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De Júnior a Dorival: conheça o novo técnico da seleção brasileira

Ex-treinador do São Paulo substituirá Fernando Diniz; relembre confusão com Neymar, luta contra câncer, estilo de jogo e títulos do comandante da equipe nacional

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Foto do author Róbson Martins
Atualização:

Dorival Júnior é o novo técnico da seleção brasileira. Ele pediu desligamento do São Paulo neste domingo para assumir a seleção brasileira, na vaga do demitido Fernando Diniz após uma campanha decepcionante nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Aos 61 anos, o treinador tem três conquistas da Copa do Brasil e uma da Libertadores como principais títulos da carreira.

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Dentro das quatro linhas, atuava como volante e começou sua carreira como profissional na Ferroviária, em 1982, depois de ser mascote do clube quando criança e conhecido apenas como Júnior. Sobrinho de Olegário Tolói de Oliveira, o Dudu, ídolo do Palmeiras entre os anos 1960 e 70, ele vestiu as camisas de Marília, Guarani, Avaí, Joinville, São José-SP, Coritiba, Grêmio, Juventude, Matonense e Botafogo-SP, além de atuar no próprio alviverde paulista.

Dorival pendurou as chuteiras em 1999, aos 37 anos. Como treinador, finalmente passou a ser chamado pelo primeiro nome, herdado de seu pai. Sua trajetória na nova função teve início no mesmo clube que o revelou para o futebol, em 2002. Desde então, também comandou Figueirense, Fortaleza, Criciúma, Juventude, Sport, Avaí, São Caetano, Cruzeiro, Vasco, Santos, Atlético-MG, Palmeiras, São Paulo, Ceará, entre outros times.

Relembre carreira de Dorival Júnior, novo treinador da seleção. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Seus trabalhos mais recentes foram no Flamengo e no São Paulo. No time rubro-negro, chegou no meio da temporada de 2022, após a saída do português Paulo Sousa. Em pouco tempo, acertou o time e levou-o aos títulos da Libertadores e da Copa do Brasil. Um de seus maiores méritos foi conciliar a dupla Pedro e Gabigol no ataque.

Apesar dos títulos no Flamengo, Dorival foi preterido pela diretoria e não teve vínculo renovado. Após alguns meses desempregado, acertou seu retorno ao São Paulo em abril para substituir Rogério Ceni. Ao lado de jogadores como Beraldo, Rafinha Nestor e Calleri, Dorival fez a equipe desacreditada retomar o rumo dos títulos, conquistando novamente o torneio nacional no ano passado. Ele também foi campeão da Copa do Brasil com o Santos, em 2010.

Em entrevista recente ao Estadão, Dorival fez uma defesa enfática dos treinadores brasileiros. Na ocasião, o técnico criticou o imediatismo dos clubes brasileiros e a falta de continuidade de projetos. Mas Dorival deixou, por conta própria, nos últimos anos trabalhos pela metade. Aconteceu no Ceará em 2022 e agora no São Paulo.

“Eu acho que nós temos profissionais muito capacitados aqui, como Portugal tem os bons e os médios, nós temos da mesma forma. Infelizmente, a gestão dos nossos clubes nos últimos anos comprometem o desenvolvimento de um trabalho. Não se faz trabalho no Brasil. Você gera resultados ou está fora. Você pode ter mais ou menos nome, pode ser mais ou menos experiente. Não gerando resultado, você vai ser trocado. Os processos não são respeitados, aliás processos não existem no nosso País. Nós não temos aqui a paciência de entendermos que tudo é um processo, que você não queima etapas no futebol porque senão você vai pagar um preço muito alto”, disse Dorival antes de exaltar a capacidade dos brasileiros de se sustentar na elite do esporte por tantos anos.

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“O treinador brasileiro ainda sobrevive porque não é fácil você estar aí. Viver 15, 20 anos de profissionalismo, estando e se manterem em equipes da Série A do Campeonato Brasileiro e sempre com trabalhos reconhecidos. Então é porque algum valor também nós temos e nós estamos preparados para toda e qualquer situação”, afirmou Dorival.

Dorival tinha contrato com o clube do Morumbi até o final de 2024 e multa rescisória equivalente a três salários (aproximadamente R$ 2 milhões). Ele deixa o time paulista com 25 vitórias, 13 empates e 16 derrotas em 54 jogos — aproveitamento de 54,3%.

“É a realização de um sonho pessoal, que só foi possível porque tive o reconhecimento do trabalho desenvolvido no São Paulo”, afirmou em nota oficial publicado pelo São Paulo. “Agradeço também à torcida por todo o carinho e apoio”.

