Suplente do PSL falava em nome do governo Bolsonaro, diz assessor paraguaio sobre Itaipu

José 'Joselo' Rodríguez - apontado como lobista na tentativa venda de energia de Itaipu para a Léros - diz que Alexandre Giordano usou família presidencial em negociação

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

ASSUNÇÃO - O ex-assessor da vice-presidência do Paraguai José 'Joselo' Rodríguez – apontado como lobista na tentativa de venda de energia da Usina de Itaipu para a empresa brasileira Léros – disse em entrevista à imprensa paraguaia nesta quarta-feira, 28, que o empresário Alexandre Giordano falava nas negociações em nome do governo brasileiro. 

PUBLICIDADE

“Em todas as conversas com a empresa brasileira a primeira coisa que faziam era dizer que tinham apoio da alta cúpula do governo brasileiro para obter a autorização para importar energia”, disse Rodríguez à Rádio ABC Cardinal. “Isso disseram não apenas a mim, mas na reunião pública também. 

Questionado se Giordano disse que a Léros estaria vinculada à família do presidente Jair Bolsonaro, o ex-assessor respondeu que sim. “Não disseram isso só a mim, mas a todos os demais.”

Giordano esteve no Planalto e viajou ao Paraguai

Suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), Giordano esteve no Palácio do Planalto um dia depois de o presidente  visitar Itaipu, em fevereiro. Ele viajou duas vezes ao Paraguai no primeiro semestre para discutir a compra de energia excedente de Itaipu para a Lérosnum jatinho da empresa– o que é ilegal, segundo a CPI que apura o caso no Paraguai. 

A primeira viagem de Giordano ao Paraguai ocorreu em 9 de abril juntamente com Adriano Tadeu Deguimerndjian Rosa, executivo da Léros e o advogado Cyro Dias Lage Neto, além de dois tripulantes. Eles voltaram a Foz do Iguaçu no mesmo dia. A segunda viagem ocorreu em 25 de junho. 

Algumas das mensagens que mario Abdo Benítez teria enviado para Pedro Ferreira sobre a negociação de Itaipu Foto: Reprodução/ABC Color

Crise começou com vazamento de mensagens

Publicidade

A crise em Itaipu começou quando mensagens de celular vazadas para a imprensa revelaram que o governo do presidente Mario Abdo Benítez aceitou um acordo lesivo ao país nas negociações com o Brasil. O escândalo quase levou ao impeachment de Abdo Benítez e só perdeu força depois de Bolsonaro anunciar a anulação do acordo. 

Em paralelo, veio à público a informação de que a vice-presidência paraguaia pressionou a Ande, a estatal elétrica paraguaia, para vetar um artigo do acordo que dificultaria a venda de energia exclusivamente para a Léros. Nas conversas entre Joselo e a Ande, apareceu o nome de Giordano. 

Suplente do PSL nega irregularidades

Ao Estado, o suplente e a empresa negaram qualquer irregularidade.“Não tenho nenhuma relação com esse acordo. A Léros me chamou e eu fui lá escutar a proposta da Ande sobre venda de energia. Existe uma licitação aberta, que é pública. Eu não comprei nada. A própria Léros não assinou nada”, disse Giordano.

O chamamento público da licitação, divulgado no site da própria Ande,data de 25 de junho, dia da segunda viagem de Giordano ao Paraguai. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.