Gucci, abriram nas últimas temporadas endereços exclusivos para homens em cidades como Paris e São Paulo. "As marcas passaram a investir mais em coleções, design, materiais, propostas e estilistas", acredita Kadu. Ainda assim, a educação de moda do consumidor brasileiro caminha a passos lentos. Enquanto o mercado feminino é voraz por tendências e novidades, o masculino ainda se apoia muitas vezes em clichês como surf, futebol e skate, e até fotos sensuais femininas, para emplacar em publicações. Cabe a profissionais como Sylvain e Kadu despertar o desejo de consumo no homem brasileiro.
Kadu, por exemplo, faz parte de um movimento crescente e bacana de imagens de street style masculino, clicadas principalmente em Florença, durante a feira Pitti Uomo. Homens com ternos e muitos adornos são fotografados e o estilo italiano tornou-se uma referência. Por aqui, o visual muito enfeitado parece não agradar. Devido às altas temperaturas, as sobreposições e os enfeites em excesso não se encaixam na realidade das nossas cidades. Mas as tendências das semanas internacionais podem, sim, inspirar e estimular os homens a capricharem no visual.
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Segundo Sylvain, peças com características esportivas como tênis, capuzes, punhos, elásticos e calças jogging devem pegar no país. As tendências da vez são variadas, mas três temas se destacam para o outono inverno 2015: os anos 70, o estilo unissex e o militarismo. "Os anos 1970 são a bola da vez, seja na modelagem ampla das calças, nos detalhes das camisas ou até mesmo nos sapatos", afirma Kadu. O militarismo aparece nas formas das jaquetas e nos bolsos utilitários, assim como na mistura de casacos outerwear com peças de alfaiataria. Já o unissex representa o momento em que estamos vivendo na sociedade, que muitas vezes nos leva a fazer escolhas mais simples.
Resta ver a influência que esses estilos podem ter, de fato, no Brasil. Como os desfiles são inacessíveis para a maior parte do público, cabe às marcas nacionais a tarefa de estimular os homens a tomarem coragem de usar moda de verdade. E não apenas vestir roupas.
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