WASHINGTON - Treze cidadãos russos foram indiciados nesta sexta-feira, dia 16, sob a acusação de conspirar para interferir na eleição presidencial americana de 2016 com o objetivo de minar o sistema político dos Estados Unidos e favorecer a candidatura de Donald Trump, em detrimento da de Hillary Clinton. As atividades foram além da disseminação de informações falsas na internet e abrangeram a organização de manifestações, o recrutamento de ativistas e o envio de releases a veículos de imprensa.
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As atividades detalhadas na acusação colocam em xeque a alegação de Trump de que a intervenção da Rússia nas eleições de 2016 é uma invenção dos democratas para justificar a derrota de Hillary. As informações que a sustentam foram obtidas em investigação do FBI, que monitorou comunicações entre os 13 russos indiciados.
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Em um documento de 37 páginas, o procurador especial Robert Mueller descreve uma operação que começou em 2014 e chegou a empregar mais de 80 pessoas na Rússia em meados de 2016. Segundo a acusação, o financiamento das atividades veio da empresa Concord Management & Consulting, que tem vários contratos com o governo de Vladimir Putin.
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A ação nos EUA integrava uma ofensiva mais ampla de interferência nos sistemas político e eleitoral de vários países, batizada de Projeto Lakhta. Em setembro de 2016, o orçamento mensal da empreitada era de US$ 1,25 milhão (R$ 4 milhões). As atividades nos EUA foram conduzidas pela Internet Research Agency, que declarou sua intenção de empreender uma “guerra de informação contra os Estados Unidos”.
A acusação não abrange nenhum cidadão americano, mas afirma que os russos conspiraram com “pessoas conhecidas” do grande júri, que aprovou o indiciamento e analisou as acusações apresentadas.
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“Eles se engajaram em operações que tinham o objetivo primário de transmitir informação depreciativa sobre Hillary Clinton, prejudicar outros candidatos como Ted Cruz e Marco Rubio e apoiar Bernie Sanders e o então candidato Donald Trump”, ressaltou Mueller, fazendo referência a adversários republicanos de Trump e ao democrata que disputou a candidatura com Hillary.
Para influenciar a opinião pública, os russos criaram centenas de contas em mídias sociais com falsas identidades, com as quais se passavam por americanos. Também organizaram grupos políticos no Facebook ou no Instagram, nos quais fomentavam visões extremistas. As ações foram além do mundo virtual e abrangeram a organização de protestos a favor de Trump e contra Hillary.
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Nos dias que antecederam a eleição, ainda segundo o relatório, as contas criadas pelos russos passaram a desestimular o voto de minorias – que costumam ser democratas – e incentivar a opção por terceiros candidatos, como Jill Stein, do Partido Verde.
Entre as medidas tomadas pelos russos, estavam a compra de espaço em servidores de computador com sede nos EUA, o roubo de identidade de americanos para abertura de contas bancárias e a criação de e-mail fictícios.
Entre os atos contra Hillary, a acusação menciona uma manifestação de muçulmanos a favor da candidata convocada pelos russos. Nela, um dos participantes carregava cartaz com uma frase falsamente atribuída à candidata: “Eu acho que a sharia será uma poderosa nova direção da liberdade”.
Os russos também transferiram recursos para um americano contratado para construir uma jaula grande o bastante para abrigar uma atriz travestida de Hillary.
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