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Um passeio pela cultura sneakerhead no Brasil e no mundo

Vert agora é Veja no Brasil e terá loja própria na Oscar Freire

Vert adota o nome global Veja, anuncia sua primeira loja própria no Brasil para 2024 e relança o Volley, o primeiro tênis da marca criado em 2005

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Foto do author Diego Ortiz
Veja Volley Foto: Diego Ortiz/Estadão

O dia 21 de março de 2024 ficará marcado na cultura dos tênis como o ano de ruptura da Vert. A marca francesa com produção brasileira passa a adotar o nome global Veja por aqui, com um cuidadoso rebrand que já era desejado pela empresa há tempos. O anúncio foi feito de forma oficial por François-Ghislain Morillion, um dos fundadores e dono da marca, no local onde a Veja já está construindo sua loja, na Rua Oscar Freire, 562, em São Paulo. Ela ficará pronta no último trimestre do ano. Como se só estes dois anúncios fossem pouco, a Veja ainda relançou no País o Volley, seu primeiro tênis vendido em 2005 que inaugura o nome Veja estampado em um tênis comercializado no Brasil.

Em uma conversa exclusiva, Morillion compartilhou todos os passos que serão dados e a história fascinante por trás da ascensão da marca de tênis que começou timidamente na França, tendo como seu verdadeiro lar o Brasil.

Da esquerda para direita, Sébastien Kopp e François-Ghislain Morillion Foto: Veja/Estadão

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“Na verdade tudo começou como Veja na França e sempre tivemos um pé no Brasil. A história começou no Brasil”, relata Morillion, destacando as raízes profundas que a marca estabeleceu em ambos os países. Ele lembra como, inicialmente, o foco estava na França, onde ele e seu sócio Sébastien Kopp, “apenas dois meninos de Paris”, estavam mais acostumados a comprar seus tênis. “Não enxergávamos o Brasil como um mercado de moda urbana naquela época, em 2005″, admite.

No entanto, uma mudança significativa ocorreu quando Morillion teve um relacionamento com um paulista. “Conheci mais a vida do Brasil mesmo, não só as fábricas e o Nordeste como turista, mas o Brasil que consome tênis”. Foi nesse momento que ele e Kopp perceberam o potencial de venda no Brasil, mas enfrentaram um obstáculo: uma marca já estava registrada no mesmo segmento, impossibilitando o uso do nome Veja. Assim, a Vert surgiu, como uma solução temporária para contornar essa questão legal.

Veja Volley Foto: Diego Ortiz/Estadão

Mesmo sem a batalha judicial que poderia vir na época, a burocracia brasileira exigiu dois anos até que a Vert pudesse vender seus tênis no Brasil. Morillion lembra vividamente o momento em que soube da vitória: “Estava num táxi em Paris quando o advogado ligou. Eu pensei, ‘Vou me mudar para o Brasil por três meses’ e acabei ficando dois anos.”

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“Desde o início, quanto mais a marca ganhava o coração dos consumidores, mas a gente sabia que tinha que vender no Brasil, ficava feio não vender, com uma pegada meio colonialista que não faz parte nem um pouco dos nossos princípios. Então nascemos no Brasil assim mesmo, como se fosse uma outra marca, começamos super pequenos. Fiz showroom no meu apartamento na Paulista para mostrar os produtos, mas desde o início sabia que isso seria temporário”.

Veja Volley Foto: Diego Ortiz/Estadão

Com o rebranding para Veja, Morillion está confiante de que os consumidores acolherão a mudança de braços abertos. “O produto é o mesmo, a história é a mesma, mas agora estamos mais globais”, ele declara. O lançamento da collab com a Your ID do V-10 Matchá serviu como uma despedida elegante da Vert e uma calorosa boas-vindas à Veja.

Veja Volley Foto: Diego |Ortiz/Estadão

No momento em que a marca comemora seus 20 anos, Morillion também falou sobre reintrodução do tênis Volley, com melhorias significativas. “Eu voltei do Brasil com o primeiro protótipo do Volley em março de 2004. E ficou claro logo no inicio que a minha parte ia ser mais desse lado de insumos e cadeia que de design. O Sébastien viu o protótipo que levei e achou que era uma batata”, ri Morillion. “Ele então pegou um avião, foi pro Sul e trabalhou no modelo para aperfeiçoar”.

Veja Volley Foto: Diego Ortiz/Estadão

“A gente tinha visto muitos produtos na Ásia durante nossas viagens e já tínhamos comprados alguns tênis, mas o que nos pegou foi ver o Rainha tradicional de futsal nos pés das pessoas em todo o Brasil, todos os estados. Gostava muito deste tipo de tênis simples de lona com sola de borracha. Então decidimos, vamos fazer cinco cores, o nome é Volley e é isso. Na época a gente não sabia que tinha que ter grade, não sabia nada, aprendeu tudo na marra. Aí compara com o de hoje, o produto está uns 2 milímetros mais alto, a palmilha é mais confortável e anatômica, hoje tem EVA no amortecimento, a borracha maravilhosa da Amazônia, a forma é melhor... tudo evoluiu muito”.

Veja Volley Foto: Diego Ortiz/Estadão

O PET reciclado

Ao longo dos anos, a Veja tem se destacado por seu compromisso com a sustentabilidade, incluindo o uso de PET reciclado em seus produtos. Morillion também descreve a jornada da empresa para encontrar uma cadeia de suprimentos sustentável, desde a descoberta de parceiros no sul de Minas até a integração de catadores locais. “É uma cadeia que a gente usa faz uns 10 anos, nossos primeiros retrorunners que fizemos com algodão não ficaram legais. A gente ainda comprava da Ecosimples, que na época tinha uma cadeia brasileira, e eles quebraram. A partir daí todo mundo começou a se jogar no mercado da China do PET reciclado, que é certificado, mas de forma nebulosa. A gente teve então que começar um trabalho de pesquisar alternativas nacionais que poderiam ser usadas pela gente e por outras marcas, e aí honestamente a gente não tinha a ideia do que ia descobrir”.

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“Mas fomos seguindo a nossa cadeia e ela abriu uma outra cadeia por trás no Sul de Minas Gerais que fazia reciclagem. Faltava só o intermediário industrial, então se construiu essa parceria, Valgroup, Dini Têxtil, todos de horizontes muito diferentes, mas que geraram um encontro com essa pessoas, esses catadores, que são orgulhosos e fazem isso com o maior carinho. Foi uma coisa que a gente pode se orgulhar de integrar essas pessoas, oferecendo o preço diferenciado para eles. 80% são mulheres. É mais uma cadeia de comércio justo que nós inserimos e mais de 50% de todo PET que usamos compramos deles”.

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