O argentino Juan Martín Del Potro revelou nesta terça-feira detalhes sobre os problemas físicos que encerraram de forma precoce sua grande carreira. Em vídeo emocionante nas redes sociais, o tenista conta que precisou fazer mais duas cirurgias recentemente antes do seu jogo de despedida, contra o sérvio Novak Djokovic, no dia 1º de dezembro, em Buenos Aires.
“Ninguém sabia disto, mas no dia seguinte ao meu último jogo contra o Delbonis (pelo Torneio de Buenos Aires de 2022), peguei um voo para a Suíça e fiz a minha quinta cirurgia no joelho. Desde então, nunca mais tornei as minhas cirurgias públicas, pois encontrei um pouco de paz na coletiva de imprensa antes daquela partida contra o Federico, ao dizer que provavelmente aquele seria o meu último jogo”, disse Del Potro.
“As pessoas pararam de me perguntar constantemente quando é que eu voltaria a jogar. Fiz todo esse processo secretamente e, se funcionasse, anunciaria que voltaria. Fiquei dois meses na Suíça, em uma vila perto da Basileia tentando me recuperar e não deu certo. Depois de dois meses e meio, fiz a minha sexta operação. Voltei para os Estados Unidos. Mais reabilitação, mais de 100 injeções em todos os lugares, infiltrações, sofrimento diário”, completou.
O argentino, atualmente com 35 anos, sofreu uma série de lesões no joelho esquerdo entre 2018 e 2019, este seu último ano de fato no circuito profissional. Ele ficou afastado ao longo de 2020 e 2021 e voltou às quadras para um torneio de despedida, na capital argentina, em 2022 - caiu logo na estreia, para Delbonis, visivelmente sem condições de jogo.
“Quando eu fiz a minha primeira operação em junho de 2019, o médico falou que eu iria voltar a jogar num prazo de três meses. Eu até me inscrevi em três torneios no fim do ano. Desde então, nunca mais consegui subir escadas sem dor. Sinto dor quando dirijo, muitas vezes até quando vou dormir. Vem sendo um pesadelo sem fim”, revelou.
Del Potro disse também que os médicos ainda não encontraram solução para suas dores no joelho esquerdo. “É terrível. Tiraram-me a oportunidade de fazer o que eu mais amava, que era jogar tênis. É muito difícil. Há momentos em que não tenho mais forças. Não sou indestrutível. Tenho coisas boas, coisas ruins, mas na maioria das vezes tenho que fingir e colocar uma cara boa, mas muitas vezes sinto-me péssimo. Todos os dias quando acordo tenho que tomar seis ou sete comprimidos.”
Ele contou também que o problema físico afetou sua saúde mental. “Uso protetores gástricos, anti-inflamatórios, um para ansiedade. Os comprimidos fizeram-me ganhar peso e tive de parar de comer algumas coisas.”
Para o futuro, há a perspectiva de usar uma prótese no local. “Mas uns médicos me dizem que sou muito jovem para usar uma prótese. Eles dizem para esperar até os 50 anos. Mas desde os 31 anos que não consigo correr, não consigo subir escadas, não consigo chutar uma bola, nunca mais joguei tênis. Preciso esperar mais 15 anos? É terrível. Espero que isto acabe um dia. Porque eu quero voltar a viver a minha vida sem dores.”
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.