Manifestantes acusam Exército da Nicarágua de sequestrar opositor 

O líder opositor já havia sido alvo das forças do governo na semana passada, quando um hotel de sua propriedade, que fica em Masaya, foi incendiado na presença de policiais

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Atualização:

MANÁGUA  - Manifestantes nicaraguenses denunciaram nesta segunda-feira, 23, o “sequestro” de seu líder na cidade de Masaya, Cristhian Fajardo, por membros do Exército da Nicarágua, quando ele tentava cruzar a fronteira com a Costa Rica. 

Manifestações contra Ortega na cidade de Masaya Foto: AP Photo/Arnulfo Franco

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Um manifestante identificado apenas como Jab afirmou à agência EFE que Fajardo foi preso com uma mulher identificada como María Adilia Cerrato, também nicaraguense. Ele não deu mais detalhes de como teria ocorrido sequestro, apenas de que ele estaria relacionado à repressão do governo aos protestos contrários a ele que já deixaram entre 277 e 351 mortos desde abril. 

+ Entrevista: ‘Se Ortega não ceder, haverá uma guerra civil’

“Os homens do Exército o agarraram quando tentava entrar na Costa Rica e o entregaram à Polícia. Não sabemos onde ele está”, disse um manifestante de Masaya não identificado em um áudio compartilhado nas redes sociais.

Organizações humanitárias do país qualificaram a suposta detenção como um “sequestro”, por ter ocorrido em condições similares às de mais de 700 pessoas que protestavam contra o presidente Daniel Ortega, uma vez que Fajardo, aparentemente, não teria nenhuma pendência com a Justiça. 

O líder opositor já havia sido alvo das forças do governo na semana passada, quando um hotel de sua propriedade, que fica em Masaya, foi incendiado na presença de policiais, segundo denúncia de testemunhas. O incêndio ocorreu dias depois de Fajardo anunciar que Masaya estabelecera um “governo popular” alternativo ao de Ortega. 

A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos já havia acusado Ortega de causar graves violações dos direitos humanos, “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias”. 

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O governo da Nicarágua nega as acusações. O país vive a crise sociopolítica mais sangrenta desde a década de 80, quando Ortega também era presidente. Os protestos atuais contra ele e sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram em 18 de abril contra uma proposta de reforma da previdência que acabou não indo para frente. / EFE 

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