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É falso que MC Marcinho tenha esperado três anos e meio por transplante de coração

Artista entrou na fila de espera por transplante em 11 de julho, mas teve de ser retirado por não ter condições médicas de passar pela cirurgia

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Por Talita Burbulhan
Atualização:
Correção:

O que estão compartilhando: que o MC Marcinho esperou por um órgão três anos e meio e faleceu por ter sido retirado da fila de espera.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. MC Marcinho esperou 42 dias por um coração. Ele entrou na fila do transplante em 17 de julho e foi retirado dela em 22 de agosto. A suspensão ocorreu porque ele teve uma piora no quadro de saúde. Na situação em que o músico se encontrava, ele não teria condições clínicas de realizar o procedimento.

 Foto: Reprodução

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Saiba mais: O músico MC Marcinho morreu em 26 de agosto devido a uma falência múltipla dos órgãos. O hospital Copa D’Or informou que o artista entrou na fila de espera por um transplante de coração em 11 de julho. Dois dias depois, ele passou por um procedimento para implantar um coração artificial.

“Marcio ingressou na fila já em prioridade pela gravidade (uso de medicação para ajudar o funcionamento do coração e coração artificial). Ocupava uma posição alta na fila”, explica a nota enviada ao Verifica.

Uma das pessoas responsáveis por gerenciar a carreira dele, a diretora de comunicação Vanessa Bicalho, disse que o artista saiu da lista em 22 de agosto. A assessoria do hospital explica que a suspensão ocorreu porque ele apresentou infecção respiratória e complicações clínicas que tornavam o transplante impossível de ser realizado naquele momento.

Tempo de espera por um coração em 2023

Dados do Ministério da Saúde enviados ao Estadão Verifica indicam que, dos 262 transplantes de coração que ocorreram de janeiro a 28 de agosto no País, 85,4% dos pacientes tiveram que aguardar menos de 1 ano pelo órgão. A maior parte (52,3%) conseguiu fazer o procedimento em menos de 90 dias.

O tempo de espera para o procedimento teve a seguinte variação este ano:

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  • Menos de 30 dias = 72 pessoas (27,5%)
  • De 30 a 90 dias = 65 pessoas (24,8 %)
  • De 3 a 6 meses = 39 pessoas (14,8%)
  • De 6 meses a 1 ano = 48 pessoas (18,3%)
  • Mais de 1 ano = 38 pessoas (14,5%)

Dos 262 transplantes de coração realizados este ano no país, 21 foram em pacientes do Rio de Janeiro, estado onde fica o Hospital Copa D’Or, onde MC Marcinho ficou internado. Hoje 23 pessoas aguardam pelo procedimento no RJ.

O Estado onde um paciente está é um dos fatores que influenciam na espera por um transplante. Prioritariamente, o órgão disponível será ofertado para um receptor que esteja geograficamente próximo do doador.

“Cada órgão tem um período máximo de permanência fora do corpo humano, ao longo do qual o transplante é viável, o chamado tempo de isquemia”, explica a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Daniela Salomão. De acordo com ela, para o coração, o tempo de isquemia é de apenas 4 horas, “tornando o transplante do órgão ainda mais complexo”.

Impedido de receber o transplante

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Quando um paciente compatível com o órgão é encontrado, outro fator que precisa ser levado em consideração é se a pessoa receptora conseguirá ser submetida a um transplante. A equipe médica pode recusar o órgão se avaliar que a situação não é adequada.

De acordo com o hospital Copa D’Or, MC Marcinho chegou a receber uma oferta de transplante, mas não possuía condições clínicas para ser submetido ao procedimento.

Em entrevista para o Estadão, Ilka Boin, membro da diretoria da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) comentou o caso de MC Marcinho. “Ele estava na fila de transplantes no Rio de Janeiro, mas teve descompensação renal. Mesmo sendo o primeiro da lista, não pode receber o órgão”, afirma Ilka.

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A ordem na fila de espera considera ainda outros critérios: tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura e compatibilidade genética com o doador.

O Verifica entrou em contato com o autor da postagem, Felipeh Campos, mas não houve retorno até o momento.

Correções

Uma versão anterior do texto trazia a data errada em que MC Marcinho entrou na lista de transplante de coração. Após a publicação, o hospital Copa D’Or respondeu às perguntas da reportagem e a informação foi corrigida.

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