LONDRES - A empresa de análise de dados Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook no desenvolvimento de técnicas para beneficiar a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, em 2016, informaram neste sábado, 17, os jornais The New York Times eThe Observer, de Londres.
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Uma análise conjunta dos diários, que citaram ex-funcionários, associados e documentos da Cambridge Analytica, apontou que a violação de dados foi uma das maiores da história do Facebook. A rede social anunciou na noite de sexta-feira que suspendeu a Cambridge Analytica depois de verificar que a política de privacidade de dados foi mesmo violada.
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Também foram suspensas as contas da organização matriz da Cambridge Analytica, a Strategic Communication Laboratories, assim como a do psicólogo da Universidade de Cambridge Aleksandr Kogan e de Christopher Wylie, que dirigem uma empresa chamada Eunoia Technologies, que participou do esquema.
A Cambridge Analytica foi financiada pelo multimilionário americano Robert Mercer, um dos principais doadores do Partido Republicano, com a quantia de US$ 15 milhões. Segundo o Observer, Steve Bannon - que foi um dos principais assessores de Trump até ser despedido no ano passado - era o diretor da empresa.
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O Observer publicou que a empresa usou os dados, colhidos sem autorização dos usuários no início de 2014, para construir um programa de software capaz de prever e influenciar as escolhas nas urnas.
O artigo do diário britânico citou o delator Christopher Wylie da Cambridge Analytica, que trabalhou com Kogan obter os dados, dizendo que o sistema poderia avaliar eleitores de modo a direcionar anúncios políticos personalizados.
Os mais de 50 milhões de perfis representavam cerca de um terço dos usuários ativos da América do Norte e cerca de um quarto dos eleitores em potencial dos EUA na época, disse o jornal.
“Exploramos o Facebook para colher perfis de milhões de pessoas e construímos modelos para explorar o que sabíamos sobre eles e atacar seus medos internos. Essa foi a base sobre a qual toda a empresa foi construída”, disse Wylie segundo citação do Observer.
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Em comunicado, um porta-voz da Cambridge Analytica negou qualquer irregularidade e disse que nenhum dado irregular foi usado pela empresa nos serviços prestados para a campanha de Trump.
A procuradora-geral da Massachusetts anunciou que abriria uma investigação após os relatos da imprensa. "Os moradores de Massachusetts merecem respostas imediatas do Facebook e da Cambridge Analytica", escreveu Maura Healey em sua conta Twitter.
A Comissão de Informação do Reino unido também anunciou neste sábado que está conduzindo uma investigação sobre as atividades da Cambridge Analytica. / REUTERS, AP e AFP