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Em documentário, cineasta mostra como irmão se converteu ao Islã radical

Jovem britânico se tornou ativista que defende a adoção da Lei Islâmica no país.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Rich/Salahuddin organizou protestos contra combates no Afeganistão Em menos de um ano, Robb Leech deixou de reconhecer o meio-irmão, Rich, com quem havia passado a infância na cidade de Weymouth, no sul da Inglaterra. Em 2009, Robb e sua família ficaram surpresos ao ver o nome de Rich - que agora se autodenomina Salahuddin e se converteu ao islã radical - citado em uma reportagem sobre um grupo extremista islâmico que queria implementar a sharia (lei islâmica) na Grã-Bretanha. "Nossa família ficou arrasada. Ninguém sabia de nada - era uma situação nefasta e desconhecida. Decidi então fazer um documentário como uma forma de lidar com isso", disse Robb. Seu documentário, My Brother the Islamist ("Meu Irmão, o Islâmico", em tradução livre), será exibido nesta segunda-feira na Grã-Bretanha pela BBC. O documentário mostra a transformação de Rich de um jovem comum, de 27 anos, que chegou a trabalhar como segurança na BBC, em uma pessoa "disposta a lutar e morrer no exterior pela causa islâmica". Mostra também seu distanciamento da família após a mudança dele para Londres, cinco anos atrás. "Como muitos outros, Rich havia deixado sua cidade natal em busca de algo mais - um sentido na vida, algo que ele encontrou na religião", conta Robb, em depoimento à BBC. Rich passou a se chamar Salahuddin, um nome carregado de ironia: Salahuddin, ou Saladino, foi o sultão do século 12 que expulsou os cruzados de Jerusalém. Um dos líderes das Cruzadas foi o rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão - um apelido de Richard teve durante a infância. Desilusão O grupo de Rich quer a adoção da sharia pela Grã-Bretanha Robb visitou o irmão em Londres. Num encontro na entrada de uma estação de metrô, Rich - usando uma espessa barba e um traje islâmico - Salahuddin reclamou da "sujeira do local". "'Toda esta sujeira, esse munkar (pecado), tudo vai embora quando a sharia entrar'", afirmou Rich, olhando com desdém ao seu redor", relata Robb. "Voltei para casa convencido de que ele tinha passado por uma lavagem cerebral. Comecei a me perguntar repetidamente: como isso aconteceu, e por quê?" Em conversas com o irmão e com os companheiros dele, Robb concluiu que todos encontraram no Islã uma oportunidade de transformação e aparentaram estar desiludidos com a sociedade ocidental. Um dos amigos de seu irmão é Abdul Dean, "outro homem branco, que antes havia sido músico de drum and bass, e se tornou muçulmano depois de sua irmã morrer, aos 18 anos, de overdose de cocaína". Outro amigo é Zacariah, antes também um músico chamado Charles, que se converteu em oposição ao ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush e à resposta anglo-americana ao 11 de Setembro. "O que basicamente me incentivou a ler sobre o Islã foi George Bush, por ironia. Ele havia dito: 'Ou vocês estão conosco ou estão contra nós'. Então, pensei: eu não estou com ele", disse Zacariah. Surpresas e manifestações Robb diz que ficou surpreso ao descobrir que muitos dos radicais islâmicos que conheceu eram "amáveis e até engraçados". O filme mostra que eles saem às ruas do leste de Londres para queimar bandeiras americanas e chamar de "assassinos" os soldados britânicos que voltaram da Guerra do Afeganistão, num "lembrete de como eles haviam se tornado insensíveis e distantes da sociedade normal". A nova vida afastou Rich de sua família. Ele disse ao irmão que "Alá afirma no Corão que não (devemos) acreditar que descrentes sejam nossos amigos e ajudantes, porque eles planejam nos desviar". Robb se disse "chocado" quando o irmão se recusou a cumprimentá-lo, por considerá-lo um "kafir (descrente) sujo". Em uma visita a Weymouth, ele também tentou impedir a mãe de participar do documentário porque ela se recusou a usar um véu islâmico. Mas, em seu depoimento, Robb diz que tem "esperança" na mudança de pensamento do irmão convertido. Após uma sessão do documentário assistida por Rich, este pediu desculpas ao irmão por ter recusado seu aperto de mão. "Não quis ofender", ele disse. "Fui embora com um sorriso no rosto", disse Robb. "Era um alívio saber que as coisas podem mudar, ainda que seja apenas um mero aperto de mãos." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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