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O lado livre da internet

Você sabe o que é hardware aberto?

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Por CCSL

por Luca Bastos e Claudia Melo*

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Imagine uma impressora em que estejam disponíveis, de forma livre e aberta, todos os diagramas dos circuitos eletrônicos e que eles possam ser modificados livremente. Alguém com conhecimento técnico pode saber exatamente o que cada componente faz e até substituir um deles por outro similar. Podemos ter o mesmo para diversos outros equipamentos e seus componentes, como placa mãe, as memórias, a placa de rede e outros dispositivos usados em um computador.

Se todo esse conhecimento for compartilhado como aconteceu com o movimento do software livre, mais gente poderá contribuir para que se alcance soluções de hardware mais evoluídas. A inovação poderá vir de qualquer parte do mundo. Embora tenha tido início depois do movimento pelo software livre, já há muito interesse e várias ações em andamento voltadas para adotar a abordagem aberta também ao hardware.

Assim como com o software livre, o hardware livre também traz vantagens econômicas. O Facebook iniciou, em abril de 2011, o Open Compute Project. O objetivo é fomentar o crescimento rápido de uma comunidade mundial de engenheiros, cuja missão é projetar e viabilizar a entrega de hardware para servidores mais eficientes para computação escalável. O Open Compute Project Foundation provê uma estrutura na qual indivíduos e organizações podem compartilhar conhecimento em projetos do tipo Open Compute. Iniciativas desse tipo permitiram ao Facebook economizar mais de 3 bilhões de dólares nos últimos 3 anos, além de propiciarem uma enorme economia de energia.

Já a Open Source Hardware Association é uma organização com o propósito de educar indivíduos e organizações sobre Open Source Hardware, organizar o movimento com valores e princípios, prover informações e orientações em boas práticas e padrões. Eles ainda encorajam o aprendizado colaborativo e a troca de conhecimento realizando eventos e conferências tais como o Open Hardware summit no MIT, promovendo o uso de Open Source Hardware e compilando e publicando dados do movimento.

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Há ainda a Open Cores, que se considera a maior comunidade do mundo para o desenvolvimento de projetos lógicos para uso em circuitos programáveis (como FPGAs) e o Open Source Hardware User Group, formado por entusiastas sediados em Londres. A P2P Foundation provê apoio a outras iniciativas, como a Open Hardware Foundation e a Open Design Foundation, mantendo fóruns, materiais diversos e links sobre temas relacionados.

No Brasil, o Garoa Hacker Clube em São Paulo, é um laboratório comunitário, aberto e colaborativo que propicia a troca de conhecimento através de uma infraestrutura para que entusiastas de tecnologia realizem projetos em diversas áreas tais como eletrônica, software, robótica, segurança etc.

Nós já temos no Brasil um fabricante de impressoras 3D operadas por software livre e baseadas em hardware aberto. É a Metamáquina. Os arquivos de projeto foram criados por uma comunidade mundial de indivíduos, instituições acadêmicas e empresas. Esses arquivos estão disponíveis para serem modificados e reproduzidos.

Um dos fatos que motivaram Richard Stallman a dar início ao movimento de software livre foi uma falha em uma impressora que ele não pôde corrigir por não ter acesso ao código fonte do seu driver. Hoje sabemos como esse movimento deflagrou uma onda sem precedentes de criatividade, com gente de todo o mundo encontrando meios democráticos, produtivos e criativos de trabalhar em conjunto. Agora o conceito chegou ao hardware e o que se espera é que a sinergia da comunidade mundial encontre soluções que possam beneficiar a todos, como já acontece com o software de código aberto.

Luca Bastos é Consultor da ThoughtWorks, Desenvolvedor do tempo da Carochinha, eterno aprendiz. Fazer com paixão, aprender e compartilhar sempre. Claudia Melo é Ph.D. em métodos ágeis pelo IME-USP, Diretora de Tecnologia da ThoughtWorks Brasil e ativista do grupo Knowledge Commons.

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