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F-1 vê em Mônaco inesperado equilíbrio e chance de redenção para Ferrari

Leclerc aproveita cada pedaço das ruas de Montecarlo para deixar claro: a escuderia de Maranello é forte candidata à pole e, se confirmar, tem uma clara chance de vencer

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Por Evelyn Guimarães/GRANDE PRÊMIO

A sexta-feira de treinos livres do GP de Mônaco registrou uma disputa mais parelha do que o apertado circuito do Principado faz acreditar. Afinal, cinco equipes diferentes surgiram no top 5. É bem verdade que Charles Leclerc usou todo o fator casa para voar por ruas tão conhecidas e fixar uma referência para a Ferrari. Ninguém parece tão veloz em volta única quanto o monegasco, que liderou as ações complementares do dia, impondo uma diferença de quase 0s2 para Lewis Hamilton, outra grande surpresa. Só que a folha de tempos, combinada com a singularidade do circuito e com as simulações do ritmo de corrida do primeiro pelotão, justifica a sensação de uma Fórmula 1 imprevisível — ao menos para o sábado.

Neste ponto é preciso olhar para os detalhes e também para os perrengues de cada um. A Ferrari, por exemplo. Os italianos se prepararam muito bem para o fim de semana à beira do Mar Mediterrâneo, tendo como principal foco a tração e o downforce nos setores mais travados. E não só por ser o GP caseiro de seu principal piloto, mas principalmente para tentar dar o troco na McLaren. A escuderia precisa responder à ascensão dos ingleses. Diante disso, a performance em ritmo de classificação foi absurda. Leclerc se impôs e ainda deixou a impressão de que poderia ter feito mais. Assim sendo, é um forte candidato à pole.

Carlos Sainz vai deixar a Ferrari no fim da temporada e ainda não acertou seu futuro na F-1. Foto: Andrej Isakovic/AFP

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Há algumas ressalvas, no entanto. A primeira delas é a preocupação com o desempenho dos pneus macios. Embora domine os três setores da pista urbana, Leclerc sente que dá para extrair mais se melhorar o ritmo do composto vermelho. “Acho que fomos muito fortes com os pneus médios, mas sofremos para ter ritmo com os macios. Estou confiante com o carro e será importante se manter assim para o terceiro treino livre”, disse o piloto monegasco após o fim da segunda sessão. “Posso ter corrido mais riscos do que os outros, mas foi um primeiro dia positivo”, continuou.

“Acho que há mais ritmo (a ser extraído) se eu conseguir acertar tudo. Se olharmos todos os meus setores, há espaço para mais ritmo se eu acertar tudo”, enfatizou Leclerc, garantindo que a Ferrari chegou a Montecarlo “sabendo que tudo era possível”.

Outro ponto de atenção diz respeito ao ritmo de corrida da Ferrari. Leclerc não foi capaz de tirar performance com o carro em condições de prova. O stint com média de 1min17s5 com os médios ficou aquém, principalmente na comparação com Carlos Sainz. O espanhol terminou o dia em sexto, 0s6 atrás do colega de garagem, mas foi dele a melhor simulação dos italianos.

Sainz andou na casa de 1min15s5. E isso é muito significativo. A Ferrari tem trabalho pela frente. Mas há uma máxima em Mônaco: em um traçado particularmente difícil de passar, a pole é fundamental. E menos dependente do ritmo de corrida. Portanto, nesse sentido, a escuderia de Maranello tem nas mãos uma chance de ouro.

Essa também é a aposta da Mercedes. Ao menos com Hamilton, o carro alemão pareceu muito à vontade no Principado. O britânico de 39 anos liderou a primeira sessão do dia, aproveitando a oscilação da concorrência. Na sessão seguinte e mais importante, também foi rápido, fechando na segunda posição da tabela, apenas 0s188 longe de Leclerc.

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Alguns detalhes explicam esse salto das Mercedes. Houve aderência e tração, além de um desempenho muito bom nos trechos mais lentos — aqui é possivelmente resultado as atualizações implementadas em Miami. O heptacampeão se mostrou satisfeito com a sexta-feira e a oportunidade que se abre à equipe. “Foi o melhor dia que tivemos na pista, nossa aderência foi boa, o que é uma grande surpresa a forma como o carro reagiu aqui, guiá-lo foi muito mais agradável”, revelou o britânico.

Se não enlouquecer, a Mercedes pinta como oponente das mais interessantes neste primeiro pelotão, junto com a Aston Martin. Fernando Alonso foi o terceiro mais rápido do dia e também deixou o carro verdinho com uma pontinha de esperança, depois de dois finais de semana muito ruins, em Ímola e Miami. O caso é que a equipe de Lawrence Stroll tentou uma solução diferente para enfrentar o travado circuito: combinou as atualizações com soluções mais antigas. Funcionou, ao menos por ora. Em termos de ritmo de corrida, a Mercedes leva vantagem.

Então, apareceu Max Verstappen. Pelo segundo fim de semana consecutivo — dá para dizer, na verdade, que é o terceiro, uma vez que a Red Bull também sofreu em Miami —, os taurinos vivem um início mais tumultuado. O holandês enfrentou problemas em todas as voltas rápidas, se queixou de instabilidade do carro, das ondulações do asfalto e até mesmo da tração. Quase foi ao guard rail. É verdade que os engenheiros optaram por uma configuração enrijecida, e isso ampliou a sensação de pulos. Há muito a ser feito nas garagens energéticas.

“Acho que não consigo descrever o que houve. É difícil, não é o que esperava. Com esses solavancos, curvas e mudanças de curvatura, perdemos muito tempo de volta, não temos uma direção clara”, contou Verstappen. “A Ferrari está quilômetros à frente, nem consigo pensar nisso. Quero apenas tornar o carro mais guiável.”

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Em volta única, Verstappen não foi capaz de tirar mais do RB20, e isso é uma questão. “Temos de procurar uma configuração que nos permita atacar mais as zebras. Max disse que o carro saltou como um canguru, mas Checo (Sergio Pérez) também teve os mesmos problemas. Ou seja, perda de downforce. Mas aprendemos muito com a simulação, então sabemos que direção tomar”, explicou o consultor Helmut Marko, que não esconde que os taurinos também não apresentaram todas as armas.

“É claro que não usamos um mapa de motor alto, então acho que a Red Bull é a segunda equipe mais rápida atrás de Leclerc. Já havíamos dito isso na véspera deste fim de semana, Charles era e é o favorito. Nós precisamos mesmo melhorar o acerto. Se não melhorarmos o carro, o ‘fator Max’ não será suficiente”, completou.

O conselheiro tem razão. Principalmente por causa da natureza da pista. Mas há pontos positivos. Verstappen tem o melhor ritmo de corrida de todos. O tricampeão foi mais rápido também utilizando os pneus duros. No entanto, a primeira fila segue crucial.

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E neste cenário todo, quem surgiu também longe foi a McLaren. No entanto, é menos problemático do que parece. A equipe inglesa optou por um programa mais discreto nesta sexta-feira, focando mais no ritmo de corrida — que se mostrou consistente, ainda que atrás da Red Bull de Verstappen. A questão mesmo é entender o quanto os carros amarelos vão se aproximar do grupo mais à frente, especialmente da Ferrari, onde mora a disputa real.

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