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Trump diz que deve ser preso na próxima terça-feira e convoca protestos de apoiadores

Ex-presidente é investigado em Nova York sobre o dinheiro pago a mulheres que alegaram ter encontros sexuais com ele; nenhuma evidência de prisão foi apresentada

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O ex-presidente americano Donald Trump afirmou neste sábado, 18, que espera ser preso na terça-feira, 21, em meio à expectativa de que ele seja indiciado em um processo judicial de Nova York que investiga dinheiro pago a mulheres que tiveram encontros sexuais com ele. No entanto, o magnata não forneceu nenhuma prova que sugira a intenção das autoridades em prendê-lo e não disse como sabia do suposto plano em andamento.

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O alerta de Trump foi feito na sua rede social, a Truth Social, na manhã deste sábado. Segundo ele, “vazamentos ilegais” do gabinete da Promotoria de Manhattan indicam a iminente prisão do “candidato e líder republicano e ex-presidente dos EUA”. “Protestem, peguem o país de volta”, acrescentou.

A postagem relembra o aviso que ele fez em agosto do ano passado sobre a batida do FBI no seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, para recuperar arquivos secretos da Casa Branca levados por ele no fim do mandato. Na ocasião, ele também clamou por protestos e foi atendido pelos apoiadores.

O indiciamento do ex-presidente de 76 anos seria uma escalada judicial após anos de investigações sobre os negócios empresariais, políticos e pessoais dele. A provável prisão significaria, possivelmente, o endurecimento das críticas contra Trump, que se coloca como candidato presidencial para 2024, e o engajamento de apoiadores que dizem que ele é alvo de injustiça por parte de promotores democratas. Os promotores se recusaram a comentar o caso.

Ex-presidente Donald Trump durante a Conferência da Ação da Política Conservadora, no dia 4 deste mês, em Maryland Foto: Alex Brandon/AP

Autoridades policiais em Nova York têm feito preparativos de segurança para a possibilidade de Trump ser indiciado. No entanto, não houve anúncio público de prazos para o trabalho investigativo no caso, incluindo a possibilidade de indiciar o ex-presidente.

Os promotores em Manhattan ouvem testemunhas, incluindo o ex-advogado e ‘faz tudo’ de Trump Michael Cohen, que diz ter feito pagamentos em 2016 a duas mulheres para silenciá-las sobre encontros sexuais que elas alegam ter tido com o republicano há mais de uma década. O ex-presidente nega que os encontros tenham ocorrido, diz que não fez nada de errado e chama a investigação de “caça às bruxas” para sabotar a sua campanha do ano que vem.

O gabinete do promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, examina se alguma lei estadual foi violada em conexão com os pagamentos ou com a maneira que a empresa de Trump compensou Michael Cohen por ter mantido as alegações das mulheres em silêncio. Outras testemunhas ouvidas são duas ex-assessoras de Trump Kellyane Conway e Hope Hicks.

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O ex-advogado de Trump testemunhou aos promotores que, por orientação do magnata, foram feitos pagamentos de US$ 280 mil (R$ 1,4 milhão) para a atriz pornô Stormy Daniels e para a modelo da Playboy Karen McDougal para que elas se mantivessem em silêncio sobre as relações com Trump, que estava no meio da sua primeira campanha presidencial.

Cohen e os promotores afirmam que houve uma recompensa de US$ 420 mil (R$ 2,2 milhões) a ele como reembolso pelo pagamento de US$ 130 mil (R$ 685 mil) feito a Stormy Daniels e outras despesas. A empresa classificou esses pagamentos internamente como despesas legais.

A Promotoria, segundo a imprensa local, parece estar focada na falsificação dos registros comerciais da Organização Trump por causa de como foi incluído o reembolso desse pagamento a Cohen, que disse ter adiantado o dinheiro à mulher.

No caso de Karen McDougal, os promotores afirmam que houve um pagamento de US$ 150 mil (R$ 791 mil) feito pela então editora do tabloide National Enquirer, o que impediu que a história viesse à tona.

Os promotores concordaram em não processar a controladora da National Enquirer em troca da cooperação na investigação, que aborda o financiamento de campanha de Trump e levou Cohen a ser acusado em 2018.

A CNN afirmou hoje que o ex-presidente, que vive na Flórida, deverá comparecer em Manhattan após as acusações formais e adiantou a intenção de fazer um discurso logo depois, algo que seus assessores o desaconselharam.

‘Abuso de poder’

Este caso marcaria a primeira acusação contra o ex-presidente americano e poderia impactar a corrida presidencial de 2024, na qual Trump continua sendo um dos principais candidatos republicanos.

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O republicano Kevin McCarthy, líder da Câmara dos Deputados dos EUA, denunciou que a possível ação contra o ex-presidente é um “vergonhoso abuso de poder por parte de um promotor radical” que busca “vingança política contra o presidente Trump”.

“Vou instruir as comissões relevantes a investigar imediatamente se estão usando fundos federais para subverter nossa democracia, interferindo nas eleições com processos judiciais de motivação política”, tuitou.

Elon Musk

Trump enfrenta várias investigações criminais nos níveis estadual e federal por possíveis irregularidades antes, durante e depois de seu mandato (2017-2021).

Na Geórgia, um promotor está investigando as tentativas de Trump e de seus aliados de anular a derrota eleitoral do magnata nas eleições de 2020 nesse Estado do sul do país.

O republicano também é alvo de uma investigação federal sobre a gestão de documentos sigilosos, assim como seu possível envolvimento na violenta invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Alguns analistas acreditam que uma acusação é um mau presságio para as chances de Trump em 2024, enquanto outros especulam que isso poderia, pelo contrário, beneficiá-lo. “A prisão garante a indicação de Donald Trump”, tuitou o estrategista político Rick Wilson, afirmando que a base republicana o apoiará.

O bilionário Elon Musk, dono da empresa de carros elétricos Tesla e autodenominado libertário alinhado com posições republicanas, foi ainda mais longe. “Se isso acontecer, Trump será reeleito com uma vitória esmagadora”, escreveu ele no Twitter.. /ASSOCIATED PRESS, EFE e AFP

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