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Opinião|Corinthians sobrevive 1º mês do ano cheio de confusões no time, com Mano Menezes e casos na Justiça

Versão 2024 está pior do que a de 2023, que ficou ameaçada de cair: equipe ocupa terceira posição no seu grupo no Paulistão e vê rivais Palmeiras, Santos e São Paulo liderarem seus respectivos grupos

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O Corinthians fechou janeiro no buraco, pior do que foi o seu encerramento no ano anterior. Era tudo o que o torcedor não queria. Nem o novo presidente foi capaz de mudar o cenário, pelo menos não por ora. Uma névoa sobrevoa o Parque São Jorge e as deliberações do futebol comandado por Mano Menezes. Aliás, o próprio treinador anda perdidão e apontando a falta de reforços e de reposição do elenco como desculpas para o péssimo primeiro mês de 2024. O Corinthians patina em campo, erra na formação do elenco e na gestão de Augusto Melo, o novo capo do clube.

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Protestos, no plural, já foram feitos pela torcida nesses 30 dias, com vaias a jogadores após jogos em Itaquera e confusões na compra de atletas e no acerto com patrocinadores. Tudo parece fora do lugar ainda. O que se salvou em janeiro foi a molecada, campeã da Copinha, e a torcida, ainda presente nas partidas.

É cedo para qualquer avaliação mais justa, mas a caminhada na temporada já começou. Os primeiros passos foram trágicos. Doze atletas foram embora e menos da metade desse número chegou. O elenco precisava de uma limpa mesmo, mas a diretoria de futebol não pode patinar na reposição imediata. Mano tem alguma razão no que fala. Ele disse que o novo presidente “sonhou alto” e nada aconteceu. O “nada aconteceu”, ele não falou. Mas o torcedor viu que nada aconteceu e o time andou para trás.

No Paulistão, por exemplo, o Corinthians é terceiro colocado no seu grupo, atrás de Mirassol e Red Bull Bragantino. Isso incomoda o torcedor. Não é classificação final (dois passam adiante), mas dos grandes do Estadual de São Paulo, apenas o time alvinegro amarga essa condição. Palmeiras, Santos e São Paulo estão na liderança de seus respectivos grupos com folgas.

Em Itaquera, na Neo Química Arena, Corinthians tem dificuldades neste começo de temporada 2024: garotos da Copinha são a única alegria por ora Foto: Alex Silva / Estadão

Mano Menezes ainda não se acertou com o grupo, como se viu nas últimas partidas. Não tem o carinho de todos nem demonstra carinho por todos, como se viu no episódio com Yuri Alberto - ele chamou o atacante de “burro”. Mano não melhorou em nada o Corinthians versão 2024. O time joga pior. Se não tinha ataque, agora não tem também meio de campo e a defesa está mais furada do que antes. É cedo para avaliar? Sim, é cedo para qualquer avaliação. Não para a torcida, que deseja ver o seu time bem logo de cara.

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Mas não é assim que o futebol funciona. O que preocupa é ouvir o goleiro Cássio dizendo que “o time é isso mesmo” e que não adianta pensar diferentemente disso. Cássio joga a real. O presidente e os homens do futebol sonham. Mano também jogou a real, embora ele tenha a obrigação de fazer a equipe jogar com o que tem nas mãos. É pago para isso. Não no sentido do valor que ganha, mas do seu trabalho. Ele tem de saber montar esse quebra-cabeça.

Não vi no Corinthians nenhuma proposta clara ainda. Nem defesa bem fechada nem opção por arrumar a cozinha nem de ficar com a bola no meio de campo nem de jogar aberto pelas pontas... não vi nada. E, convenhamos, não dá para ficar chorando o leite derramado o ano todo e colocando a culpa das más atuações na falta de reforços. O futebol corintiano precisa funcionar. Que seja um dos setores apenas. O time precisa de ideias e de ações na cozinha com os ovos que tem para não passar fome.

Há ainda as derrapadas do presidente, com jogadores que chegaram e foram embora, como Veríssimo e Matheuzinho. Ou ainda pagamentos não feitos e casos que foram parar na Fifa, como do jogador do Talleres, Garro. Joga ou não joga? Fica ou não fica? Nesse ponto de vista, Mano também tem razão em dizer que sonharam alto demais. Gestão precisa de pés no chão. Sair prometendo e fazendo bobagens não deveria pertencer ao futebol. Mas no Corinthians parece que pertence. É isso que o novo presidente precisa estancar. Não conseguiu ainda e está “ajudando” a aumentar o sangramento.

O novo episódio é essa confusão com os patrocinadores Bets, conforme reportagem publicada pelo Estadão. Assinou com uma empresa, recebeu adiantamento de R$ 20 milhões, tinha multa rescisória de outros R$ 20 milhões e resolveu fazer acordo com outra empresa por mais dinheiro, R$ 120 milhões. Resultado: o caso foi parar na Justiça e por lá vai ficar. Mais uma confusão que respinga no futebol. O Corinthians precisa baixa as portas, fechar para balanço e voltar mais bem arrumadinho. Não se classificar para as fases agudas do Paulistão vai ter consequências.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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