Instagram finalmente explica como funcionam seus algoritmos

Empresa realizará uma série de postagens para explicar como entrega e prioriza os conteúdos na plataforma

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Por Ícaro Malta
O Instagram explicou que usa uma variedade dealgoritmos na plataforma Foto: Thomas White/Reuters

Frente a críticas de que o Instagram desfavorece o alcance de determinadas publicações, a rede social decidiu abrir o jogo e explicar como entrega e prioriza os conteúdos criados pelos usuários. Em postagem realizada nesta terça-feira, 8, no blog do Instagram, o diretor da rede social, Adam Mosseri, deu alguns detalhes de como funcionam os algoritmos da plataforma, que organizam o que aparece com destaque no seu app. 

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Uma das primeiras explicações de Mosseri foi de que o Instagram não usa apenas um algoritmo que rege toda a experiência do usuário. “O Instagram não tem um algoritmo que supervisiona o que as pessoas fazem e veem no aplicativo. Usamos uma variedade de algoritmos, classificadores e processos, cada um com sua própria finalidade”, disse o executivo. 

Além disso, a postagem justifica por que o Instagram usa algoritmos – quando a rede social foi lançada em 2010, o aplicativo mostrava todo o conteúdo produzido de forma cronológica. Segundo Mosseri, conforme a adesão aumentou, tornou-se “impossível para a maioria das pessoas ver tudo”. Em 2016, os usuários perdiam cerca de 70% de tudo que era postado, inclusive quase metade das postagens de pessoas mais próximas, de acordo com a rede social. 

A solução, então, foi organizar um Feed personalizado, de acordo com interesse do usuário, ou no que o Instagram acredita que ele seja. Além disso, dividir esse interesse nas diferentes áreas do Instagram: Feed, Explorar e Reels.

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Organização de Feed e Stories

A postagem afirma que o Instagram entende o Feed e os Stories como lugares onde as pessoas desejam ver o conteúdo de seus amigos, familiares e daqueles de quem são mais próximos”. Mas como a rede social descobre quem é mais próximo?

Para fazer essa classificação, o Instagram criou uma série de etapas, onde eles identificam o que chamam de “sinais”. Esses sinais abrangem diferentes dados: “desde a hora em que uma postagem foi compartilhada, se você está usando um telefone ou a web, até a frequência com que gosta de vídeos”.

O chefe da plataforma classificou os sinais da seguinte maneira, com uma “certa ordem de importância”:

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Informações sobre a postagem: esses são sinais sobre a popularidade de uma postagem (como quantidade de likes) e informações mais comuns sobre o conteúdo em si: quando foi postado, quanto tempo dura se for um vídeo e qual local, se houver, foi atribuído a ele. Informações sobre a pessoa que postou: dá uma noção de quão interessante um usuário pode ser para você e inclui sinais como quantas vezes vocês interagiram nas últimas semanas.

Atividade: indica aquilo que você pode estar interessado e inclui sinais como quantas postagens você curtiu. 

Histórico de interação: mede como você geralmente está interessado em ver as postagens de uma pessoa em particular. Um exemplo é se vocês comentam ou não as postagens um do outro.

Usando esses parâmetros, o Instagram faz uma série de previsões com base na probabilidade do usuário de interagir com uma postagem. Em resumo: o Instagram mostra o que acredita que você vai gostar e que pode ter ações sobre o conteúdo. 

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Mosseri explica que no Feed “as cinco interações que examinamos mais de perto são a probabilidade de você passar alguns segundos em uma postagem, comentar, curtir, salvar e tocar na foto do perfil. Quanto maior a probabilidade de você realizar uma ação, e quanto mais colocamos peso nesta ação, mais alto você verá a postagem”. 

Explorar

A dinâmica na aba de pesquisa do Instagram é bastante diferente das outras. Segundo a rede social, o objetivo deste espaço é ajudá-lo a descobrir coisas novas. A postagem esclarece que o Explorar é uma grade de recomendações: é um conjunto de “fotos e vídeos que saímos e encontramos para você - o que é bastante diferente de Feed e Stories, em que a grande maioria do que você vê vem das contas que você segue”.

Primeiro, o serviço analisa as postagens com as quais o usuário mais interage (o que você curtiu, salvou e comentou no passado). A partir daí, a plataforma analisa o que outros usuários que têm gostos parecidos com o seu também gostam. 

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O exemplo dado pelo Instagram se baseia nas famosas postagens sobre comida. “Isso significa que se você estiver interessado em bolinhos chineses, poderá ver postagens sobre tópicos relacionados, como gyoza e dim sum, sem que necessariamente entendamos do que trata cada postagem”.

Reels

Um dos recursos mais recentes do Instagram, os vídeos curtos Reels, ganharam destaque na plataforma nos últimos meses. Segundo a rede social, a ideia principal do Reels é o entretenimento: “realizamos pesquisas e perguntamos se as pessoas acham um vídeo específico divertido ou engraçado, e aprendemos com o feedback para melhorar em descobrir o que vai entreter as pessoas, de olho nos criadores menores”, explica Mosseri.

A postagem fala ainda que as previsões mais importantes se baseiam na probabilidade do usuário assistir o Reels até o fim, achar aquele vídeo divertido ou engraçado, e se inspirar nele para criar conteúdo.

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O que não aparece nas abas de Reels e Explorar seguem as mesmas diretrizes. A plataforma evita exibir conteúdo que considera perturbador ou delicado. O texto destaca questões políticas: “também evitamos recomendar Reels por outros motivos (...) que se concentram em questões políticas ou que são feitas por figuras políticas, partidos ou funcionários do governo”.

Silenciamento no Instagram

O Instagram também tentou explicar como aborda as pessoas que acusam o serviço de silenciar, ou praticar o shadow banning (prática de bloquear parcialmente um usuário ou o seu conteúdo). O texto admite que o Instagram não é muito claro em explicar o que leva uma postagem a ser removida, ou o que é recomendável ou não, o que gera múltiplas interpretações.

A plataforma se comprometeu a deixar as coisas mais claras daqui para frente: “estamos desenvolvendo notificações no aplicativo para que as pessoas saibam na hora por que, por exemplo, sua postagem foi removida, e explorando maneiras de informar às pessoas quando o que postam vai contra nossas diretrizes de recomendações”. Além disso, o Instagram afirma que se aprofundará neste assunto em próximas postagens. Aqui faltou falar mais. 

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Eu posso influenciar o que eu vejo no Instagram?

A postagem diz que sim: o modo como você usa o Instagram influencia fortemente as coisas que você vê e não vê na rede social. A empresa também deu dicas de como influenciar o aplicativo a mostrar certos conteúdos.

Escolha seus amigos mais próximos: você pode selecionar seus melhores amigos para os Stories. O recurso foi criado para permitir que você compartilhe conteúdo apenas com as pessoas mais próximas a você, mas também faz com que a plataforma priorize esses amigos no Feed e nos Stories.

Silencie as pessoas nas quais você não está interessado: Você pode desativar as postagens de uma conta se quiser parar de ver o que ela compartilha, mas hesita em deixar de segui-la totalmente. As pessoas silenciadas não saberão que você as desativou.

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Marque postagens recomendadas como “não tenho interesse”: Sempre que vir uma recomendação, seja no Explorar ou no Feed, você pode indicar que “não está interessado” naquela postagem.

Por fim o Mosseri que a plataforma precisa “continuar a aprimorar a tecnologia de classificação e, é claro, cometer menos erros”, o que interfere na experiência de cada usuário com o aplicativo. 

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