WASHINGTON- O presidente Barack Obama afirmou nesta terça-feira, 22, que quer falar com o general Stanley McChrystal antes de decidir se o destitui do cargo de liderança das tropas americanas no Afeganistão por uma série de críticas contra altos funcionários do governo.
Em declarações à imprensa após uma reunião com seu gabinete, Obama considerou que o militar mostrou "um erro de julgamento" ao formular suas críticas, que foram divulgadas hoje na internet pela revista Rolling Stone.
McChrystal irá amanhã a reuniões no Pentágono e ao encontro mensal na Casa Branca sobre o Afeganistão, onde dará explicações pessoalmente a Obama sobre seus comentários.
Para Obama, "está claro que o artigo da revista mostra um erro de julgamento (do general)", mas o presidente quer falar pessoalmente com ele "antes de tomar qualquer decisão".
Apesar de tudo, ressaltou o presidente, o objetivo da Casa Branca é assegurar que a rede terrorista Al-Qaeda e seus filiados não ataquem os Estados Unidos e seus aliados.
"Seja qual for a decisão a respeito do general, será pela necessidade de garantir que contamos com uma estratégia que faz com que os enormes sacrifícios de nossos homens e mulheres de uniforme valham a pena", sustentou.
Previamente, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, se negou a dizer se McChrystal continuará em seu posto ou não depois da reunião e se limitou a afirmar que é preciso "esperar e ver o resultado do encontro", em um indício de que o general poderia ser substituído.
O porta-voz acrescentou que McChrystal "cometeu um tremendo erro" e amanhã "terá a chance de explicar seus comentários" no encontro.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, que apoiou a nomeação e a estratégia no Afeganistão de McChrystal, também qualificou as declarações do alto comandante como "um grande erro".
O artigo piora os desacordos internos no governo americano sobre a atuação no Afeganistão, onde Obama quadruplicou a presença militar desde sua chegada ao poder, há um ano e meio.
No artigo publicado pela Rolling Stone, McChrystal se mostra muito crítico ao enviado especial americano para o Afeganistão e o Paquistão, Richard Holbrooke, ao qual descreve como um "animal ferido".
O general também se declara "traído" pelo vazamento no ano passado de um comunicado sigiloso diplomático escrito pelo embaixador dos EUA em Cabul, Karl Eikenberry, que expressava dúvidas sobre a conveniência de reforçar o desprestigiado governo afegão com mais soldados.
McChrystal está à frente das tropas no Afeganistão há um ano e substituiu o general David McKiernan, que defendia uma estratégia mais convencional no país.
Karzai
O presidente afegão Hamid Karzai espera que o general McChrystal não seja destituído por Obama e o considera o "melhor comandante" das forças internacionais no Afeganistão desde o início da guerra, disse nesta terça seu porta-voz à agência de notícias AFP.
"É uma pessoa de grande integridade, que tem (a seu favor) uma grande confiança do governo e do povo afegão", acrescentou Omar. "Houve progressos sob sua direção", avaliou o porta-voz.