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Militares venezuelanos entram em confronto com civis em cidade na fronteira com a Colômbia

Para dispersar a manifestação, soldados da Guarda Nacional Bolivariana lançaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam balas de borracha contra os cidadãos na cidade de Ureña

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Por Redação

UREÑA, VENEZUELA - Militares venezuelanos dispersaram neste sábado, 23, com gás lacrimogêneo e balas de borracha dezenas de pessoas que tentavam chegar à Colômbia por uma ponte fronteiriça em Ureña, no Estado de Táchira, que teve o fechamento ordenado na sexta-feira pelo governo de Caracas para evitar a entrada de ajuda humanitária.

"Queremos trabalhar", gritava a multidão diante de oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que bloqueavam a ponte Francisco de Paula Santander, uma das quatro que ligam Táchira ao departamento (Estado) colombiano Norte de Santander, onde fica a cidade de Cúcuta, centro de coleta da ajuda enviada pelos Estados Unidos a pedido do líder opositor venezuelano Juan Guaidó.

Barreira da Guarda Nacional Bolivariana na cidade de Ureña, que faz fronteira com Cúcuta, na Colômbia Foto: JUAN BARRETO / AFP

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A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, justificou a medida contra o que chamou de "ameaças" do governo da Colômbia, que respalda a entrada de ajuda solicitada por Guaidó, presidente do Parlamento de maioria opositora e reconhecido como presidente interino da Venezuela por 50 países.

Os militares repeliram a manifestação depois de dispararem balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra dezenas de moradores que exigiam atravessar a ponte para trabalhar no lado colombiano, segundo a agência France-Presse.

"Coloquem-se do lado certo da história", dizia um cartaz carregado por um dos manifestantes.Há relatos de que pelo menos duas pessoas foram presas na confusão. 

Um grupo de manifestantes queimou um ônibus e as chamas atingiram também uma casa na região. Alguns também queimaram pneus. Os militares posicionaram um veículo e barricadas para impedir a passagem. 

"Eu tenho que passar para cumprir minhas oito horas de trabalho. O que vai acontecer se eu não chegar? Minha família depende de mim", afirmou, antes dos distúrbios, Unay Velasco, um jovem de 24 anos que presta serviços de limpeza em um supermercado de Cúcuta.

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Diante da insistência de uma manifestante que protestava em frente aos militares, um deles respondeu que não poderia deixá-la passar pois estava cumprindo uma "ordem presidencial".

Os agentes estão vestidos e armados com indumentária antidistúrbio e quase todos têm em suas mãos bombas de gás lacrimogêneo, um armamento não letal comumente utilizado pelas forças da ordem para reprimir os protestos antigovernamentais.

Enquanto isso, na ponte internacional Simón Bolívar, a passagem também amanheceu fechada e a de Las Tienditas segue sem novidades, igualmente bloqueada com obstáculos colocados esta semana pelo exército venezuelano.

A tensão nas fronteiras da Venezuela aumentou depois dos fechamentos ordenados por Maduro. A passagem para o Brasil, onde também estão armazenadas doações, está bloqueada desde a noite de quinta-feira.

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Quase 40 mil venezuelanos atravessam diariamente as fronteiras tachirenses, segundo as autoridades migratórias. A maioria retorna ao país após o horário de trabalho ou depois de comprar medicamentos ou produtos em falta em seu país. 

A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica, com um salário mínimo equivalente a apenas 6 dólares. Quase 2,7 milhões de pessoas deixaram o país desde 2015, segundo a ONU.

Guaidó e Maduro convocaram seus partidários na Venezuela para as ruas neste sábado. O opositor para exigir a entrada da ajuda e o chavista para denunciar o que qualifica como uma tentativa de "intervenção militar".

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Deserções

Quatro militares venezuelanos desertaram neste sábado depois de atravessar duas pontes na fronteira com a Colômbia, fechadas por ordem do governo Maduro ante o anúncio de entrada de ajuda no país, informaram as autoridades colombianas.

Manifestantes tentaram convencer os militares a permitirem a passagem com o argumento de que têm trabalhos e familiares que precisam de atenção do outro lado da ponte Foto: EFE/Ernesto Guzmán

Três militares que estavam em um tanque derrubaram uma das cercas de segurança da ponte Simón Bolívar, na cidade colombiana de Cúcuta, informou um oficial do serviço de migração da Colômbia. Durante a ação, uma mulher que estava perto da fronteira ficou ferida, segundo as mesmas fontes.

Em um comunicado à imprensa, a autoridade migratória afirmou que os militares "desertaram da ditadura de Nicolás Maduro". A patente dos militares não foi divulgada.

Os membros da GNB entraram no território colombiano, enquanto o veículo ficou do lado venezuelano, de onde foi retirado por militares. 

O serviço de migração da Colômbia também informou que um sargento da Guarda desertou depois de atravessar outra ponte que liga Cúcuta à Venezuela. / AFP e EFE