A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou aos 20 clubes que disputam a Série B em 2025 acesso ao contrato dos direitos de transmissão da competição. A informação foi dada primeiramente pela revista “Veja” e confirmada pela coluna no Estadão.
O ofício enviado na sexta-feira, 11, cita o artigo 66 do Regulamento Geral de Competições. O texto diz que “clubes que celebrarem contratos que tenham por objeto propriedades relacionadas às competições contidas no calendário nacional de titularidade da CBF devem remeter à entidade cópias dos respectivos instrumentos contratuais antes do início de cada certame, garantidos o sigilo e confidencialidade das informações, propiciando que a CBF participe dos contratos ainda não celebrados, na condição de interveniente anuente”.
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Procurada, a CBF informou que o pedido é um procedimento normal e que acontece com as outras divisões do futebol nacional organizados pela confederação, inclusive o pedido foi feito com os contratos de direitos de transmissão da Séria A. A entidade precisa estar ciente dos contratos referentes aos campeonatos que organiza.
Os contratos de direitos de transmissão da Série B, como os da Série A, foram fechados pelos clubes, por meio da Libra e da Liga Forte União (LFU), diretamente com as empresas, sem passar pela CBF. Isso ocorreu também com os acordos para a exibição dos jogos da Série A.
A coluna apurou que alguns clubes estranharam o pedido da CBF, feito após o início da competição. Há receio de que detalhes contratuais possam ser questionados. Outra preocupação é com possíveis retaliações à empresas que repercutiram as denúncias feitas pela Revista Piauí contra a administração do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

O ofício, assinado pelo diretor jurídico da CBF, André Mattos, foi enviado quatro dias depois que a ESPN exibiu um programa, o Linha de Passe, exclusivamente dedicado à reportagem da revista Piauí. No dia 4 de abril, a publicação trouxe extensa reportagem com denúncias contra a administração de Ednaldo Rodrigues, como o aumento do salário dos presidentes de federações em mais de 200% e gastos de R$ 3 milhões com um grupo de 49 pessoas sem relação direta com a entidade durante a Copa do Mundo do Catar.
A direção da ESPN afastou por dois dias seis jornalistas que participaram do programa e tratou internamente o caso, segundo apurou o Estadão, como um “erro de processo”. A CBF negou que tenha solicitado a suspensão dos profissionais, apesar de admitir ter ligado à emissora antes da veiculação para compreender o teor do programa que iria ao ar.
A ESPN é a principal compradora dos direitos da Série B e detém os 380 jogos para exibição em seu canal na TV fechada e streaming (Disney+) até 2027. O valor pago foi de R$ 46,5 milhões, como revelou a coluna.
A RedeTV e o canal Desimpedidos, no Youtube, compraram os direitos para exibição gratuita (em TV aberta e streaming) por R$ 20 milhões cada, com dois jogos por rodada, em acordo de um ano.
A rede social Kwai tem acordo por uma partida a cada rodada, também em modelo aberto, por R$ 10 milhões. Essa parceria ainda não foi anunciada, mas a CBF já incluiu a empresa nas transmissões na tabela desmembrada que divulgou das rodadas 4 a 11.
O Kwai tem previsão de estrear com o jogo Atlético-GO x Cuiabá, em 22 de abril, às 19h30 de uma terça-feira, dia da semana escolhido para transmissão de suas partidas.
Veja a nota oficial da CBF sobre o assunto:
A CBF esclarece que o ofício enviado na sexta-feira aos clubes foi feito para ter conhecimento dos contratos fechados para esta temporada com as emissoras de TV que disputam a competição. Pela primeira vez na história, a CBF, que é dona dos direitos da Série B, assim como dos demais campeonatos que organiza, liberou os clubes para negociar os seus contratos e gostaria de ser informada sobre os detentores do certame. A entidade não tem interesse na receita dos clubes, mas é responsável por toda a programação das partidas (tabela, horários, locais, e etc) e precisa ter conhecimento dos parceiros da competição.
Ao contrário da apuração da coluna, a entidade informa também que respeita a liberdade de imprensa e não pede interferências de nenhum tipo na linha editorial de veículos de comunicação. Qualquer narrativa diferente desta é mentirosa e leviana. A CBF tem um excelente relacionamento com a ESPN, que é nossa parceira em outras competições, como a atual edição da Copa do Nordeste.