Último obstáculo, Hungria aprova adesão da Suécia e Otan terá 32 países

Primeiro-ministro Viktor Orbán deu o sinal verde para ampliação da aliança militar após acordo para o fornecimento de caças

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Por Redação
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BUDAPESTE - O Parlamento da Hungria ratificou nesta segunda-feira, 26, a adesão da Suécia à Otan. Esse era último obstáculo para o país nórdico, que abandonou a neutralidade histórica para entrar na aliança militar na esteira da guerra na Ucrânia.

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A votação ocorreu após 19 meses de atraso, que frustrou os aliados da Otan e o resultado foi contundente: 188 votos a favor e apenas 6 contrários.

Na sexta-feira, primeiro-ministro Viktor Orbán deu o sinal verde para ampliação da aliança militar ao receber em Budapeste o premiê sueco, Ulf Kristersson. A liberação ocorreu após Estocolmo anunciar o fornecimento de quatro caças Gripen fabricados na Suécia, além dos 14 que a força aérea da Hungria já utiliza.

Orbán negou que os caças fizessem parte de um acordo para a entrada da Suécia na Otan, mas a oferta foi celebrada nos meios de comunicação controlados pelo governo como um triunfo das táticas de negociação húngaras.

Viktor Orbán na sessão do Parlamento que aprovou a entrada da Suécia na Otan. Foto: AP / /Denes Erdos

Fim da neutralidade

A Suécia se manteve fora de alianças militares por mais de 200 anos e, apesar de ter fortalecido os laços com a Otan no pós-Guerra Fria, sempre descartou a adesão. Até que a Rússia de Vladimir Putin invadiu a Ucrânia.

O não-alinhamento era tido como a melhor estratégia para evitar as tensões com Moscou, mas a guerra transformou rapidamente essa percepção entre os nórdicos. Tanto a Suécia como a Finlândia decidiram buscar proteção na aliança liderada pelos Estados Unidos e abandonaram a neutralidade histórica pela garantia de segurança.

Helsinque se tornou em abril o 31º país-membro da Otan, mas no caso da Suécia, a adesão enfrentou resistências, primeiro, da Turquia, depois, da Hungria.

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Adesão protelada

A Turquia fez uma série de exigências, incluindo uma posição mais dura da Suécia contra grupos curdos que Ancara considera terroristas e o presidente Recep Tayyip Erdogan culpa por uma tentativa frustrada de golpe em 2016.

A queima do Alcorão em protesto da extrema-direita na frente da embaixada turca há pouco mais de um ano complicou as negociações de Estocolmo, que tentava vencer a resistência de Ancara.

Foi só em julho, na véspera da Cúpula da Otan em Vilna, Lituânia, que a Turquia retirou o veto e abriu caminho para que adesão da Suécia fosse votada, em uma virada histórica. O processo foi concluído em janeiro de 2024, quando a Hungria passou a ser o último obstáculo.

Orbán, tem sido um dos aliados da Otan mais próximos da Rússia e, inicialmente, não explicou os motivos da demora em aprovar a Suécia. Depois, surgiram justificativas diferentes. Desde reclamações sobre acusações suecas de retrocesso democrático na Hungria sob o comando de Orbán a materiais didáticos que criticam a Hungria nas escolas suecas e comentários que Kristersson fez anos antes de assumir o cargo./AFP e AP

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