CIDADE DO VATICANO - O Vaticano informou nesta quarta-feira, 11, que abriu uma sindicância para averiguar o documento sigiloso da Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA) que foi revelado e explicou que o órgão não está sendo investigado pelas autoridades.
Em comunicado, a Santa Sé afirmou que são "parciais e imprecisas" as informações divulgadas pela imprensa nos últimos dias citando um documento da APSA, que apontaria que "uma atividade financeira ilegal foi instrumentalizada" dentro da instituição.
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De acordo com uma matéria da agência Ansa, os jornalistas Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi, autores dos livros Avarizia (Avareza) e Via Crucis, também estão sendo investigados pelo Vaticano a respeito dos documentos secretos que foram revelados. Ambos os livros revelam escândalos financeiros do país.
O objetivo é concluir as investigações até o dia 8 de dezembro, data do início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo papa Francisco, que tem sido informado constantemente a respeito do andamento do caso.
A nota diz que "a APSA colaborou com os órgãos competentes e que não está sob investigação, continuando a desenvolver sua própria atividade com respeito à legislação vigente".
O livro Avarizia conta como milhares de euros foram gastos em voos de classe executiva, roupas sob medida e móveis de luxo, além do vasto patrimônio do Vaticano, que teria posse de cerca de 5 mil apartamentos em Roma.
Via Crucis faz uma análise sobre as dificuldades enfrentadas pelo Papa para reformar a Santa Sé com base em documentos inéditos. A obra relata os duros ataques de Francisco contra os dirigentes que comandaram as finanças do Vaticano nos anos anteriores a sua chegada ao poder. “Os custos estão fora de controle” é uma das frases atribuídas ao pontífice.
Ambos os livros já estão entre os mais vendidos na Itália e mostram arquivos secretos da Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas da Santa Sé, criada por Francisco em 2013 - e já dissolvida - para monitorar as contas do país.
O Vaticano já havia comunicado na semana passada a abertura de uma investigação sobre as operações financeiras realizadas pelo italiano presidente do Banco Finnat, Giampietro Nattino, e que pediu a ajuda das autoridades suíças e italianas.
"O escritório do promotor de Justiça, em razão de um relatório da Autoridade de Informação Financeira, em fevereiro de 2015, começou uma investigação relativa às operações de compra e venda de títulos e transações realizadas pelo senhor Giampietro Nattino", comunicou a Santa Sé.
A confirmação da investigação ocorreu depois de uma agência internacional de notícias ter informado que Nattino enviou mais de 2 milhões de euros à Suíça antes de o Vaticano ter estabelecido normas para perseguir o dinheiro procedente de atividades ilegais.
A matéria tinha como base um documento confidencial, que indicava que o presidente do Banco Finnat poderia ter utilizado a APSA entre 2000 e 2011 para transferir dinheiro à Suíça.
A mesma agência e outros veículos de comunicação que retomaram a investigação explicaram que a informação foi obtida a partir de um relatório que aborda o período entre 2000 e 2011 da APSA.
Essa nova investigação se une a outra aberta após a revelação de documentos sigilosos de caráter financeiro pelos quais foram detidos o sacerdote espanhol Lúcio Ángel Vallejo Balda e a italiana Francesca Chaouqui. /EFE