PUBLICIDADE

À TV, Chávez reafirma ser contra antecipação de eleições

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, voltou a afirmar ser contrário à antecipação do referendo revogatório previsto na Constituição do país para agosto deste ano. Com essa consulta popular, os venezuelanos poderão dizer se Chávez fica ou não no governo. Mas, de acordo com o presidente, que concedeu entrevista à TV Globo, antes desse período o referendo é impossível. "Não é possível antecipar eleições (referendo)", disse ele, brandindo, como em todas as entrevistas concedidas a jornalistas estrangeiros, um exemplar diminuto da Constituição Bolivariana. De acordo com o presidente, todo país é regido por uma Constituição, como no Brasil, e a venezuelana não prevê antecipar eleições. "Seria um golpe de Estado", disse o presidente à TV Globo. Sobre as manifestações contra o Brasil em frente à Embaixada em Caracas por estar ajudando o presidente Chávez, ele disse que essas críticas são de uma minoria "insignificante" comparada ao tamanho do país. "O povo venezuelano adora o povo brasileiro." Nos últimos dias, pequenos grupos, que nunca passaram de 100 pessoas, protestaram em frente à Embaixada do Brasil afirmando que o presidente Luís Inácio Lula da Silva estaria interferindo em questões internas. Mas aqui existe um conflito (divisão), ajudar uma das partes não seria ingerência em assuntos internos?, insistiu a reportagem da TV Globo. Depois de pensar alguns segundos sem encontrar uma resposta imediata, o presidente venezuelano disse que a pergunta não tinha fundamento algum. "Ocorre que aqui não existem duas partes", afirmou Chávez, como se estivesse falando de um outro país e não da Venezuela, onde perdeu grande parte do apoio popular que o ajudou a se eleger, em dezembro de 1998, com a maioria dos votos. O presidente insistiu afirmando que essa conclusão era irracional e que não havia fundamentos nem mesmo para elaborar uma pergunta dessas. "Isso está totalmente fora da lógica, é loucura", acrescentou, argumentando que em todos os países existem conflitos. "Então ninguém (nenhum país) poderia vender para outro um copo de água, ou um quilo de café porque significaria ingerência em assuntos de outro país? De onde saiu essa tese? Só pode ter saído da loucura da oposição venezuelana", afirmou Chávez. De acordo com ele, dentro do marco de subversão que está havendo contra o Estado e contra o povo, o seu governo pediu ajuda ao Brasil e a outros países. Sobre a greve que nesta segunda-feira completa 50 dias, Chávez negou que na Venezuela exista uma paralisação total. "O que há é um golpe, conspiração, terrorismo, um plano para derrubar um governo constitucional. Isso é uma coisa diferente de uma greve de trabalhadores, que tem um processo jurídico de acordo com a lei do trabalho", argumentou o presidente. De fato, a greve na Venezuela se restringe apenas a algumas regiões, tanto em Caracas como no interior do país. Embora alguns centros comerciais nos bairros mais ricos da capital do país permaneçam fechados, o comércio no centro e em bairros populares nunca deixou de funcionar. Até porque mais da metade da população economicamente ativa vive da informalidade. Isto é, se não trabalha, não come. "O que há é uma elite econômica e sindical ilegítimas e alguns partidos políticos que se aliaram para um plano subversivo para derrubar o governo", afirmou Chávez. O senhor se sente em uma guerra?, perguntou a TV Globo. "Sim. Trata-se de uma guerra. Há guerra da mídia contra o governo. Há uma guerra política, econômica e moral." Sobre o "desastre" econômico que enfrenta a Venezuela, Chávez foi catégorico ao afirmar que nenhum país da América Latina mostra hoje cifras positivas. "Tomara que pudéssemos fazê-lo. A América Latina está no meio de um furacão e de uma crise histórica, e a Venezuela faz parte dela", disse. Agora, acrescentou o presidente, "sobre o desastre econômico que você diz estar ocorrendo em meu governo, vou responder". Segundo ele, a Venezuela viveu um desastre econômico, mas no Século 20. "Ninguém pode explicar por que um país onde há mais de 20 milhões de habitantes, mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, produzindo petróleo desde 1914, com montanhas de ouro ferro, bauxita, minerais de todos tipo, milhares de quilômetros de terra fértil e água em quantidades infinitas tenha 80% de pobreza. É dessa pobreza que estamos começando a sair."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.