Agora, Dorival Júnior tem o desafio de recuperar a confiança da torcida brasileira. A seleção ocupa atualmente o sexto lugar nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo, que será realizada nos Estados Unidos, Canadá e México. Antes disso, ele também terá pela frente a Copa América de 2024, na Argentina e na Colômbia.

Confira mais curiosidade e detalhes marcantes da carreira de Dorival Júnior:

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Como jogam os times de Dorival

Dorival é elogiado por sua liderança e sua capacidade de motivar os atletas. Tem o 4-2-3-1 como formação favorita, mas é um treinador adaptável, capaz se adequar rapidamente às características do elenco — perfil quase oposto ao de Diniz, cujo estilo de jogo único exige muito tempo de adaptação. Apesar disso, alguns pontos são recorrentes em suas equipes.

Defensivamente, seus times costumam marcar em cima, pressionando o adversário no campo de ataque para retomar a posse. No ataque, é adepto da saída de três, com um volante voltando entre os zagueiros para ajudar na saída de bola. Os atletas têm liberdade para trocar de posição constantemente, permitindo abrir espaço na defesa adversária e fazer tabelas.

Dorival Jr. é conhecido pela capacidade de se adaptar às características de seus elencos. Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

Filho como membro da comissão técnica

Dorival conta com Lucas Silvestre, de 36 anos, como auxiliar e membro de sua comissão permanente. Por essa razão, o profissional é um dos cotados para assumir o comando provisório do São Paulo até a chegada de um substituto para o restante da temporada. O técnico vê seu filho como “muito bem preparado” para seguir seus passos.

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“Tem de finalizar alguns aspectos que serão ainda importantes na sua carreira, mas eu não tenho receio em afirmar que futuramente, quando ele resolver seguir carreira solo, ele talvez vai estar muito mais preparado do que eu estava há 20 anos, quando fiz aí meu primeiro trabalho como profissional. Eu gostaria que não existisse mais isso na minha família, mas vai continuar perpetuando aí por mais uma geração talvez. Porque não é fácil essa carreira, ela é muito solitária”.

Câncer de próstata

Em 2019, antes de conquistar títulos que lhe conferiram prestígio para assumir a seleção brasileira, Dorival precisou superar um drama pessoal. Em setembro daquele ano, foi diagnosticado com câncer de próstata e submetido a uma cirurgia, dispensando a necessidade de quimioterapia. O veterano do futebol já estava preparado para retornar aos gramados no ano seguinte, quando assumiu o Athletico-PR.

Treta com Neymar

À frente da equipe nacional, Dorival deve reencontrar Neymar, com quem teve conflitos no passado, e enfrentar o desafio de reduzir a dependência do Brasil em relação ao atacante. A missão da dupla é conquistar uma Copa do Mundo para o País após mais de duas décadas de jejum.

Em setembro de 2010, Dorival Junior foi demitido pelo Santos após uma polêmica com Neymar, então com 18 anos, devido a uma cobrança de pênalti contra o Atlético-GO. Embora tenham trilhado caminhos distintos, o treinador do São Paulo, em novembro de 2023, admitiu ao Estadão que suas expectativas em relação ao atacante eram consideráveis, sem deixar de elogiá-lo por suas contribuições ao futebol.

Dorival Junior e Neymar trabalharam juntos no Santos entre 2010 e 2011. Foto: Robson Fernandjes/ AE

“Ele (Neymar) poderia, talvez, ter alcançado ainda mais. É um jogador que se tivesse um pouco mais de tranquilidade e um desenvolvimento um pouco diferenciado ao longo da sua carreira, talvez pudesse ter encontrado ainda melhores resultados”, afirmou o Dorival, que fez uma ressalva. “Não sei tudo o que aconteceu na sua carreira. Tenho ficado muito afastado daquilo que ele possa ter feito ao longo de todo esse processo, mas nunca deixou de ter o valor que tem. É um jogador de altíssimo nível, diferenciado, um jogador como poucos no mundo.”

Títulos como treinador

  • São Paulo: Copa do Brasil (2023)
  • Flamengo: Copa do Brasil e Libertadores (2022)
  • Vasco: Série B (2009)
  • Athletico-PR: Campeonato Paranaense (2020)
  • Internacional: Recopa Sul-Americana (2011) e Campeonato Gaúcho (2012)
  • Santos: Campeonato Paulista (2010 e 2016) e Copa do Brasil (2010)
  • Coritiba: Campeonato Paranaense (2008)
  • Sport: Campeonato Pernambucano (2006)
  • Figueirense: Campeonato Catarinense (2004)
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