GPT-3: conheça a inteligência artificial capaz de escrever como um humano

Embora escorregue no bom senso em algumas ocasiões, sistema pode escrever e-mails, textos, livros e notícias

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Por Bruno Romani
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Para que humanos e máquinas possam conviver, é necessário que uma das partes entenda como a outra se comunica. Durante décadas, cientistas e programadores se dedicaram a criar, estudar e desenvolver linguagens que tornaram computadores em ferramentas indispensáveis para a humanidade. Agora, porém, chegou a hora de as máquinas nos entenderem.

Nos últimos anos, os geradores de linguagem natural (NLPs, na sigla em inglês) se tornaram um dos principais tipos de inteligência artificial (IA). Eles são capazes de gerar textos automaticamente com domínio do idioma próximo ao de um humano - às vezes superior. Atualmente, a principal IA do tipo é o GPT-3, desenvolvido pela OpenAI, empresa fundada por Elon Musk em 2015 (hoje, o bilionário não faz mais parte da companhia).

O modelo analisou textos de diferentes fontes, como blogs, livros, sites e artigos na Wikipédia. A partir dos escritos, identificou padrões e mapeou 175 bilhões de parâmetros – isto é, representações matemáticas que identificam um padrão ou estilo de escrita. O BERT, IA considerada revolucionária na geração de textos e uma espécie de “avô do GPT-3″, tem 340 milhões de parâmetros. Em outras palavras, o GPT-3 é um escritor habilidoso.

Em 2020, o GPT-3 escreveu para o Estadão uma resenha sobre o iPhone 11 Pro. Na época, a IA cravou: “Este iPhone, o 11 Pro, é notavelmente melhor que o iPhone anterior, ao menos para mim. Enquanto seus predecessores tendem a ser mais caros que a faixa de preço do iPhone atual, este é um iPhone um pouco mais barato”.

“Mesmo para um ser humano, aprender uma linguagem é uma tarefa extremamente complexa. Não era esperado que a viabilidade de um NPL como o GPT-3 fosse possível em tão pouco tempo. Ele consegue executar qualquer tarefa ligada à linguagem”, afirma Anderson Soares, coordenador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O GPT-3 consegue executar qualquer tarefa ligada à linguagem

Anderson Soares, coordenador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da UFG

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Isso significa que o GPT-3 pode escrever e-mails, textos, livros e notícias. A ferramenta pode ser usada para escrever petições jurídicas ou gerar receitas médicas. Ela pode se converter em chatbots poderosos, tradutores afiados e revisores de textos. Ou se tornar programadora de outros programas de computador, gerando código.

A OpenAI já explora comercialmente o GPT-3, permitindo que empresas e desenvolvedores criem soluções específicas a partir do modelo. Não apenas isso: o sistema da OpenAI começa a influenciar o desenvolvimento de NLPs poderosos para áreas específicas com “dialeto próprio”. Um deles é o Bloom, da startup americana HuggingFace, voltado para a produção de textos científicos.

As imagens abaixo foram geradas por IA, usando os modelos DALL-E 2, Midjourney e Stable Diffusion)

Imagens criadas pelas IAs (da esquerda para a direita) DALL-E 2, MidJourney e Stable Diffusion com comando: "Uma máquina de escrever com cérebro e braços" Foto: DALL-E 2 / MidJourney / Stable Diffusion / Estadão

Embora o material produzido pela GPT-3 ainda atropele a lógica e o bom senso em alguns momentos, é outro aspecto que pode tornar a ferramenta em uma promessa vazia. A IA precisará se adaptar às condições do mundo real - afinal, nem todo mundo tem a capacidade computacional da OpenAI.

“Atualmente, o GPT-3 demora cerca de 10 segundos para produzir uma resposta em uma máquina potente. Isso não é aceitável em um chatbot”, diz Soares. “As variáveis operacionais dentro da indústria ainda precisam evoluir”, diz.

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