O Starship, maior foguete já construído pela SpaceX de Elon Musk, realizou seu sétimo teste nesta quinta-feira, 16, saindo da base de lançamento da empresa no Texas, EUA, mas sem sucesso. Com 5 mil toneladas, o foguete partiu às 19h37, horário de Brasília, das instalações da companhia em Boca Chica, no Texas, e não conseguiu completar a sua trajetória, perdendo contato com a Terra cerca de 8 minutos após seu lançamento. A empresa ainda não afirmou o motivo da falha do voo do Starship após a separação do foguete e do propulsor. A SpaceX também ainda não informou se houve pouso ou explosão do foguete até o momento.
“O Starship sofreu uma rápida desmontagem não programada durante sua queima de subida. As equipes continuarão a analisar os dados do teste de voo de hoje para entender melhor a causa raiz. Em um teste como esse, o sucesso vem do que aprendemos, e o voo de hoje nos ajudará a aumentar a confiabilidade do Starship”, afirmou a empresa pelo X.
Apesar da falha no voo, a empresa conseguiu repetir um feito do quinto lançamento, que aconteceu em outubro de 2024, e recuperou o Super Heavy, propulsor do foguete, direto na base de lançamento. O voo é parte dos esforços de Musk para produzir um foguete com capacidade de chegar à Lua e não foi tripulado.
No voo, o propulsor se separou do Starship às 19h39, com pouco menos de 3 minutos de voo. O Super Heavy foi recapturado às 19h43, cerca de 7 minutos após o lançamento, pela própria torre de lançamento, com duas estruturas que simulam uma espécie de braço para segurar o propulsor, chamada Mechazilla.
No último voo, a empresa não conseguiu recuperar o propulsor do foguete, que caiu no mar. Essa foi, então, a terceira tentativa da manobra que envolve a plataforma de lançamento na recuperação do equipamento - a segunda com sucesso.
O foguete, porém, não conseguiu completar seu voo. Cerca de 8 minutos após o lançamento, ao mesmo tempo em que o booster completava sua volta à Terra, o foguete perdeu o contato com a torre de comando da SpaceX.

Essa também é mais uma tentativa de tentar fazer o processo completo no trajeto do foguete: viagem completa em órbita, descida do foguete no Oceano Índico e recuperação do booster na base de Boca Chica.
Além disso, o voo desta quinta-feira vai fazer uma série de testes com as capacidades do foguete, como a inclusão de uma carga útil pela primeira vez na nave. Outro teste será a implantação de 10 simuladores de satélites da Starlink, braço de fornecimento de internet da SpaceX. A ideia é entender como a nave pode carregar esse tipo de equipamento e fazer com que a implantação desses satélites no espaço possa seguir a mesma trajetória suborbital da Starship.

No foguete, algumas modificações também poderão ser observadas neste sétimo voo. Flaps dianteiros do veículo foram reduzidos e agora estão mais na ponta do veículo - isso reduz a exposição ao aquecimento durante a reentrada do foguete na atmosfera. Neste teste, a nave também vai carregar cerca de 25% a mais de propelente, além de um módulo específico de propulsão que, segundo a empresa, pode melhorar o desempenho e ajudar a criar missões mais longas.
Histórico
Em seu primeiro teste, o foguete decolou em abril do ano passado, mas explodiu quatro minutos depois do lançamento, a 39 quilômetros de altitude, por vazamento do propelente na parte traseira do propulsor Super Heavy, o que eventualmente cortou a conexão com o computador de voo principal do veículo. Segundo a Space X, isso levou a uma perda de comunicações com a maioria dos motores do propulsor e, finalmente, do controle do veículo.
À época, a explosão trouxe danos à região texana, fazendo “chover sujeira” em uma cidade próxima à decolagem, a 10 km do lançamento. O incidente chegou também a provocar um incêndio florestal, gerando uma investigação ambiental nos EUA.
Para voar novamente, a Space X teve de cumprir com 63 exigências feitas pela administração federal de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) após a explosão. As mudanças incluíam uma relacionada ao processo de separação das naves, no qual o segundo estágio, a própria nave Starship, liga seus motores durante o mesmo processo de separação, e não depois, visando a obter mais potência.
Se tudo ocorresse como o planejado, o voo do Starship duraria 90 minutos, atingindo a órbita da Terra e dando uma volta quase completa ao redor do planeta.

A quarta tentativa foi a primeira com 100% de sucesso em todas as etapas de voo, desde o trajeto até a recuperação do booster e o pouso da nave. A decolagem foi realizada apesar de um dos 33 motores do lançador ter falhado na subida. As temperaturas não passaram dos limites fatais e a descida, auxiliada pela atmosfera (o que desacelera o foguete), foi estável. Com isso, o Starship é o maior foguete da história a realizar integralmente um voo fora do planeta.
Já o quinto voo foi o primeiro a ter a recuperação do propulsor do foguete na Starbase. No teste, realizado em outubro, o Heavy Booster foi recapturado cerca de 7 minutos após o lançamento, pela própria torre de lançamento, com duas estruturas que simulam uma espécie de braço para segurar o propulsor, chamada Mechazilla. O Starship fez seu pouso no Oceano Índico 1 hora e 5 minutos após deixar a base de lançamento no Texas.
Conheça o foguete Starship
O Starship é o foguete reutilizável mais potente desenvolvido pela Space X. O objetivo é levar a Humanidade à Lua e, depois, à Marte, cuja viagem deve durar US$ 10 milhões e US$ 60 milhões. A companhia diz que o foguete pode ser utilizado para transporte de até 150 toneladas de carga na Terra, com viagens de até uma hora e meia para qualquer parte do mundo.

“A Starship poderá transportar até 100 pessoas em voos interplanetários de longa duração”, diz em seu site a Space X sobre a espaçonave. “A Starship também ajudará a possibilitar a entrega de satélites, o desenvolvimento de uma base lunar e um transporte ponto a ponto aqui na Terra.”
O Starship é apelidado de “foguetão” porque é muito maior que o antecessor da Space X, o Falcon 9, de 70 metros. O irmão mais recente, no caso, mede 120 metros de altura, tem 9 metros de diâmetro e pesa 1,3 mil toneladas.

A espaçonave traz o propulsor Super Heavy (de 69 metros de altura), responsável por levar o Starship até a órbita da Terra em cerca de 170 segundos. O lançador traz 33 motores Raptor, com empuxo de 72 meganewtons (o dobro do motor da Falcon 9, o Merlin). Assim como a nave principal, o lançador pode ser reutilizado para novos voos.
Já a nave Starship tem altura de 50 metros, é equipada com três motores Raptor e mais três motores Raptor Vacuum, modelo com escape maior para maximizar a eficiência no espaço. O veículo traz também um tanque de metano líquido e outro tanque de oxigênio líquido para combustão.