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Brasil negocia acordo para permitir retorno de brasileiros na Venezuela

Cerca de 2 mil brasileiros vivem em Santa Elena do Uairén, primeira cidade do lado venezuelano; fronteira está bloqueada desde quinta, 21

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Foto do author Felipe Frazão
Foto do author Luiz Raatz
Por Felipe Frazão, Luiz Raatz e enviados especiais a Pacaraima

PACARAIMA - A situação dos brasileiros que vivem ou fazem turismo na região de fronteira com Venezuela causa apreensão em autoridades nacionais, que negociam um acordo para permitir a travessia deles, desde que a passagem oficial foi bloqueada pelo regime do presidente Nicolás Maduro, na última quinta-feira, 21. Oficiais do Exército relataram à reportagem que a diplomacia faz tratativas para conseguir uma permissividade maior.

Venezuelanos voltam ao seu país depois de comprar comida na cidade de Pacaraima, em Roraima, no Brasil, antes do fechamento da fronteira Foto: Ricardo Moraes/Reuters

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Segundo os militares, que falaram na condição de anonimato, nesse momento os brasileiros que visitavam o Monte Roraima, cuja entrada passa pela área indígena onde houve um confronto com mortos, estão sendo acolhidos pelo vice-cônsul do Brasil em Santa Elena do Uairén, Ewerton Oliveira. A estimativa dos oficiais é de que 2.000 brasileiros vivam em Santa Elena, a primeira cidade do lado venezuelano. 

Todo o abastecimento de comida é atualmente provido por Roraima. “O vice-cônsul do Brasil em Santa Elena está acolhendo esse pessoal até que se sintam seguros e autorizados, de repente, o bloqueio sejamais seletivo. As ambulâncias, por exemplo, passam”, disse o coronel Georges Feres Kanaan, coordenador operacional adjunto da Força Tarefa Logística Humanitária. “O vice-cônsul faz a segurança e a proteção desse pessoal e até dele mesmo.”

“A ordem é negociar. Existem muitas pessoa agitando do lado de lá e de cá”, disse um servidor do Consulado brasileiro em Santa Elena, que atravessou a fronteira pela estrada bloqueada, com autorização das Guarda Nacional Bolivariana. “O que aconteceu em Santa Elena é inaceitável, mas não é problema nosso, é um problema deles”, afirmou, em referência ao confronto interno de ontem, que deixou ao menos três mortos e dezenas de feridos.”

Agentes de viagem de Boa Vista que conversaram com a reportagem estimaram em 60 o número de brasileiros que faziam a travessia do Monte Roraima quando a fronteira foi bloqueada, na noite de quinta-feira.Há ainda turistas de outras nacionalidades.

Um grupo deles, com mochilas de caminhada, conseguiu fazer a travessia ontem, por meio de trilhas abertas na mata de savana. O trajeto dura cerca de 3 horas e é considerado arriscado e ilegal pelas autoridades brasileiras, mas tem sido o único meio chegar ao País. Outros 13 mochileiros deveriam chegar hoje e estão no caminho. 

O Brasil ainda possui adido militar em Caracas e uma representação diplomática com um encarregado de negócios. Não há militares, ao menos oficialmente, em Santa Elena, cidade onde antichavistas e as forças bolivarianas entraram em choque ontem.

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O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) afirmou que a diplomacia brasileira deve estar vigilante e dar proteção. “Centenas de brasileiros vivem entre Santa Elena e Pacaraima, tem caminhoneiros, tem turistas em passeio no Monte Roraima que estão sem poder retornar o Brasil. É uma hora extremamente importante para o Itamaraty manter a vigilância em relação aos acordos internacionais e proteger os brasileiros que lá estão.”

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