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Camilo se vê com ‘uns bons anos de futebol’ e quer jogar Série B pelo Mirassol após título

Com passagem por diversas equipes e uma partida pela seleção brasileira, meia de 36 anos foi um dos destaques da equipe paulista na conquista da terceira divisão e diz que se pode ser feliz fora dos grandes clubes

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Por Toni Assis

Nos treinos do Mirassol, Camilo é o primeiro a chegar e o último a sair. Nas ruas, a sua popularidade pode ser medida pelas abordagens de moradores agradecidos pelo título do Brasileiro da Série C. Fã da comida da região e integrado à rotina de um município com 60 mil habitantes, esse carioca de 36 anos busca agora esticar sua permanência para a disputa da segunda divisão do Nacional de 2023. Baseado no protagonismo da campanha do título e, a reboque, de ter ocupado a artilharia do time no torneio, essa negociação está perto de ser confirmada.

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“Dar continuidade a tudo que vem sendo feito. Isso é o que eu estou planejando. Tenho ainda uns bons anos de futebol e estou determinado a aproveitar o que me resta jogando em alto nível. Quero me dedicar e viver cada treinamento...cada jogo! A minha intenção é ficar”, afirmou Camilo em conversa com o Estadão.

Revelado pelo América-RJ em 2003, o jogador tem no seu currículo camisas como as do Cruzeiro, Botafogo e Internacional. Em sua terceira passagem pelo time do interior paulista, comenta da identificação com o clube e com a cidade e revela que é possível ser feliz jogando fora dos grandes centros e dos clubes tradicionais.

“Joguei aqui em 2013 e 2020. A cidade é tranquila e tenho muito carinho pelos moradores. Não cheguei a vivenciar nada da cultura rural ainda, mas adoro a comida. A cidade tem ótimos restaurantes com seus pratos caseiros. E Mirassol oferece tudo de que preciso”, afirmou o jogador que disse estar sempre em contato com os torcedores. Em suas redes sociais, Camilo faz questão de mostrar essa identidade interiorana. Em uma das postagens, ele e mais dois companheiros de time aparecem com a camisa do clube numa ação para doar alimentos para uma entidade filantrópica.

Camilo com a mulher e os filhos após conquistar o título da Série C pelo Mirassol Foto: Leonardo Roveroni/Ag Mirassol

Tamanha cumplicidade faz com que o empenho do atleta aumente principalmente quando não está em ação nos gramados. “Ele chega sempre mais cedo para fazer alguns exercícios extras ou receber massagens. A precaução com o físico é levada muito a sério. E o Camilo ainda é da resenha. Gosta de conversar com os mais jovens para passar um pouco da sua experiência”, afirmou Leonardo Roveroni, assessor de imprensa do clube.

Mirassol tornou-se o centro das atenções da região com a proximidade do título no torneio nacional. Por meio do futebol, o time acabou abraçado pelas cidades vizinhas. “Com o crescimento da equipe, toda a região ficou voltada para o futebol. As pessoas passaram a comparecer mais ao estádio. Isso foi aumentando e a gente acaba valorizando ainda mais o carinho que recebe nas ruas de Mirassol”, comentou Camilo.

Prova disso se refletiu nas bilheterias. Na fase final, os ingressos se esgotaram com quatro dias de antecedência. A diretoria promoveu ainda dois treinos abertos no CT do clube. O resultado foi arquibancada lotada e motivação em alta da torcida para acompanhar a atividade dos atletas.

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Protagonista como organizador e também definidor, o meia conta ainda com o apoio de quem tem a missão de comandar o time na beira do campo. Apenas quatro anos mais velho que o seu principal articulador, o quarentão Ricardo Catalá disse da importância de seu principal atleta.

“Além da sua qualidade técnica, o Camilo é uma das lideranças tanto dentro, como fora de campo. Ele se cuida muito. Desde a alimentação até o complemento dos exercícios. Um cara que se preocupa nesse nível, não aceita ficar para trás em termos de competitividade. É um jogador que já passou por um filtro de exigência muito grande”, comentou o treinador do Mirassol que renovou o contrato até o final de 2023.

TESOURA NA CABELEIRA

O cuidado com o visual sempre fez parte do perfil de Camilo no futebol. Durante a maior parte da sua trajetória, ele cultivou os cabelos cacheados e fez das madeixas uma de suas marcas registradas. No entanto, no jogo contra a Aparecidense, um corte radical chamou a atenção não só da torcida, mas também dos companheiros.

A mudança no visual já estava sendo ensaiada, mas a princípio aconteceria, na prática, só após a volta olímpica. Envolvido pela confiança de que o objetivo seria apenas questão de tempo, Camilo acabou antecipando a novidade. O jogador alegou ainda uma espécie de volta no tempo para justificar o fim dos cabelos ondulados. “Queria deixar o cabelo com o mesmo corte que usei quando estive aqui em 2013. Queria lembrar o homem que amadureceu, saiu e conquistou várias coisas na vida pessoal e na carreira. A intenção era deixar essa marca”, afirmou o atleta logo após a partida.

COPA DO MUNDO DO CATAR

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Apesar da alta rodagem no mundo do futebol e de ter tido passagens também pela China e pelo mundo árabe, a relação de Camilo com a seleção brasileira se resume a uma convocação feita pelo técnico Tite em 2017. À época, seu nome constou na lista do treinador da seleção brasileira para um jogo com a Colômbia, em partida organizada para homenagear as vítimas do acidente aéreo com o avião da Chapecoense.

Como não se tratava de Data Fifa, foram chamados os atletas que estavam no Brasil. Camilo era destaque do time do Botafogo. No jogo, que teve vitória brasileira por 1 a 0, ele entrou no segundo tempo. Ao Estadão, ele comentou da expectativa em torno do desempenho da seleção brasileira no Mundial que começa no mês que vem. “A seleção é sempre candidata. Vejo com bons olhos a conquista do título. Temos excelentes jogadores, o treinador está muito bem na condução do trabalho e espero que o Brasil siga protagonista no cenário mundial”, comentou.

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