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Universidade de Columbia cancela cerimônia de formatura por protestos pró-Palestina

Evento estava previsto para 15 de maio e foi uma das razões para a retirada de acampamentos de estudantes pela polícia na semana passada; universidade fará eventos menores para pais e alunos

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Por Redação

NOVA YORK - A Universidade de Columbia, epicentro dos protestos contra a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, anunciou, nesta segunda-feira, 6, que cancelou sua principal cerimônia de formatura, que aconteceria na próxima semana. A instituição afirmou que renunciará à cerimônia universitária prevista para 15 de maio e, em vez disso, organizará uma série de eventos com presença reduzida.

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“Estamos decididos a oferecer a nossos alunos a celebração que eles merecem e desejam”, anunciou a universidade americana, sustentando que “eventos escolares menores são melhores para eles e suas famílias”.

“Vamos concentrar nossos recursos nessas cerimônias escolares e mantê-las seguras, respeitosas e em bom funcionamento”, afirmou o comunicado, acrescentando que a universidade já está “fazendo um grande esforço para alcançar este objetivo”.

Um manifestante observa enquanto a polícia monta guarda perto de um acampamento no terreno da Universidade de Columbia em 30 de abril de 2024 Foto: Caitlin Ochs/Reuters

As manifestações em protesto à guerra de Israel contra o Hamas em Gaza abalaram os campus universitários nos Estados Unidos durante semanas, provocando medidas contundentes, prisões em massa e uma medida da Casa Branca para restabelecer a ordem.

Na semana passada, a polícia entrou no campus na Universidade de Columbia para expulsar um grupo de estudantes que tinham ocupado um edifício e desmantelar o acampamento montado nos jardins da unidade educacional.

Os manifestantes exigiam que a instituição cortasse todos os laços econômicos com Israel e empresas que se beneficiam da guerra, bem como garantissem a transparência financeira.

A maioria das cerimônias que estavam programadas para o gramado sul do campus principal, onde os acampamentos foram retirados na semana passada, serão realizadas cerca de 8 km de distância, no complexo esportivo de Columbia.

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Entre os palestrantes em algumas das cerimônias de graduação da Columbia ainda programadas estão o dramaturgo vencedor do Prêmio Pulitzer, James Ijames, a ex-âncora da CNN, Poppy Harlow, o cientista político Ian Bremmer e a Dra. Monica Bertagnolli, diretora dos Institutos Nacionais de Saúde. Além disso, o ator Michael J. Fox está programado para receber uma medalha por serviço distinto do Colégio de Professores da Columbia.

Columbia já havia cancelado as aulas presenciais. Mais de 200 manifestantes pró-palestinos que acamparam no gramado ou ocuparam um prédio acadêmico foram presos nas últimas semanas.

Outras universidades

A decisão acontece enquanto universidades por todo o país estão se questionando sobre como lidar com formaturas. Outro campus abalado por protestos, a Universidade Emory, anunciou esta segunda que moveria sua formatura do campus em Atlanta para uma arena fora da cidade. Mas outras, incluindo a Universidade de Michigan, Universidade de Indiana e Northeastern, realizaram cerimônias com pequenas interrupções.

Muitas universidades estão contratando segurança extra, inspecionando os participantes nos locais e enfatizando que grandes distúrbios não serão tolerados. Ao mesmo tempo, elas prometem honrar os direitos à livre expressão designando zonas de protesto.

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Estudantes vaiaram e gritaram “liberdade para a Palestina” enquanto o presidente da Universidade de Utah falava na noite de quinta-feira, 2, na formatura. Taylor Randall pausou seu discurso para pedir que aqueles que estavam protestando se retirassem ou fossem removidos. Fora da cerimônia em Salt Lake City, um grupo de cerca de 50 pessoas se manifestava. Houve uma prisão.

Mais de 8.000 formandos — e 63.000 espectadores — eram esperados para as festividades de sábado da Universidade de Michigan, onde foi feita a triagem de segurança dos participantes e havia ordens para retirar manifestantes que perturbassem o evento.

Segundo o The New York Times, quando a cerimônia começou no Michigan Stadium, em Ann Arbor, manifestantes usando lenço e capelo carregavam bandeiras e cartazes palestinos enquanto caminhavam pelos corredores. Eles marcharam em direção ao palco gritando: “Vocês não podem se esconder! Vocês estão financiando o genocídio!”. Ninguém foi preso e não houve grandes interrupções no evento.

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Manifestantes se reúnem depois de uma passeata em apoio aos palestinos na Universidade Emory em 1º de maio Foto: Megan Varner/Reuters

Em março, um evento anual reconhecendo estudantes com alto rendimento acadêmico terminou mais cedo quando manifestantes pró-Palestina levantaram cartazes gritando: “Vocês estão financiando um genocídio!” A universidade posteriormente elaborou uma política que poderia levar à expulsão de estudantes e demissão de funcionários por distúrbios em eventos, embora ainda não tenha sido finalizada.

A Universidade do Sul da Califórnia cancelou anteriormente sua principal cerimônia de formatura, enquanto permitia que outras atividades de formatura continuassem. Os alunos abandonaram seu acampamento na USC no início do domingo após serem cercados pela polícia e ameaçados de prisão.

A universidade de 16.000 alunos de Emory é uma das muitas que viram protestos repetidos sobre a guerra. Cerimônias programadas para 13 de maio agora serão realizadas no GasSouth Arena e Convocation Center em Duluth, a quase 30 km do campus da universidade em Atlanta, disse o presidente Gregory Fenves em uma carta aberta.

“Por favor, saibam que esta decisão não foi tomada levianamente,” escreveu Fenves. “Foi feita em estreita consulta com o Departamento de Polícia de Emory, conselheiros de segurança e outras agências — cada uma das quais aconselhou contra a realização de eventos de formatura em nossos campi.”

A universidade chamou agências de polícia externas para prender 28 pessoas depois que um acampamento foi erguido em 25 de abril. Inicialmente, a universidade alegou que os manifestantes eram de fora, mas depois disse que 20 eram alunos de Emory e três eram membros do corpo docente. A polícia usou gás de pimenta e armas de choque elétrico para subjugar algumas das pessoas que foram presas. Fenves se desculpou mais tarde. Protestos continuaram no campus desde então, incluindo algumas prisões adicionais./AFP e AP

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