Conheça o SVB, ‘banco das startups’ que ficou quase 40 anos em atividade antes de quebrar

Entre os serviços, o banco emprestava dinheiro para startups recém-nascidas visando o sucesso futuro do negócio

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

O mercado de startups no mundo inteiro foi surpreendido nesta quinta-feira, 9, após o Silicon Valley Bank (SVB) anunciar a perda de quase US$ 2 bilhões em ativos, que levou empresas a uma corrida para o saque do dinheiro na reserva bancária. Com quase 40 anos no mercado e 16º maior banco dos EUA, o “banco das startups” foi fechado nesta sexta-feira, 10, pelo governo americano, deixando o posto de principal instituição do setor no Vale do Silício, principal região de tecnologia nos EUA.

PUBLICIDADE

De acordo com o site americano Axios, esta é a maior falência bancária desde a crise do Washington Mutual, em 2008 — a instituição era considerada o maior órgão de poupança e crédito dos Estados Unidos.

Agora renomeado Deposit Insurance National Bank of Santa Clara (DINB), o SVB deve retomar as atividades na segunda-feira, 13, mas em um novo capítulo do cenário econômico. É quando os investidores que ainda possuem negócios com o SVB poderão reaver seus ativos: segundo o Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC), instituição que visa a garantir os depósitos bancários dos EUA, todas as transferências devem ser realizadas até segunda manhã.

‘Startupeiro’

O banco foi fundado em 1983 pelos empresários Roger Smith e Bob Medearis para ser a principal porta de entrada para os investimentos feitos em empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Dentro do Vale do Silício, a instituição buscava fazer relacionamentos longos com companhias que ainda não tinham receita estabelecida, além de atuar na consultoria de pequenos negócios do setor.

O SVB funcionava como uma espécie de “fonte de recursos” para negócios considerados de alto risco por instituições financeiras tradicionais. Para as startups, os serviços incluíam empréstimo, investimento, e consultoria.

Isso porque a aposta do banco era no crescimento das startups com as quais trabalhava: com uma linha de crédito principalmente para startups recém nascidas, o negócio se baseava no retorno do empréstimo a longo prazo, quando as investidas já estivessem em fase de crescimento e receita positiva.

Foi esse serviço que atraiu gestoras de investimento do mundo todo para fazer negócios com o banco, como Coatue Management, Union Square Ventures, Founder Collective e Canaan.

Publicidade

Sendo o 16º maior banco dos EUA, o SVB possuía US$ 210 bilhões em ativos e atuava como um importante canal financeiro para empresas apoiadas por capital de risco, que foram duramente atingidas nos últimos 18 meses quando o Federal Reserve elevou as taxas de juros e tornou os ativos de tecnologia mais arriscados e menos atraentes para os investidores.

Nos últimos meses, as startups estavam sendo aconselhadas a retirar, pelo menos, um valor equivalente a dois meses de queima de caixa do Silicon Valley Bank para cobrir suas despesas. A manobra foi somada à perda de cerca de US$ 1,8 bilhão que a instituição financeira revelou nesta semana.

Com a crise instalada na instituição, startups entraram em uma corrida para retirar o dinheiro do SVB. Só entre as brasileiras, o valor de saída do banco pode ter ultrapassado os US$ 100 milhões entre a quinta, 9, e a sexta, 10, segundo Bernardo Brites, fundador da Trace Finance, startup cuja plataforma permite outras startups a movimentar recursos nos EUA.

Ainda nesta quinta, o SVB anunciou que ia vender parte das ações e que a investidora General Atlantic, por exemplo, já havia se interessado em ficar com parte dos ativos — US$ 500 milhões seria a cota da “partilha” no mercado. O negócio, porém, não se concretizou.

Agora, sob o comando da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), o SVB fecha, oficialmente, as portas da operação nos Estados Unidos, Canadá, China, Israel e Reino Unido. Os ativos do banco serão transferidos para outra instituições e os recursos só poderão ser acessados na próxima segunda-feira./COM AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.