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Julgamento de Daniel Alves: mulher do jogador diz que ele chegou em casa bêbado após ir em boate

Joana Sanz corrobora tese da defesa de que o brasileiro, acusado de estuprar mulher de 23 anos, não tinha plena consciência na noite do ocorrido; policiais afirmam que câmeras em fardas confirmam relato da vítima de suposto abuso

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Por Redação
Atualização:

Aconteceu nesta terça-feira, dia 6, o segundo dia de julgamento de Daniel Alves, em Barcelona, na Espanha, por agressão sexual contra um mulher de 23 anos em um boate da cidade catalã. O brasileiro alega inocência e afirma que a relação foi consensual. Ao todo, 22 testemunhas prestaram depoimento, incluindo a modelo e empresária espanhola Joana Sanz, mulher do jogador. Em sua fala, ela corroborou a sustentação mais recente da defesa, de que Daniel Alves estava bêbado e não tinha plena consciência do ocorrido. Os policiais acionados para a ocorrência naquela noite afirmam que os vídeos captados pelas câmeras nas fardas “confirmam completamente” a versão da denunciante, apresentada nesta segunda-feira.

Daniel Alves prestaria depoimento nesta segunda-feira, mas a juíza Isabel Delgado Pérez atendeu o pedido da defesa para ele ser ouvido depois da mulher que o acusa, testemunhas e peritos. A audiência ocorre em três dias consecutivos. Assim, dele deve ser ouvido somente na quarta-feira, dia 7, quando os trabalhos têm previsão para acabar. O jogador mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga do país. Ainda não há prazo para o anúncio da sentença.

Veja os principais pontos do segundo dia de julgamento:

  • Segundo a imprensa espanhola, nesta terça-feira são ouvidos: Joana Sanz, mulher de Daniel Alves; três amigos do jogador que estavam na boate; três empregados da casa noturna; mãe da denunciante; advogado convocado por uma amiga da denunciante; 11 policiais; policial que gravou o relato da vítima da suposta agressão do brasileiro com uma câmera na farda.
  • Bruno Brasil, amigo que estava com Daniel Alves na boate, relatou que o ex-jogador “bebeu muito” e não especificou o motivo de ter ido ao banheiro. Em depoimento anterior, havia dito que o Daniel se direcionou ao local porque estava com dor de barriga, como lembrou a promotoria. Nesta terça, em português, afirmou não ter se expressado bem por ter falado em espanhol naquela ocasião. Bruno também relatou não ter percebido o tempo entre a entrada e a saída do amigo no banheiro, além de relatar que não viu a denunciante chorando no corredor, porque o local era escuro.
  • Um auxiliar da boate, que ajudou a mulher, depôs e disse que ela afirmou “saber o que estava procurando” quando entrou no banheiro, mas logo se arrependeu.
  • Diretor da boate Sutton, Robert Massanet contou ter visto a denunciante chorando junto a um segurança e ouviu a acusação de assédio. De acordo com o relato de Massanet, em determinado momento, Daniel Alves passou por eles e a mulher o apontou dizendo: ‘Foi ele’. Em seguida, a jovem se recusou a fazer a denúncia, por entender que não acreditariam nela, mas o diretor insistiu em ativar o protocolo de agressões sexuais da boate. Massanet perguntou se ela havia sofrido penetração e a resposta foi “sim”, sem maiores detalhes.
  • O gerente da boate, Rafael Lledó, disse que Daniel Alves é um cliente habitual, mas, na noite do ocorrido, “não estava como sempre” e parecia ter “bebido ou tomado alguma coisa”. Já um funcionário não identificado relatou ter ajudado a tratar um ferimento no joelho da jovem, que era “como uma queimadura”.
  • Dois agentes Polícia da Catalunha que colheram a denúncia da mulher declararam que os vídeos captados pelas câmeras nas fardas “confirmam completamente” a versão da denunciante apresentada nesta segunda-feira. Eles disseram que ela se mostrou muito preocupada em ter a identidade revelada publicamente e que não acreditassem nela. Outro policial, que atendeu a jovem na noite do ocorrido, lembrou uma frase dita por ela: “Não quero dinheiro, quero justiça”. Um terceiro policial revelou ter encontrado impressões digitais na pia, no espelho e no vaso sanitário.
  • Joana Sanz, mulher de Daniel Alves, foi a última a ser ouvida nesta terça-feira. Ela declarou que o jogador havia saído para jantar com os amigos e chegou em casa “muito bêbado” na noite do episódio, por volta das 4h da madrugada. Segundo a modelo, ele esbarrou em um armário da casa e “desabou na cama”. Ela estava acordada, mas não conversavam muito “por causa do estado em que ele se encontrava”.

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A pena para este tipo de crime é de até 12 anos de reclusão. O Tribunal de Barcelona rejeitou pedido do Ministério Público da Espanha para que a audiência fosse realizada à portas fechadas. As sessões acontecem de forma aberta, com a presença da imprensa em sala à parte, mas captações de áudio e imagem estão vetadas.

A mulher que denunciou Daniel Alves teve a identidade preservada e realizou o depoimento nesta segunda-feira, protegida por um biombo para que não tivesse contato visual com o jogador. A imagem dela foi reproduzida em vídeo para os presentes, com a imagem e voz distorcidas. A medida visou proteger a identidade da denunciante. Sua versão durou cerca de 1h30 e ela reafirmou ter sido víolentada pelo atleta.

Daniel Alves (camisa branca) observa juízes durante julgamento na Espanha. Foto: Jordi Borras/AFP

O julgamento é presidido por uma mulher, a juíza Isabel Delgado Pérez, que será acompanhada pelos magistrados Luís Belestá Segura e Pablo Diez Noval. O terceiro dia de audiências, nesta quarta-feira, será dedicado a análise de dados periciais, como imagens das câmeras de segurança da boate onde aconteceu o caso, e exames médicos realizados pela denunciante.

Apesar de a acusação pedir 12 anos de prisão (pena máxima), e o Ministério Público, nove, a tendência é que o brasileiro, se condenado, permaneça recluso por no máximo seis anos. Isso porque no início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça o valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) de indenização à jovem. A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena. O MP solicitou, ainda, dez anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da vítima, assim como de se comunicar com ela, pelo mesmo período.

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A defesa de Daniel Alves, encabeçada pela advogada Inés Guardiola, tentou um acordo com os advogados da denunciante ao longo das últimas semanas. O canal espanhol Telecinco chegou a divulgar que as conversas pela retirada da acusação chegaram a ser protocoladas na Justiça, mas as tratativas por uma conciliação caíram por terra quando Lúcia Alves, mãe de Daniel, compartilhou um vídeo nas redes expondo a identidade de quem seria a mulher que denuncia o atleta de agressão sexual. Em nota, a advogada que defende a mulher, afirmou que vai processar a mãe do brasileiro.

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