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O que são as luzes estranhas no Marrocos, vistas pouco antes do terremoto? Entenda

Fenômeno acontece pelo acúmulo de descargas elétricas e foi registrado por pessoas que estavam no local do desastre

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Por Redação

Luzes estranhas puderam ser vistas no céu do Marrocos logo antes do terremoto de magnitude 6,8 atingir os arredores de Marrakech, disseram usuários de redes sociais. Os relatos são do dia 8, quando o tremor atingiu o país e matou mais de 2,6 mil pessoas e feriu milhares de outras.

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Mesmo com dificuldades de verificar todas as publicações que mostraram algum vídeo ou foto sobre o caso, cientistas afirmam que as diversas luzes na atmosfera são uma consequência possível de um terremoto. Segundo eles, o fenômeno é fruto de mudanças elétricas que ocorrem abaixo da superfície terrestre quando um terremoto acontece.

“O terremoto [do Marrocos] aconteceu à noite. A condição para que as luzes do terremoto fossem vistas e até registradas por câmeras seria relativamente alta”, disse o geofísico Friedemann Freund, de acordo com a agência de notícias Bloomberg.

Vários fenômenos luminosos diferentes podem ser associados a terremotos. Os relâmpagos são comuns, embora não sejam os típicos raios de uma tempestade. Os relâmpagos de terremoto viajam do solo para a nuvem, ativados por cargas elétricas associadas à atividade sísmica na Terra.

Mas as “luzes de terremoto” a que Friedemann se refere são geradas pelo movimento das placas tectônicas. Elas podem aparecer como brilhos constantes, bolas de luz, serpentinas ou relâmpagos, de acordo com o United States Geological Survey.

Friedemann explica que nosso planeta é eletricamente condutor: quando nos conectamos a uma tomada, aterramos essas correntes elétricas na Terra.

Durante um terremoto, forças sísmicas ou tectônicas deformam rochas e minerais na crosta terrestre, o que permite o fluxo de correntes elétricas.

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Essas cargas elétricas se acumulam tanto na superfície da Terra que acabam produzindo descargas — partículas carregadas positivamente nas rochas atraem partículas carregadas negativamente na atmosfera mais alta da Terra. Elas podem produzir luz sobre a superfície.

“Se fosse à noite, seria tão brilhante que seria possível ler um jornal”, disse Friedemann, que já publicou estudos sobre terremotos e luzes de terremotos.

A cor da luz depende do tipo de átomo excitado na atmosfera. As moléculas de oxigênio podem produzir uma luz avermelhada ou esverdeada, mas uma mistura produziria uma luz amarela brilhante.

Como as cargas elétricas estão mudando na superfície e no ar, Friedemann disse que as pessoas e os animais também podem, às vezes, sentir dores de cabeça — o que explica alguns comportamentos estranhos dos animais logo antes da ocorrência de um terremoto. As pessoas também podem ver seus cabelos se eriçarem ou ter cócegas na pele.

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“Se essas luzes de terremoto ocorrerem, então isso é uma indicação de que as tensões estão se acumulando, o que possivelmente levaria a um fenômeno mecânico que chamamos de terremoto”, disse Friedemann, que trabalhou na NASA por 30 anos e agora é cientista sênior de pesquisa no Instituto Seti. Mas ele acrescentou que “a conexão não é totalmente garantida”.

Alguns geofísicos discutem se as luzes de terremoto estão realmente ligadas à atividade sísmica ou se têm uma explicação diferente, como o acionamento de um sistema elétrico.

O sismólogo John Ebel disse que acha que as luzes de terremoto são reais porque leu relatos dos anos 1700 — antes da existência de sistemas elétricos.

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Ebel disse que, na maioria dos terremotos, não há relatos de luzes, mas isso pode ter várias explicações. Por um lado, ele afirmou que muitos terremotos acontecem durante o dia, portanto as pessoas provavelmente não veriam as luzes fracas.

Além disso, muitos terremotos são centrados nas profundezas do subsolo, e não há relatos de luzes nesses casos.

Estudar quando as luzes do terremoto ocorrem em relação ao tremor poderia ajudar os pesquisadores a prever melhor esses eventos fatais.

A maioria dos relatos é feita no momento de um terremoto — as pessoas acordam, veem um clarão e a terra está tremendo.

Se houvesse documentação de que as luzes do terremoto ocorreram antes do evento, os pesquisadores poderiam instalar instrumentos perto das principais linhas de falha para procurá-las como um sinal de alerta.

“Não temos uma maneira direta de medir os pulsos dentro da Terra”, disse Ebel, professor de geofísica do Boston College. “Se pudermos encontrar algum fenômeno que nos dê informações sobre o acúmulo de pressão na Terra antes do terremoto, isso poderá nos ajudar a prevê-los.”/COM BLOOMBERG

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